São Paulo, 19 de dezembro de 2025 – Os trabalhadores do Sistema Petrobras completam, nesta sexta-feira (19) o quinto dia de greve nacional, com paralisações, atrasos na troca de turno e adesão em unidades operacionais de todas as regiões do país, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP).
A entidade informa que a empresa segue sem negociar com os sindicatos os efetivos das equipes de contingência, responsáveis por manter a segurança mínima das unidades durante o movimento.
De acordo com a FUP, o impasse se agravou após o registro de um vazamento de gás na plataforma P-40, na Bacia de Campos, unidade que estava sob controle de equipes de contingência. Em razão da gravidade do ocorrido, a plataforma entrou em shutdown (paralisação total da operação), impactando também outras unidades da região. O vazamento foi sanado. As operações continuam interrompidas, para que sejam feitas as intervenções técnicas na infraestrutura da plataforma e, então, restaurar a integridade operacional.
Para os sindicatos ligados à FUP, o episódio expõe riscos decorrentes da definição unilateral das contingências pela empresa, um dos principais pontos de conflito desde o início da greve. As entidades alertam que há denúncias de jornadas excessivas, retenção de trabalhadores a bordo, assédio e uso de profissionais fora de suas funções habituais, o que comprometeria a segurança operacional.
A ocorrência transforma um conflito trabalhista em um problema concreto de segurança, com impactos na produção, no meio ambiente e na integridade dos trabalhadores, avalia Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP. A entidade cobra abertura imediata de negociação para que os efetivos mínimos sejam definidos com participação dos sindicatos.
A FUP afirma que a P-40 produziu este ano uma média de 18.328 barris de petróleo por dia e 351 milhões de m3 de gás natural. No acumulado, 20.537 barris de óleo equivalente (petróleo e gás natural) por dia.
Em nota, a Petrobras confirmou a interrupção da produção por atuação do sistema de proteção da plataforma P-40, localizada no campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos. “O sistema detectou um vazamento de gás que foi imediatamente controlado de forma segura pela equipe a bordo da plataforma. Como medida preventiva, todas as linhas foram despressurizadas e a produção da unidade foi temporariamente paralisada. Não houve ameaça à segurança das equipes a bordo e o incidente não tem relação com o movimento de paralisação de trabalhadores da Petrobras”, comentou a empresa.
A Petrobras acrescentou que a produção das demais plataformas da Bacia de Campos seguiu normalmente. “A Petrobras está notificando todos os órgãos reguladores competentes sobre o ocorrido e constituirá uma comissão especial para investigar minuciosamente as causas do vazamento”, acrescentou.
Greve
A federação reforça que a greve segue com o objetivo de garantir direitos, discutir o fim dos equacionamentos da Petros e defender uma Petrobrás forte e segura, e afirma permanecer aberta ao diálogo.
Até o momento, a paralisação atinge 9 refinarias, 28 plataformas offshore, 16 terminais operacionais, 4 termelétricas, 2 usinas de biodiesel, 10 instalações terrestres operacionais (onshore), 2 bases administrativas e 3 unidades de SMS, configurando um movimento de alcance nacional.
“A gente vive um momento extremamente tenso. Há plataformas operando sem a composição adequada de equipes, com profissionais exercendo funções críticas sem a experiência e habitualidade necessária, inclusive em áreas sensíveis como a de SMS (saúde, meio ambiente e segurança). Isso torna uma situação que já era difícil ainda mais preocupante, alerta o diretor de Saúde e Segurança do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira, reforçando que o sindicato está acompanhando de perto a ocorrência na P-40 e cobrando esclarecimentos da Petrobrás sobre as causas do vazamento.
A FUP informou o seguinte quadro da greve nesta sexta (19) em suas bases:
Amazonas
Terminal Aquaviário de Coari 100% de adesão dos trabalhadores da operação, da manutenção e do SMS. Unidade sob controle da equipe de contingência
Ceará
Refinaria de Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor) sem troca de turno Termoceará sem troca de turno Terminal de Mucuripe trabalhadores aderiram à greve
Rio Grande do Norte
Usina Termelétrica do Vale do Açu (Alto do Rodrigues/RN) trabalhadores aderiram à greve EDIRN adesão de 90% dos trabalhadores da sede administrativa da Petrobrás em Natal SMS médicos aderiram à greve
Pernambuco
Refinaria Abreu e Lima trabalhadores aderiram à greve e cortaram a rendição do turno às 07h Terminal de Suape trabalhadores aderiram à greve e cortaram a rendição do turno às 07h
Bahia
Campos de produção terrestre adesão dos trabalhadores das bases de Fazenda Bálsamo (Esplanada), de Santiago (Catu), de Taquipe (São Sebastião do Passé), de Buracica (Alagoinhas) e de Araçás Usina de Biodisel de Candeias (PBio) trabalhadores aderiram à greve Estação de Gás Vandemir Ferreira (EVF) trabalhadores aderiram à greve Estação de Transferência Parque São Sebastião trabalhadores aderiram à greve
Espírito Santo
Plataformas P-58 e P-57 trabalhadores desembarcaram, após entregarem a produção às equipes de contingência SMS médicos e dentistas aderiram à greve Unidades de Manutenção das plataformas (UMGR e UMVT ) fiscais aderiram à greve Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC) adesão á greve
Minas Gerais
Refinaria Gabriel Passos (Regap) sem troca de turno Termelétrica de Ibirité (UTE-Ibirité) sem troca de turno Usina de Biodisel Darcy Ribeiro (PBio/Montes Claros) – controle de rendição pelo Sindicato, com redução de atividades e de carga processada
Duque de Caxias (RJ)
Refinaria Duque de Caxias (Reduc) sem troca de turno Termelétrica TermoRio sem troca de turno Terminal de Campos Elíseos (Tecam) sem troca de turno
Norte Fluminense (RJ)
Plataformas 100% de adesão dos trabalhadores de 26 unidades da Bacia de Campos aderiram à greve e solicitaram desembarque: PGP-1, PRA-1, PNA-1, PNA-2, P-09, P-18, P-19, P-20, P-25, P-26, P-31, P-33, P-35, P-37, P-38, P-40, P-43, P-47, P-48, P-51, P-52, P-53, P-54, P-55, P-56 e P-62 Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB/Macaé) trabalhadores de turno aderiram à greve e estão em regime de sobreaviso Parque de Tubos e Imbetiba adesões parciais de trabalhadores do regime administrativo
São Paulo
Refinaria de Paulínia (Replan/Campinas) sem troca de turno Transpetro Paulínia adesão à greve e regime de Poliduto operando com contingência Estação de Compressão de Gás Natural de Paulínia (TBG) sem entrada de grupo de contingência, a unidade está parada Refinaria de Capuava (Recap/Mauá) sem troca de turno Refinaria Henrique Lages (Revap/São José dos Campos) sem troca de turno Transpetro São José dos Campos adesão à greve Terminal de São Caetano do Sul corte na rendição do turno e adesão total do adm Terminal de Barueri corte na rendição do turno e adesão total do adm
Paraná
Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar/Araucária) sem troca de turno Terminal da Transpetro de Paranaguá (Tepar) sem troca de turno Nesix trabalhadores do núcleo de pesquisa da Petrobrás realizam atrasos na troca de turno e no administrativo Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR) atrasos nas trocas de turno Estação de Compressão de Gás Natural de Araucária (TBG)- adesão à greve
Santa Catarina
Terminal de São Francisco do Sul trabalhadores aderiram à greve Terminal de Biguaçu trabalhadores aderiram à greve Terminal de Itajaí trabalhadores aderiram à greve Terminal de Guaramirim trabalhadores aderiram à greve
Rio Grande do Sul
Refinaria Alberto Pasqualini (Refap/Canoas) sem troca de turno Terminal do Rio Grande (Terig) trabalhadores aderiram à greve Terminal Niterói (Tenit) trabalhadores aderiram à greve Terminal de Osório (Tedut) trabalhadores aderiram à greve.
As informações partem da FUP.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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