O Banco da Inglaterra (BoE) cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual (pp), para 3,75%, em decisão apertada. Foram cinco votos pela redução da taxa, e quatro pela manutenção. Segundo a nota divulgada pelo banco, a inflação ao consumidor (CPI, da sigla em inglês) no Reino Unido continuou a desacelerar, com o CPI em 12 meses recuando para 3,2% em novembro. O índice veio abaixo do previsto anteriormente, puxado sobretudo por preços de alimentos mais fracos.
Já a inflação de serviços também caiu, acompanhando a moderação do crescimento dos salários. Mas choques pontuais ainda pressionam o CPI, como aumentos de contribuições previdenciárias patronais e reajustes administrados. Dessa forma, os membros do Comitê acreditam que as tendências de alta do CPI sejam menores hoje do que foram na reunião passada.
Além disso, eles esperam que a inflação volte a subir temporariamente em dezembro, mas recue novamente no início de 2026. Dessa forma, ela deve se aproximar de 2% no segundo trimestre, ajudada por medidas orçamentárias e pela queda esperada nos preços de energia.
Mercado de trabalho e PIB
O banco também destacou os riscos para baixo no mercado de trabalho. “O mercado de trabalho mostrou sinais adicionais de afrouxamento, com o desemprego subindo para 5,1% e crescimento do emprego permanecendo fraco, especialmente no setor privado”. Os membros do banco apontam que o crescimento salarial tem sido menor, mas os salários ainda devem se manter ‘relativamente elevados’ em 2026.
O BoE aponta que a atividade econômica perdeu fôlego, com o PIB crescendo apenas 0,1% no terceiro trimestre e expectativa de crescimento zero no quarto trimestre de 2025. Essa perspectiva se dá, para o banco, por conta de pesquisas empresariais (como os PMIs) seguindo com indicadores mais fracos, apesar de leve melhora recente, e o crédito continua crescendo de forma moderada, mesmo com condições financeiras um pouco mais favoráveis.
O Orçamento de Outono do Reino Unido, anunciado em novembro pela ministra das Finanças, Rachel Reeves, incluiu aumentos de gastos no curto prazo, compensados por elevações de impostos no médio prazo. Isso, no curto prazo, deve reduzir a inflação em cerca de 0,5 ponto percentual em abril de 2026, mas, mais adiante, “o efeito líquido tende a pressionar levemente a inflação e ampliar o hiato do produto”, acrescenta o comunicado do BoE.
