O mercado internacional de soja segue de olho em dois pontos: o ritmo das vendas de soja americana para a China e o desenvolvimento das lavouras na América do Sul. E os dois fatores adicionaram pressão baixista sobre as cotações internacionais ao longo da semana. Como resultado, o mercado doméstico permaneceu travado, com os produtores retraídos, priorizando as lavouras e aguardando por preços melhores.
Foram registradas compras chinesas nos Estados Unidos nos últimos dias, mas os analistas se mantêm céticos sobre o cumprimento do acordo fechado entre Pequim e Washington no final de outubro. A expectativa era que a retomada das compras envolvesse 12 milhões de toneladas até o final do ano. Este prazo foi adiado para fevereiro e há dúvidas se o volume a ser comercializado seja alcançado.
O relatório de dezembro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, divulgado na terça, frustrou o mercado. O Departamento manteve o quadro para os Estados Unidos inalterado. A expectativa girava em torno da previsão para as exportaçõees. O USDA foi omisso: não sinalizou nem para a retomada das negociações e tampouco admitiu que o ritmo está lento.
O USDA indicou que a safra norte americana de soja deverá ficar em 4,253 bilhões de bushels em 2025/26, o equivalente a 115,74 milhões de toneladas. A produtividade foi indicada em 53 bushels por acre. Não houve alterações sobre as estimativas de novembro.
Os estoques finais estão projetados em 290 milhões de bushels ou 7,89 milhões de toneladas, também repetindo a estimativa de novembro. O mercado apostava em carryover de 309 milhões de bushels ou 8,41 milhões de toneladas. O USDA está trabalhando com esmagamento de 2,555 bilhões de bushels e exportações de 1,635 bilhão. Também não houve alterações na comparação com o relatório anterior.
Para a temporada 2024/25, o USDA indicou estoques de passagem de 316 milhões de bushels. As exportações estão projetadas em 1,882 bilhão e o esmagamento em 2,445 bilhões de bushels.
O USDA projetou safra mundial em 2025/26 em 422,54 milhões de toneladas. Para 2024/25, a previsão é de 427,15 milhões de toneladas. Os estoques finais para 2025/26 estão estimados em 122,37 milhões de toneladas, abaixo da previsão do mercado de 122,8 milhões de toneladas. Os estoques da temporada 2024/25 estão estimados em 123,24 milhões de toneladas, contra expectativa de 123,4 milhões de toneladas.
O USDA indicou safra brasileira em 2025/26 em 175 milhões de toneladas. Para 2024/25, a estimativa foi mantida em 171,5 de toneladas. A produção da Argentina em 2025/26 está prevista em 48,5 milhões de toneladas. Para 2024/25, o número permaneceu em 51,11 milhões.
As importações da China estão estimadas em 112 milhões de toneladas em 2025/26 e em 108 milhões de toneladas em 2024/25. No relatório anterior, os números eram de 112 milhões e 108 milhões, respectivamente.
Safra brasileira
Enquanto isso, as safras do Brasil e da Argentina evoluem bem, sinalizando uma ampla oferta global.
A produção brasileira de soja deverá totalizar 177,124 milhões de toneladas na temporada 2025/26, com aumento de 3,3% na comparação com a temporada anterior, quando foram colhidas 171,48 milhões de toneladas. A projeção faz parte do 3º levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na estimativa anterior, a previsão estava em 177,602 milhões de toneladas.
A Conab indica área de 48,94 milhões de hectares, com elevação de 3,4% sobre o ano anterior, quando foram cultivados 47,35 milhões de hectares. A produtividade está estimada em 3.620 quilos por hectare. Em 2024/25, o rendimento ficou em 3.622 quilos por hectare, o que representa uma retração de 0,1%.
“Na primeira quinzena de novembro, as precipitações na Região Sul permitiram um grande avanço na área plantada, enquanto nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, além de Minas Gerais, a inconstância das chuvas atrasou os trabalhos de campo”, apontou a Conab. “Já a partir da segunda quinzena do mês passado, as precipitações se normalizaram nessas regiões, permitindo um avanço na área semeada”, completou.
Dylan Della Pasqua / Safras News
Copyright 2025 – Grupo CMA





