São Paulo, 5 de dezembro de 2025 – As primeiras entregas de combustível sustentável de aviação (SAF) foram anunciadas pela Petrobras, na sexta-feira (05/12), no Rio de Janeiro. A empresa é a primeira a produzir, integralmente no Brasil, o combustível que recebe a certificação de sustentabilidade de acordo com as regras da ICAO (International Civil Aviation Organization). O volume de 3 mil m3 foi comercializado com distribuidoras de combustíveis de aviação que operam no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão RJ). Esse volume corresponde a cerca de um dia de consumo nos aeroportos do estado do Rio de Janeiro.
O combustível sustentável de aviação, também conhecido como SAF (Sustainable Aviation Fuel), pode substituir o querosene de aviação convencional sem necessidade de modificações nas aeronaves ou na infraestrutura de abastecimento. Isso o torna uma solução prática e rápida para reduzir as emissões do setor aéreo.
O SAF, produzido por coprocessamento no parque de refino da Petrobras, é uma solução que contribui para o cumprimento das metas de descarbonização do setor aéreo. É um produto competitivo, que atende a rigorosos padrões internacionais da aviação. Estamos oferecendo ao mercado nacional a possibilidade de atender às demandas globais, antecipando o cumprimento do CORSIA, que é um programa internacional para a redução das emissões provenientes dos voos internacionais, afirma a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
A antecipação da produção de SAF em relação à legislação vigente é fundamental para o mercado de aviação, considerando as futuras exigências do setor. A partir de 2027, as companhias aéreas no Brasil deverão começar a usar esse tipo de combustível em voos internacionais, seguindo as regras do programa CORSIA (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation) da ICAO; e em voos domésticos, com base na Lei do Combustível do Futuro.
Uma nova geração de combustíveis para o setor aéreo
O SAF Petrobras tem certificado de sustentabilidade ISCC-CORSIA (International Sustainability Carbon & Certification Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation). É um combustível com menor intensidade de carbono porque utiliza um percentual de matéria-prima de origem vegetal, que é processada junto com o querosene de aviação mineral.
No momento, a Petrobras está certificada para o uso de óleo técnico de milho (TCO), uma matéria-prima residual, ou óleo de soja, com uma redução prevista nas emissões líquidas de CO2 de até 87% na parcela renovável. O produto obtido é quimicamente idêntico ao combustível mineral, mas com uma parcela derivada de matéria-prima sustentável.
O combustível das primeiras entregas foi produzido na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, certificada para produzir e comercializar SAF. A Reduc possui autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para incorporar até 1,2% de matéria-prima renovável na produção de SAF por essa rota.
A Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP), já realizou testes para a produção de SAF pela rota de coprocessamento de óleo vegetal com correntes tradicionais de petróleo. A previsão é que, ainda em 2026, a Refinaria de Paulínia (Replan), no estado de São Paulo, e a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, também passem a produzir e comercializar o combustível.
Refap registra recorde histórico na produção de diesel S-10 em novembro
Também nesta sexta-feira (5), a Petrobras informou que a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas (RS), encerrou novembro com recorde histórico na produção mensal de diesel S-10. Foram 274,8 milhões de litros, volume 7% superior ao recorde anterior, de 257 milhões de litros, registrado em agosto de 2023.
A carga produzida no mês seria suficiente para abastecer cerca de 920 mil ônibus urbanos, considerando um tanque médio de 300 litros. As vendas do derivado também seguem em alta, somando 277,2 milhões de litros em novembro, disse a companhia.
Segundo o gerente geral da Refap, Marcus Aurelius Valenti, o resultado reflete a crescente demanda pelo diesel S-10 e a ampliação da oferta de combustíveis mais limpos no país. A Petrobras vem atuando para elevar a produção de diesel S-10, com novos projetos e maior eficiência no uso dos ativos. Trabalhamos sempre de forma segura e competitiva, atendendo às necessidades do mercado e aos requisitos de qualidade dos derivados, afirma.
O diesel S-10, com teor máximo de 10 partes por milhão de enxofre, é um dos produtos estratégicos da companhia, desenvolvido para motores fabricados a partir de 2012. O combustível atende às normas do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), órgão federal responsável por definir padrões e limites ambientais, como a redução de emissões de poluentes. Isso contribui para a melhoria da qualidade do ar e a diminuição do impacto ambiental do combustível.
A Refap tem capacidade de processamento de 35 milhões de litros de petróleo por dia e produz, além do diesel S-10 e S-500, gasolina, QAV-1 (JET), nafta petroquímica, GLP (gás de cozinha), propeno, cimento asfáltico de petróleo (asfalto) e óleo combustível.
Mais investimentos em refino
O novo Plano de Negócios da Petrobras prevê US$ 15,8 bilhões em investimentos no segmento de Refino, Transporte, Comercialização, Petroquímica e Fertilizantes (RTC) até 2030. No período do PN 202630, a companhia deve aprimorar o perfil de produção, ampliando a participação de produtos de maior valor agregado. A fatia do diesel no total produzido deve subir de 40% para 45%, com redução no teor de enxofre e melhoria contínua da qualidade.
Projetos estratégicos, como a conclusão do Trem 2 da Rnest (Refinaria Abreu e Lima) e o Refino Boaventura, contribuirão para elevar a capacidade de produção de diesel S-10 em 307 mil barris por dia até 2030, somando volumes adicionais e a substituição do diesel S-500 pelo S-10.
Estamos modernizando o parque de refino, ampliando nossa capacidade e fortalecendo a eficiência operacional. Investir no refino é essencial para garantir o desempenho global das nossas unidades e atender à crescente demanda por combustíveis de qualidade, destaca William França, diretor de Processos Industriais e Produtos da Petrobras.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
Copyright 2025 – Grupo CMA

