A primeira semana de dezembro foi de um mercado de trigo ainda lento, cauteloso e com pouca variação nos preços. As negociações refletiram tanto a proximidade do fim do ano quanto os desafios de qualidade da safra brasileira. Segundo o analista da Safras & Mercado, Elcio Bento, compradores e vendedores atuaram de forma seletiva ao longo de toda a semana, mantendo as negociações em ritmo moderado.
A oferta ampla no Brasil, combinada à qualidade heterogênea do grão, reforçou o comportamento defensivo da indústria. Parte significativa do trigo disponível apresentou elevada incidência de DON, além de problemas de glúten, W e estabilidade. Essa condição levou os moinhos a reduzir a exposição.
“A indústria age com prudência porque muitos lotes não atingem o padrão requerido, e há expectativa de continuidade da pressão nos preços”, Bento resume.
A exportação consolidou-se como o principal canal de saída da safra gaúcha durante toda a semana. Os line-ups confirmaram embarques robustos, enquanto a comercialização interna avançou pouco. Estima-se que apenas cerca de um terço da produção do Rio Grande do Sul tenha sido negociada até agora, apesar da colheita praticamente concluída no estado. Mesmo assim, os preços permaneceram relativamente estáveis, com o trigo de moagem girando entre R$ 1.080 e R$ 1.150/t nos moinhos gaúchos e entre R$ 1.200 e R$ 1.230/t no Paraná.
A semana também foi influenciada pelo anúncio e detalhamento dos leilões do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), previstos para 11 e 18 de dezembro. Os R$ 67 milhões destinados à operação devem viabilizar o escoamento de aproximadamente 200 mil toneladas. Sobre o cálculo do prêmio, Bento enfatiza:
“O Pepro cobre a diferença entre o preço mínimo e o de mercado, hoje ao redor de R$ 383/t no RS e R$ 283/t no PR”, afirma o analista.
Conforme Bento, a intervenção gerou expectativa entre produtores, que seguiram contendo vendas enquanto aguardam possível melhoria nas margens.
Deral
As lavouras de trigo do Paraná encerraram a safra 2024/25 com 75% classificadas como boas e 25% em situação média, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
A colheita foi concluída na área total de 816,6 mil hectares, volume 26% inferior aos 1,106 milhão de hectares cultivados em 2024. Na semana anterior (24 de novembro), 73% estavam em boas condições e 27% em situação média, nas fases de frutificação (1%) e maturação (99%). A colheita havia alcançado 99%.
Para 2025, o Deral projeta produção de 2,774 milhões de toneladas, aumento de 19% frente às 2,324 milhões de toneladas colhidas na safra 2024. A produtividade média deve atingir 3.405 quilos por hectare, superior aos 2.139 quilos por hectare registrados em 2024.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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