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Yara Fertilizantes busca expansão em novos setores com foco em redução de emissões

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São Paulo, 1 de dezembro de 2025 – A Yara Fertilizantes realizou uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (1/12), em São Paulo (SP), com as participações do presidente da empresa no Brasil, Marcelo Altieri, e do vice-presidente de Agronomia e Marketing, Guilherme Schmitz. Eles apresentaram as perspectivas da empresa para os negócios em 2026, em que esperam acelerar a estratégia de fornecer fertilizantes de baixo carbono para reduzir as emissões e aumentar a produtividade do agronegócio brasileiro. A expectativa da empresa é quadruplicar o volume do portfólio de baixo carbono de 2025 para 2026, com expansão para novas culturas, como citricultura, milho, cevada e cana-de-açúcar, por meio do programa Renovabio.

O foco é o mercado de fertilizantes no Brasil, que deve chegar a 48,5 milhões de toneladas em 2026, contra 46 milhões de t em 2025, abaixo das expectativas, devido à crise no agronegócio no Brasil, que levou elevou o endividamento no setor, as recuperações judiciais e até falências.

Segundo Altieri, a empresa também mira um mercado que representa 20% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) no agro, que corresponde às atividades de agricultura, pecuária e mudança no uso da terra, de um total de 53,5 bilhões de toneladas de CO2eq emitidos pelo setor.

“O fertilizante tem efeito indireto nas reduções de emissões por melhorar a qualidade do solo e aumentar a produtividade. A nossa estimativa é quadruplicar o volume do portfólio lower carbon de 2025 para 2026, com expansão para novas culturas, como citricultura, milho, cevada e cana de açúcar”, afirmou o presidente da empresa no Brasil.

Em etanol, a empresa aposta na atualização da RenovaCalc para diferenciar os fertilizantes pela origem. A Renovacalc é uma ferramenta criada pela Embrapa e adotada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para calcular a intensidade de carbono para os biocombustíveis que fazem parte da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), programa que estabelece as metas nacionais anuais de descarbonização para o setor de combustíveis veiculares. A ferramenta permite a comprovação do desempenho ambiental da produção de biocombustíveis pelas usinas.

Segundo o vp de Agronomia da Yara, Guilherme Schmitz, o uso de fertilizantes que geram uma diminuição na pegada de carbono impactaria nas taxas. “Hoje, a Renovacalc atual está conectada com a Ecoinvent, da Europa. A versão utilizada é a 3.1, que não diferencia o fertilizante pela origem. Um quilo de nitrogênio produzido na China emite 10 kg de CO2eq, na Rússia, 7,5 kg de CO2eq, que é a maioria do nitrato utilizado em cana-de-açúcar no Brasil. Um Yarabela ou Yaramila que vendemos para a cana-de-açúcar emite 3,5 kg de CO2eq, ou seja, metade do que emite o fertilizante russo”, explica. “Mas as versões 3.8 em diante da Ecoinvent, que hoje está na versão 3.11, já diferenciam.”

“Ou seja, é convencionado que diferentes origens de fertilizantes nitrogenados diminuem as emissões, emitem menos. O que nós estamos na tratativa com a ANP, que já foi aceita, está só em fase de publicação, é uma atualização da Renovacalc para inverter e já utilizar automaticamente as atualizações da Ecoinvent. A tendência é que já entre uma nova versão em 2026, que vai ler as diferenças entre os fertilizantes. Com isso, um fertilizante vindo da Europa, não só o da Yara, vai ter uma redução de pegada de carbono. Com isso, utilizando o nosso fertilizante atual, que trazemos em Yarabela ou Yaramila, através dos catalisadores, vai gerar uma redução na pegada de carbono, que vai gerar CBIOs para a usina de cana-ade açúcar”, disse.

Em soja, a empresa aposta no fornecimento do produto YaraBasa Full, produzida em Rio Grande (RS) e Ponta Grossa (PR). A empresa afirma que o produto pode contribuir com a melhora da qualidade do solo, contribui com pegada de carbono e redução de emissões, e será liberado para a safra 2026.

Entre os desafios e oportunidades desta estratégia, os executivos citaram a demanda das empresas de bens de consumo de giro rápido (FMCGs), na área de alimentos, principalmente, por baixar emissões escopo 3, e é por meio dessas parcerias que a empresa tem buscado atuar. Entre os desafios é que a adoção de tecnologias de baixa emissão incorpora elevações de custo para os produtores e fabricantes, por isso a empresa mira os setores que têm mais interesse em reduzir emissões, como o café. Além de buscar parcerias com empresas de alimentos, a empresa avalia que as cooperativas também fazem esse papel de fazer o trabalho de rastreabilidade.

“A tecnologia da descarbonização aumenta custo do fertilizante, mas aumenta produtividade- critério de oferta é para produtos que geram mais impacto para a produção com menos custo. Por exemplo, para a batata, o custo aumenta 3%, mas a descarbonização aumenta 40%. O café é um mercado interessado em descarbonização para fornecer para Europa e Japão por exemplo”, explica Altieri.

Em 2025, a empresa fechou parcerias estratégicas para descarbonização da cadeia de alimentos, nas culturas de café, cacau e batata. Em parceria com as cooperativas de cafeicultores Cooxupé (Guaxupée-MG) e Coocacer (Araguari-MG), conseguiu reduzir em 40% a pegada de carbono na produção do café, utilizando fertilizantes produzidos com energia renovável; com as fabricantes PepsiCo, diminuiu entre 40% e 66% a pegada de carbono na produção de batatas para chips; e Barry Callebaut, aumentou a produtividade e reduziu as emissões na cadeia do cacau.

A empresa também citou os projetos para reduzir emissões de carbono na produção de fertilizantes, como o Northern Lights de CCS na Holanda. Desde 2024, a Yara International e a fornecedora de serviços de transporte e armazenamento de CO2 tem um acordo comercial para transporte e armazenamento transfronteiriço de CO2. O CO2 liquefeito é transportado pela Northern Lights da Holanda para armazenamento permanente na plataforma continental norueguesa. A iniciativa permite à empresa reduzir suas emissões anuais de CO2 provenientes da produção de amônia em Yara Sluiskil.

Nos últimos anos, a Yara também investiu na fabricação local, como na planta em Sumaré (SP), inaugurada em 2018, e que tem capacidade para produzir 50 mil litros de bioinsumos e foliares. A unidade cresceu 60% nos últimos 6 anos, ou 10% ao ano, acima da média do mercado de fertilizantes, segundo Altieri.

Outro investimento foi na ampliação da unidade de Rio Grande (RS), que atualmente tem capacidade de produzir 1,1 milhão de toneladas, além de importar 1,6 milhão de t, totalizando 2,7 milhões de t, com capacidade para receber 3 milhões t pelo porto. Os produtores da região sofreram com as enchentes, por isso, a Yara fechou uma parceria com a Embrapa para apoiá-los. “O agro está com dificuldades financeiras e a agricultura regenerativa pode contribuir, aumentando a produção”, argumenta o presidente da Yara.

“Já fizemos investimentos e as fábricas estão preparadas para receber energia renovável. Em Cubatão (SP), a fábrica está pronta para receber o biometano.”

Outro desafio mencionado pela empresa é o gargalo logístico do país. “Falta investir em gasodutos. Precisa do investimento de empresas de infraestrutura e de legislação do setor. O Brasil já produz muito biometano, precisa investir no transporte.”

“O Brasil precisa investir na malha sul ferroviária, para devolver competitividade à região. O impacto da enchente foi pior que o Katrina”, comentou, comparando os prejuízos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul com o furacão que atingiu o litoral sul dos Estados Unidos em 2005.

A empresa espera obter melhores resultados em 2026, mas acredita que a rentabilidades dos produtores de grãos deverá estar reduzida, que deve levar os agricultores a investir em soluções para aumentar produtividade. “Os produtos da Yara aumentam produtividade em até 200%”, afirma Guilherme Schmitz.

A forte competição da China tem sido outro entrava, mas a empresa aposta na qualidade de seus produtos como diferencial. “Aumentou volume, mas produtos chineses têm menos nutrientes, menos solubilidade em água. De 60% para baixo de solubilidade em água, reduz a produtividade da soja. A Yara atua com entidades para informar sobre a entrada de produtos com baixa solubilidade. Não queremos proibir a entrada, mas alertar para aumento da acidez e outros problemas que podem acontecer com o uso desses fertilizantes”, diz o executivo.

“Substituir importações com plano nacional de fertilizantes pode reduzir dependência do Brasil de importados.”

Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

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