O mercado do feijão carioca encerra a semana sob forte apatia, com pregões praticamente inativos e preços nominais. O analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, afirma que a liquidez reduzida traduz um ambiente no qual o comprador permanece seletivo e sem urgência para formar posição, apoiado na ampla variedade de ofertas oriundas de MG, GO, PR e SP. Segundo ele, “a cada madrugada o volume ofertado até se mantém razoável, mas a falta de reação do lado da demanda impede qualquer avanço consistente”.
O único ponto de maior fluidez, destaca Oliveira, continua sendo o Sudoeste de São Paulo, onde os feijões recém-colhidos (majoritariamente nota 8,5 e peneira acima de 12, com umidade adequada) sustentam escoamento ativo ao longo da semana. “A qualidade dos lotes paulistas, superior ao padrão médio das demais origens, reforça o diferencial competitivo e tem sido a principal âncora de sustentação pontual no mercado”, aponta o analista.
Nas referências nominais da Bolsa, o cenário permanece estático: feijões extra 9 e 9,5 oscilam entre R$ 260 e R$ 270/sc; padrões 8,5–9 entre R$ 240 e R$ 250/sc; e padrão 8 entre R$ 220 e R$ 230/sc. Nas origens, o comportamento dos preços se divide entre pressões baixistas recentes, especialmente no Noroeste Goiano (até R$ 226/sc) e Mato Grosso (R$ 190–194/sc), e avanços localizados, como em Itapeva (SP), onde o grão extra chegou a R$ 252/sc e o produto intermediário avançou até R$ 221/sc. No Sul de Goiás, a semana registrou alta pontual de até R$ 210/sc.
Liquidez mínima mantém o preto tecnicamente travado
Para o feijão preto, Oliveira avalia que o mercado “opera em seu ponto mais crítico de comercialização no período”, marcado por liquidez mínima e ausência total de urgência por parte dos compradores. Ele observa que o setor de compras se apoia na ampla oferta disponível e na logística eficiente, restringindo-se a atender demanda varejista e concentrar vendas casadas, o que reforça a paralisia no atacado.
As referências CIF seguem pressionadas: o extra permanece entre R$ 160 e R$ 170/sc; os padrões comerciais entre R$ 130 e R$ 150/sc; e lotes de menor qualidade chegam a R$ 115/sc. Nas origens, o quadro é ainda mais delicado, com Erechim indicando até R$ 105/sc, Vacaria até R$ 115/sc, Chapecó até R$ 129/sc e rumores de negócios pontuais a R$ 142/sc em Campo Mourão.
O analista destaca que o único vetor positivo continua sendo o desempenho das exportações. A classe Comum (que inclui o feijão preto) acumulou crescimento de 7,7% no ano, saltando de 126,84 mil t para 136,56 mil t entre janeiro e outubro. A Índia se mantém como principal destino (25,16 mil t), enquanto Portugal apresenta avanço de +396% (18,17 mil t). Há destaque para retomadas de Paquistão (+488%), Turquia, EUA, Emirados, Vietnã e Indonésia, embora a América Latina registre retração expressiva, especialmente México (-65%) e Venezuela (-48%).
Luciana Abdur – luciana.abdur@safras.com.br (Safras News)
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