São Paulo, 14 de novembro de 2025 – Nesta sexta-feira, o mercado digere os dados de desaceleração econômica na China, em outubro, e os desdobramentos da reunião entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ontem (13), em Washington.
A produção industrial da China subiu 4,9% em outubro em base anual, segundo dados divulgados pelo departamento de estatísticas do país. A previsão era de alta de 5,5% em base anual. Em base mensal, o crescimento foi de 0,17%.
Vieira disse que apresentou uma proposta geral sobre as tarifas impostas ao Brasil, em agosto deste ano, e que a Casa Branca pode dar um retorno hoje, ou na próxima semana.
Ainda, nos Estados Unidos, os investidores também seguem atentos aos discursos de membros do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, e do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), responsáveis pela política monetária. O shutdown acabou, mas ainda traz incertezas em relação à divulgação de dados econômicos.
Na agenda local, diretores do Banco Central participam de reuniões com economistas e de audiências com investidores em São Paulo. Na pauta, estão a conjuntura econômica e pistas sobre os rumos da política monetária.
As expectativas de mercado para o Resultado Primário do Governo Central de 2025 apresentaram uma piora: o déficit foi revisado de R$ 67,6 bilhões, em outubro, para R$ 70,65 bilhões em novembro. Os dados foram antecipados na quinta-feira (13), durante a divulgação do Boletim Macrofiscal da Secretaria de Política Econômica, do Ministério da Fazenda.
A agenda de indicadores locais, divulgou, nesta sexta-feira, o Indice Geral de Preços 10 (IGP-10), que subiu 0,18% em novembro, após registrar alta de 0,08% em outubro. Com esse resultado, o índice acumula queda de -0,80% no ano e alta de 0,34% nos últimos 12 meses. Em novembro de 2024, o IGP-10 havia subido 1,45% no mês e apresentava alta acumulada de 6,07% em 12 meses.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também apresentou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) trimestral, que mostrou que a taxa de desocupação do país no terceiro trimestre de 2025 chegou a 5,6%, a menor da série iniciada em 2012. Comparada ao trimestre anterior, essa taxa caiu em 2 das 27 unidades da federação e ficou estável nas demais. As maiores taxas foram as de Pernambuco (10,0%), Amapá (8,7%) e Bahia (8,5%) e as menores, de Santa Catarina (2,3%), Mato Grosso (2,3%) e Rondônia (2,6%).
Às 15h, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participam de cerimônia de entrega da Ordem Nacional do Mérito Educativo, em Brasília.
CORPORATIVO
Nesta sexta-feira, saem os últimos balanços da temporada do terceiro trimestre de 2025 (3T25) das empresas listadas na B3. Antes da abertura, Azul e Banrisul divulgaram seus números. Após o fechamento, AgroGalaxy, Cosan, Lojas Marisa, Raízen, Rumo e Ser Educacional divulgam seus resultados.
A Azul informou prejuízo líquido de R$ 1,37 bi no 3T25, após lucro no mesmo período do ano passado. A empresa passa por uma recuperação judicial nos Estados Unidos. A receita líquida foi de R$ 5,7 bilhões, alta de 11,8% na comparação anual. A dDemanda por passageiro saltou 9,7% e a oferta de assentos subiu 7,1% no trimestre.
O Banrisul reportou lucro líquido de R$ 328,8 milhões no 3T25, alta de 66,7% na comparação anual. Na margem, o lucro caiu 12,9%, segundo dados enviados à CVM. A margem financeira alcançou R$ 1,605 bi, queda de 2,1% no trimestre e alta de 11,0% na comparação com o terceiro tri do ano passado.
Ontem (13) à noite, a JBS reportou lucro líquido de US$ 581 milhões no terceiro trimestre de 2025, 16,1% menor que os US$ 693 milhões registrados um ano antes. A receita líquida alcançou US$ 22.6 bilhões no trimestre, alta de 13,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. O crescimento ocorreu em todas as unidades de negócio e confirma a capacidade da companhia de operar sua plataforma global multiproteína com disciplina e agilidade em diferentes contextos de mercado.
A 3tentos teve lucro líquido de R$203,0 milhões no 3T25 (-36,2%) com margem líquida de 4,1% (-5,0 p.p.). Os destaques do período foram a receita líquida recorde Receita Operacional Líquida de R$4.994,9 milhões no 3T25 (+42,9%) com crescimento em todos os segmentos, o lucro bruto ajustado de R$677,4 milhões (+11,6%) com margem bruta ajustada de 13,6% (-3,8 p.p.), ebitda ajustado de R$166,3 milhões no 3T25 (-51,4%) com margem ajustada de 3,3% (-6,5 p.p.) e o ROE de 19,8% e ROIC de 10,5%.
Em fato relevante divulgado na manhã desta sexta-feira, a Vale confirma que a Alta Corte da Inglaterra considerou a BHP responsável, sob a legislação brasileira, pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015, operada pela Samarco, joint venture entre a companhia e a mineradora anglo-australiana. Com a decisão, a Vale estima uma provisão adicional de aproximadamente US$ 500 milhões em suas demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2025 para obrigações decorrentes do crime ambiental, que matou 19 pessoas e espalhou lama tóxica por quase 700 km de Minas Gerais até o oceano Atlântico.
A BHP confirmou que o Tribunal Superior da Inglaterra considerou a empresa responsável, de acordo com a legislação brasileira, pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015. A avaliação dos danos será determinada em futuros julgamentos de segunda e terceira fases, com previsão de conclusão em 2028 ou 2029. A BHP pretende recorrer da decisão e continuará a se defender na ação coletiva movida no Reino Unido.
A Raízen informou, em comunicado divulgado na noite de ontem (13), que concluiu a contratação de uma linha de crédito rotativo (Revolving Credit Facility, RCF), no montante de US$ 1 bilhão, com vencimento em cinco anos, em substituição às linhas atualmente vigentes. A RCF foi contratada por meio da Raízen Fuels Finance S.A., com garantia da companhia e da Raízen Energia S.A., junto a um sindicato composto por 13 bancos de relacionamento da companhia.
A Petrobras informou, em comunicado divulgado ontem (13) à noite, que o Plano de Negócios 2026-2030 ainda está em processo de análise e aprovação. A proposta do Plano será apreciada pelo conselho de administração da companhia, em reunião agendada para o próximo dia 27. Após a conclusão do processo de elaboração e aprovação, o Plano será comunicado tempestivamente ao mercado.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu a decretação de falência da Oi e determinou a continuidade do processo de recuperação judicial. A decisão é da desembargadora Mônica Maria Costa, da Primeira Câmara do Direito Privado do Tribunal, segundo informação do colunista Lauro Jardim, no “Globo”.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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