O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, da sigla em inglês) afirmou que o mundo falhou em atingir a principal meta climática do Acordo de Paris de 2015. O acordo limita o aumento da temperatura global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. Segundo o relatório anual “Emissions Gap”, o ritmo lento das reduções de gases de efeito estufa tornará inevitável que essa barreira seja ultrapassada – ao menos temporariamente – dentro da próxima década. O documento alerta que reverter essa tendência exigirá cortes muito mais rápidos e profundos nas emissões para reduzir o tempo e o impacto desta ultrapassagem.
A principal autora do relatório, Anne Olhoff, destacou que cortes profundos nas emissões ainda podem atrasar o momento em que o mundo ultrapassará o limite, mas “já não é possível evitá-lo totalmente”. As metas climáticas atuais, mesmo que cumpridas integralmente, levariam a um aquecimento global entre 2,3ºC e 2,5ºC – cerca de 0,3ºC abaixo da projeção do ano anterior. Apesar de novos planos de redução anunciados por países como a China, maior emissor mundial de CO2, o progresso ainda é insuficiente para fechar a lacuna entre as promessas e a meta de 1,5ºC.
COP30
As conclusões do UNEP aumentam a pressão sobre os líderes reunidos na COP30, que acontece no Brasil. O encontro deverá focar em acelerar e financiar medidas mais ambiciosas de mitigação climática. Cientistas alertam que cada fração adicional de aquecimento traz consequências severas. A 2ºC, por exemplo, o número de pessoas expostas a calor extremo mais que dobraria em comparação com 1,5ºC. Esta temperatura, de acordo com estudos científicos, pode contribui para a destruição de quase todos os recifes de corais do planeta.
Embora o mundo tenha feito algum progresso desde 2015 – quando as projeções indicavam um aumento de 4ºC -, as emissões globais continuam subindo. Em 2024, o total de gases de efeito estufa aumentou 2,3%, atingindo 57,7 gigatoneladas de CO2 equivalente. A queima de carvão, petróleo e gás impulsiona o aumento da temperatura, segundo diversos estudos sobre o tema. O relatório reforça que, sem mudanças estruturais rápidas, as políticas atuais colocam o planeta em rota para um aquecimento próximo de 2,8ºC. Isso contribui para impactos devastadores para ecossistemas, economias e populações vulneráveis.

