Porto Alegre, 31 de outubro de 2025 – O mercado internacional de café manteve seu tom de ampla volatilidade em outubro, com preços do café nas bolsas de Nova York para o arábica e de Londres para o robusta tendo seus altos e baixos, e com o físico brasileiro acompanhando. Mas o balanço foi positivo para as cotações, refletindo ainda apreensões com a oferta e com olhares no clima no Brasil e para as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre as importações brasileiras, mas também em relação a outras nações.
O mercado está atento às condições climáticas no Brasil com vistas à safra de 2026. Outubro foi mês de abertura de floradas, mas também de indicações para o pegamento dessas floradas que vão resultar na próxima safra. É preciso umidade, chuvas para a abertura e o pegamento das floradas. E as chuvas foram irregulares em outubro, escassas em muitos momentos e em diversas regiões do cinturão cafeeiro do Brasil.
Mas, neste final de mês as condições melhoraram e novembro promete ser de uma maior regularidade nas precipitações. Assim, o mercado de café teve momentos de altas nas cotações nas bolsas pelas preocupações com a falta de chuvas e teve também baixas com as indicações de melhores condições.
O tarifaço do governo Trump sobre as importações brasileiras de café, de 50%, seguiu acompanhado de perto, diante das conversações entre os dois países ao longo do mês. As tarifas representam dificuldade para as compras dos Estados Unidos, maior consumidor global individual. Sendo que o Brasil é o principal fornecedor. Assim, o tarifaço é um fator altista de curto prazo. Logo, a esperança e expectativa de redução ou extinção das tarifas passa a ser um fator de baixa para os preços.
Há a manutenção desse cenário de expectativa, pois ainda não existe nada de concreto sobre a queda das tarifas. E esse quadro também envolveu outros países ao longo do mês, como a tensão entre Estados Unidos e Colômbia, com temores de maiores tarifas sobre o café colombiano. Por outro lado, houve notícias em outubro de possível queda de tarifas por parte dos EUA para o café vietnamita. Assim, outubro também foi marcado por essas questões tarifárias e novembro deve seguir com esse aspecto importante.
Como reflexo da oferta mais restrita nos Estados Unidos, os estoques certificados na Bolsa de Nova York seguiram caindo em outubro. Esse foi um componente altista para as cotações no mês. Também aspectos técnicos, como vencimento de opções e rolagem de contratos de dezembro para frente, que vão aparecer também agora em novembro na Bolsa de Nova York, que baliza as cotações internacionais.
No balanço de outubro, na Bolsa de NY, o contrato dezembro do café arábica acumulou valorização de 4,6%, subindo de 374,85 centavos de dólar por libra-peso no último dia de setembro para 392,00 centavos de dólar por libra-peso no fechamento de 30 de outubro. O robusta em Londres acumulou alta de 10,9% para o contrato janeiro/2026 no mesmo comparativo.
No mercado físico brasileiro de café, os preços seguiram em linha com as bolsas. Porém, o avanço nas cotações foi menor. O mercado reflete a maior oferta com a entrada da safra 2025. Os produtores mostram-se capitalizados e se afastam das negociações nas quedas da bolsa, enquanto os compradores também demonstram cautela.
O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais acumulou alta de 2,2% em outubro, subindo de R$ 2.210,00 a saca ao fim de setembro na base de compra para R$ 2.260,00 em 30 de outubro. No mesmo comparativo, o conilon, tipo 7, em Vitória/Espírito Santo, acumulou uma alta de 6,5%, passando de R$ 1.305,00 a saca para R$ 1.390,00 a saca na base de compra.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência Safras News
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