A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, em entrevista coletiva depois da decisão de manter os juros em 2%, disse que o bloco atravessa um momento de estabilidade rara, em contraste com outras grandes economias, como Estados Unidos, Reino Unido e Japão.
Lagarde destacou que recentes acordos comerciais, incluindo a decisão dos EUA de reduzir tarifas sobre produtos chineses após o encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, ajudaram a diminuir riscos à economia global. Ainda assim, a dirigente ressaltou que persistem incertezas significativas, como tensões geopolíticas e disputas comerciais. “Faremos o que for necessário para permanecer em uma boa posição”, declarou, evitando, contudo, indicar qual será o próximo passo da política monetária. Segundo ela, os dados do terceiro trimestre mostram um crescimento ligeiramente acima do esperado, com avanço de 0,2% do PIB da zona do euro.
De acordo com comunicado do Conselho do BCE, o crescimento é sustentado por um mercado de trabalho robusto, balanços sólidos do setor privado e pelos efeitos positivos dos cortes de juros anteriores. Economistas observam que essa resiliência econômica está mantendo a ala mais “dovish” (favorável a cortes) do BCE sob controle, sustentando a atual pausa na política monetária. O otimismo foi reforçado por resultados acima do previsto em países como Espanha e França e por sinais de melhora na confiança empresarial, especialmente na Alemanha, a maior economia do bloco.
Por outro lado, os desafios permanecem. O setor industrial segue enfraquecido, e as exportações para os Estados Unidos caíram significativamente, enquanto cresce a preocupação de que a China esteja despejando produtos excedentes no mercado europeu. O euro valorizado tem ajudado a conter a inflação, mas essa força também prejudica a competitividade das exportações. Diante desse equilíbrio delicado, analistas ponderam se a economia conseguirá manter essa trajetória diante das tensões comerciais e da desaceleração global.

