A China acusou os Estados Unidos de provocar pânico global em torno dos controles de exportação de terras raras, após o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, fazer declarações que Pequim classificou como “gravemente distorcidas”. O governo chinês rejeitou o pedido da Casa Branca para suspender as restrições e publicou uma resposta oficial em sete pontos, argumentando que suas medidas estão alinhadas com as práticas internacionais. As tensões ocorrem antes de um encontro previsto entre Donald Trump e Xi Jinping na Coreia do Sul, que tem servido como um ponto de estabilidade para os mercados.
Pequim afirmou que os novos controles não exigirão licenças para produtos com pequenas quantidades de terras raras chinesas, como temiam alguns analistas. A porta-voz do Ministério do Comércio, He Yongqian, declarou que as licenças serão aprovadas normalmente, desde que o uso seja civil e conforme as regras. Já os Estados Unidos acusam a China de tentar expandir seu poder sobre as cadeias globais de suprimentos, enquanto consideram uma nova extensão da trégua tarifária de 90 dias, que expira em novembro.
Segundo Pequim, o aumento das tensões decorre da decisão recente de Washington de ampliar sua “Entity List”, incluindo empresas chinesas acusadas de driblar restrições à exportação de tecnologia. A China respondeu que notificou previamente os EUA sobre o novo sistema de licenciamento e que suas medidas são comparáveis às de outras economias avançadas. O jornal estatal Peoples Daily destacou que os EUA mantêm uma lista de controle com mais de 3.000 itens, enquanto a da China tem cerca de 900, acusando Washington de usar argumentos de segurança nacional de forma abusiva.
As tensões comerciais ganharam um tom pessoal após Bessent descrever o principal negociador chinês, Li Chenggang, como “desequilibrado” e “desrespeitoso”, acusando-o de ameaçar causar caos no sistema global. Pequim reagiu, dizendo que as declarações dos EUA distorcem os fatos e que a China tem buscado o diálogo. Apesar dos atritos, Bessent afirmou que a relação pessoal entre Trump e Xi tem evitado uma escalada maior e mantido viva a possibilidade de acordo, enquanto Pequim pediu que os EUA “corrijam imediatamente seus erros” para preservar os avanços obtidos nas negociações anteriores.

