O presidente da Câmara dos EUA, Mike Johnson, afirmou nesta segunda-feira que o fechamento do governo federal pode se tornar o mais longo da história, garantindo que não negociará com os democratas até que suspendam suas exigências em relação aos subsídios de saúde do Affordable Care Act (Obamacare) e aprovem a reabertura. No 13 dia de paralisação, Johnson disse desconhecer detalhes sobre as demissões em massa de servidores federais promovidas pela administração de Donald Trump, interpretadas como parte de um esforço para reduzir o tamanho do governo. O vice-presidente JD Vance advertiu que cortes “dolorosos” estão por vir, enquanto sindicatos ingressam com ações judiciais.
A paralisação já afeta o funcionamento da máquina pública, fechando museus do Smithsonian, causando atrasos em voos e ampliando a incerteza econômica. A Câmara permanece fora de sessão, com Johnson recusando-se a convocar deputados, e o Senado só retomará trabalhos após o feriado, mas sem avanços legislativos devido ao impasse sobre saúde. Trump garantiu o pagamento dos militares nesta semana, eliminando um ponto de pressão que poderia apressar negociações. O núcleo da disputa são os subsídios do Obamacare, que vencem em dezembro e beneficiam milhões de americanos, e que os democratas exigem renovar.
O prazo de 1º de novembro, início da inscrição anual nos planos de saúde, é visto como possível data-limite para acordo, pois a não renovação dos subsídios pode dobrar os custos mensais dos seguros. Além disso, funcionários federais pagos mensalmente, incluindo assessores do Congresso, correm risco de ficar sem salário. A briga sobre o Obamacare remonta à sua aprovação em 2010 e já provocou outros fechamentos, como o de 16 dias em 2013 e o de 35 dias em 2019. Johnson reconheceu que a revogação total da lei é improvável hoje, dado o número recorde de 24 milhões de inscritos.
Enquanto isso, o governo Trump utiliza margens legais para garantir financiamento a prioridades, evitando que tropas militares fiquem sem pagamento ao redirecionar US$ 8 bilhões de fundos não utilizados de pesquisa e desenvolvimento do Pentágono. Outras áreas, como o Departamento de Educação, sofrem cortes severos que afetam programas de educação especial e atividades extracurriculares. Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, é possível usar recursos obrigatórios previstos na lei de reconciliação de 2025 para manter serviços, mas o impacto geral da paralisação segue incerto.

