A ausência de compradores e a baixa atratividade da qualidade atual levaram o mercado do feijão carioca a encerrar a semana travado, com liquidez mínima e preços nominais. De acordo com o analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a comercialização segue lenta, com pregões praticamente esvaziados e pouca disposição de compra, mesmo diante de volumes reduzidos.
Segundo Oliveira, a qualidade do produto continua sendo o principal obstáculo às negociações. “Grãos com baixa umidade, entre 9% e 11%, e alto índice de quebra exigem descontos para ganhar competitividade. No entanto, muitos vendedores resistem em reduzir pedidas, o que mantém o impasse entre oferta e demanda”, explicou.
Os preços seguem estáveis, mas com leve viés de baixa técnica: o feijão extra (nota 9,5) é negociado entre R$ 270 e R$ 280/sc CIF SP, o intermediário (nota 8,5) entre R$ 240 e R$ 260/sc, e o comercial (notas 7,5–8) em torno de R$ 230 a R$ 240/sc. No mercado FOB, as indicações recuam para R$ 273–276/sc em São Paulo e R$ 225–228/sc no Leste Goiano.
A oferta restrita da terceira safra, praticamente finalizada, mantém o mercado enxuto, enquanto produtores de Minas Gerais e Goiás aguardam chuvas para iniciar o plantio da 1ª safra.
“A expectativa é de melhora gradual na qualidade com a colheita paulista em novembro, o que pode trazer algum alívio à liquidez, mas a cautela predomina no curto prazo”, analisou Oliveira.
Mercado interno segue lento, mas exportações dão suporte ao feijão preto
O analista destaca que o mercado do feijão preto segue sustentado unicamente pela escassez de oferta de qualidade e pelo bom ritmo das exportações. “As vendas continuam pontuais, com compradores retraídos e corretores relatando ausência de negócios efetivos”, comenta.
O processo de recuperação dos preços observado nas semanas anteriores perdeu força, com leve recuo nas cotações. O feijão extra permanece entre R$ 160 e R$ 195/sc CIF SP, enquanto os padrões comerciais operam próximos a R$ 160/sc. No FOB, o comportamento é misto: São Paulo até R$ 170/sc, Paraná entre R$ 128 e R$ 132/sc, e Oeste Catarinense em R$ 137/sc.
As exportações continuam sendo o principal fator de sustentação, somando 114,7 mil toneladas embarcadas entre janeiro e setembro de 2025 (classe comum, que engloba o feijão preto), superando o volume do ano anterior. Índia, Portugal e Venezuela lideram os embarques.
Oliveira ressalta ainda que a 1ª safra 2025/26 avança lentamente e com área significativamente reduzida, reforçando um cenário de oferta limitada no médio prazo. “Até que o consumo interno reaja, a estabilidade com leve viés de alta continua sendo o cenário mais provável”, conclui.
Luciana Abdur – luciana.abdur@safras.com.br (Safras News)
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