Porto Alegre, 03 de outubro de 2025 – O mercado internacional de café, guiado pelas Bolsas de Nova York no arábica e de Londres no robusta, é por natureza extremamente volátil. Mas setembro se superou nesse quesito, com bruscas altas e baixas nos preços especialmente em NY, principal referência. Ao final, setembro teve balanço negativo para as cotações tanto nas bolsas quanto no mercado físico brasileiro.
Em NY, a máxima do mês para o preço foi alcançada em 16 de setembro, quando o contrato dezembro atingiu no topo 424,00 centavos de dólar por libra-peso, o nível mais elevado em 7 meses. As cotações dispararam diante das preocupações com queda nos estoques certificados da bolsa, um reflexo da apreensão com o aperto na oferta sobretudo nos Estados Unidos após o tarifaço de Donald Trump de 50% sobre as importações brasileiras. Além disso, o mercado demonstrava temores com o clima seco no Brasil diante do período das floradas no Brasil, que vão resultar na safra de 2026.
Depois, no dia 23 de setembro, o mercado em NY registrou a mínima do mês, batendo em 349,45 centavos de dólar por libra-peso. As notícias de uma aproximação entre Trump e Lula, o que poderia e ainda pode trazer uma saída para o tarifaço e favorecer o fluxo novamente de embarques do Brasil para os EUA, pesaram sobre os preços. Outro aspecto veio do clima no Brasil, com a previsão de chuvas para o fim de setembro no cinturão cafeeiro e de uma regularização nas precipitações em outubro, favorecendo as floradas e o pegamento das floradas.
As preocupações com a oferta persistem, o quadro é ajustado entre a disponibilidade de café e a demanda, sendo que o Brasil está com estoques baixíssimos. Ainda segue o cenário que preocupa com as tarifas de Trump, e as quedas nos estoques certificados da bolsa também continuam. E esses são aspectos de suporte às cotações.
O mercado deve ter um outubro de monitoramento desta questão política e do clima no Brasil. Um clima que se mantenha favorável às floradas é um aspecto baixista importante, trazendo maior alívio em relação à oferta futura. As oscilações do dólar contra o real e outras moedas são um outro aspecto marcante e que dão ainda mais força para a volatilidade, que deve perdurar muito intensa em outubro.
No balanço de setembro, na Bolsa de NY, o contrato dezembro do café arábica acumulou desvalorização de 2,9%, caindo de 386,10 centavos de dólar por libra-peso no último dia de agosto para 374,85 centavos de dólar por libra-peso no fechamento de 30 de setembro. O robusta em Londres acumulou queda ainda mais forte, de 12,8% no período comparado em setembro tomando por base o contrato novembro.
No mercado físico brasileiro de café, os preços seguiram em linha com as bolsas. Os produtores mostram-se capitalizados e se afastam das negociações nas baixas, mas participam com moderação do mercado nos momentos de altas de Nova York, especialmente. Os compradores também demonstram cautela e muitas vezes se distanciam as bases de compra e venda, diante da volatilidade das bolsas, travando as negociações. O dólar acumulando baixa no comercial no mês de 1,8% contribuiu para uma pressão sobre as cotações domésticas.
O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais acumulou queda de 5,5% em setembro, caindo de R$ 2.360,00 a saca ao fim de agosto na base de compra para R$ 2.230,00 ao final de setembro. No mesmo comparativo, o conilon, tipo 7, em Vitória/Espírito Santo, acumulou uma baixa de 10,4%, passando de R$ 1.535,00 a saca para R$ 1.375,00 a saca na base de compra.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência Safras News
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