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Lula defende democracia, soberania e multilateralismo em discurso na Assembleia Geral da ONU

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São Paulo, 23 de setembro de 2025 – O presidente Luís Inácio Lula da Silva, defendeu a democracia e a soberania, em seu discurso na abertura do Debate Geral da 80 Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos. Sem citar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente brasileiro criticou as sanções aplicadas pelo governo norte-americano e afirmou que”a agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável”.

“Este deveria ser um momento de celebração das Nações Unidas. Criada no fim da Guerra, a ONU simboliza a expressão mais elevada da aspiração pela paz e pela prosperidade. Hoje, contudo, os ideais que inspiraram seus fundadores em São Francisco estão ameaçados, como nunca estiveram em toda a sua história. O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta Organização está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder. Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando a regra”, discursou Lula.

Lula disse que, “mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há quarenta anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais. Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia. A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável.”

Lula mencionou ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e afirmou que o ex-chefe de Estado teve amplo direito de defesa e ao contraditório. “Há poucos dias, e pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso. Teve amplo direito de defesa, prerrogativa que as ditaduras negam às suas vítimas. Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela.”

O presidente do Brasil destacou que recebeu da FAO a confirmação de que o Brasil voltou a sair do Mapa da Fome neste ano de 2025 e defendeu uma mudança de prioridades pelas lideranças mundiais. “Mas no mundo, ainda há 670 milhões de pessoas famintas. Cerca de 2,3 bilhões enfrentam insegurança alimentar. A única guerra de que todos podem sair vencedores é a que travamos contra a fome e a pobreza. Esse é o objetivo da Aliança Global que lançamos no G20, que já conta com o apoio de 103 países. A comunidade internacional precisar rever as suas prioridades: reduzir os gastos com guerras e aumentar a ajuda ao desenvolvimento; aliviar o serviço da dívida externa dos países mais pobres, sobretudo os africanos; e definir padrões mínimos de tributação global, para que os super-ricos paguem mais impostos que os trabalhadores.”

Em relação às plataformas digitais, Lula disse que “elas trazem possibilidades de nos aproximar como jamais havíamos imaginado, mas têm sido usadas para semear intolerância, misoginia, xenofobia e desinformação.”

Lula defendeu que “a democracia também se mede pela capacidade de proteger as famílias e a infância” e defendeu a regulação. “A internet não pode ser uma terra sem lei. Cabe ao poder público proteger os mais vulneráveis. Regular não é restringir a liberdade de expressão. É garantir que o que já é ilegal no mundo real seja tratado assim no ambiente virtual. Ataques à regulação servem para encobrir interesses escusos e dar guarida a crimes, como fraudes, tráfico de pessoas, pedofilia e investidas contra a democracia. O Parlamento brasileiro corretamente apressou-se em abordar esse problema.”

Lula disse que aa América Latina e Caribe vive “um momento de crescente polarização e instabilidade” e defendeu a manutenção da região “como zona de paz”. “Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. É preocupante a equiparação entre a criminalidade e o terrorismo”.

Nesse sentido, o presidente brasileiro disse que “a forma mais eficaz de combater o tráfico de drogas é a cooperação para reprimir a lavagem de dinheiro e limitar o comércio de armas” e que “usar força letal em situações que não constituem conflitos armados equivale a executar pessoas sem julgamento”.

“Outras partes do planeta já testemunharam intervenções que causaram danos maiores do que se pretendia evitar, com graves consequências humanitárias.”

Lula disse mencionou restrições impostas a Venezuela, Haiti e Cuba: “A via do diálogo não deve estar fechada na Venezuela. O Haiti tem direito a um futuro livre de violência. E é inadmissível que Cuba seja listada como país que patrocina o terrorismo.”

O presidente do Brasil também falou sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia e Israel e Palestina outros conflitos no mundo. “No conflito na Ucrânia, todos já sabemos que não haverá solução militar.”

Lula disse que “em Gaza a fome é usada como arma de guerra e o deslocamento forçado de populações é praticado impunemente” e que “esse massacre não aconteceria sem a cumplicidade dos que poderiam evitá-lo”. “Nenhuma situação é mais emblemática do uso desproporcional e ilegal da força do que a da Palestina. Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo. Mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza. Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes. Ali também estão sepultados o Direito Internacional Humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente. Esse massacre não aconteceria sem a cumplicidade dos que poderiam evitá-lo. Em Gaza a fome é usada como arma de guerra e o deslocamento forçado de populações é praticado impunemente. (…) O povo palestino corre o risco de desaparecer.”

Lula expressou sua “admiração aos judeus que, dentro e fora de Israel, se opõem a essa punição coletiva” e disse que “só sobreviverá com um Estado independente e integrado à comunidade internacional”. “Esta é a solução defendida por mais de 150 membros da ONU, reafirmada ontem, aqui neste mesmo plenário, mas obstruída por um único veto.”

Lula lamentou que “o presidente Mahmoud Abbas tenha sido impedido pelo país anfitrião de ocupar a bancada da Palestina nesse momento histórico” e disse que o “alastramento desse conflito para o Líbano, a Síria, o Irã e o Catar fomenta escalada armamentista sem precedentes”.

Em relação ao clima, Lula lembrou que o ano de 2024 foi o mais quente já registrado e falou sobre as expectativas em relação à COP30, em Belém, que disse que “será a COP da verdade”. “Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta. Sem ter o quadro completo das Contribuições Nacionalmente Determinadas (as NDCs), caminharemos de olhos vendados para o abismo”.

“O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59 e 67% suas emissões, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia. Nações em desenvolvimento enfrentam a mudança do clima ao mesmo tempo em que lutam contra outros desafios. Enquanto isso, países ricos usufruem de padrão de vida obtido às custas de duzentos anos de emissões”.

Lula disse que “a corrida por minerais críticos, essenciais para a transição energética, não pode reproduzir a lógica predatória que marcou os últimos séculos”.

O presidente também defendeu que “um Conselho vinculado à Assembleia Geral com força e legitimidade para monitorar compromissos dará coerência à ação climática”.

“Trata-se de um passo fundamental na direção de uma reforma mais abrangente da Organização, que contemple também um Conselho de Segurança ampliado nas duas categorias de membros. Poucas áreas retrocederam tanto como o sistema multilateral de comércio.”

Lula disse que “medidas unilaterais transformam em letra morta princípios basilares como a cláusula de Nação Mais Favorecida. Desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral perniciosa de preços altos e estagnação. É urgente refundar a OMC em bases modernas e flexíveis.”

O presidente do Brasil também prestou homenagens póstumas ao ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, e o Papa Francisco. “Ambos encarnaram como ninguém os melhores valores humanistas. Suas vidas se entrelaçaram com as oito décadas de existência da ONU. Se ainda estivessem entre nós, provavelmente usariam esta tribuna para lembrar que o autoritarismo, a degradação ambiental e a desigualdade não são inexoráveis; que os únicos derrotados são os que cruzam os braços, resignados; que podemos vencer os falsos profetas e oligarcas que exploram o medo e monetizam o ódio; e que o amanhã é feito de escolhas diárias e é preciso coragem de agir para transformá-lo.”

Lula disse que “no futuro que o Brasil vislumbra não há espaço para a reedição de rivalidades ideológicas ou esferas de influência”. “Precisamos de lideranças com clareza de visão, que entendam que a ordem internacional não é um jogo de soma zero.”

Lula encerrou o seu discurso com a defesa ao multilateralismo e da revitalização da ONU. “”O século 21 será cada vez mais multipolar. Para se manter pacífico, não pode deixar de ser multilateral. O Brasil confere crescente importância à União Europeia, à União Africana, à ASEAN, à CELAC, aos BRICS e ao G20. A voz do Sul Global deve ser ouvida. A ONU tem hoje quase quatro vezes mais membros do que os 51 que estiveram na sua fundação. Nossa missão histórica é a de torná-la novamente portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância”, finalizou.

Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)

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