A economia global mostrou mais resiliência do que o esperado na primeira metade de 2025, especialmente em muitos mercados emergentes e nos Estados Unidos, segundo o relatório de panorama econômico mundial da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado hoje mais cedo. A produção industrial e o comércio foram impulsionados pelo aumento antecipado de pedidos antes da elevação das tarifas. Desde maio, os Estados Unidos aumentaram tarifas de importação sobre quase todos os países, atingindo uma taxa efetiva média de 19,5% em agosto, a mais alta desde os anos 1930. “Os efeitos completos dessas tarifas ainda não foram totalmente sentidos, mas já começam a impactar o comportamento do consumidor, os mercados de trabalho e os preços”, diz um trecho do documento.
A entidade estima que o crescimento do PIB global deve desacelerar de 3,3% em 2024 para 3,2% em 2025 e 2,9% em 2026, devido a tarifas elevadas e incertezas políticas que freiam investimentos e comércio. Nos EUA, o crescimento deve cair de 2,8% em 2024 para 1,8% em 2025 e 1,5% em 2026, influenciado por tarifas, redução da imigração líquida e impacto no quadro de funcionários do governo federal. A China também deve desacelerar, de 4,9% para 4,4% no mesmo período, com o fim do efeito antecipado das tarifas e a diminuição do apoio fiscal. A zona do euro terá uma queda mais leve, de 1,2% para 1%, com atritos comerciais e incertezas geopolíticas parcialmente compensados por investimentos públicos mais fortes.
Já a inflação deve cair na maioria das principais economias do G20 à medida que a atividade econômica e os mercados de trabalho enfraquecem, com a inflação geral caindo de 3,4% para 2,9% entre 2025 e 2026. “Porém, o núcleo da inflação nas economias avançadas tende a se manter estável ao redor de 2,5%. Pressões inflacionárias ainda podem ressurgir, pois a queda na inflação tem sido lenta, com preços de bens subindo e a inflação de serviços persistente”, continua o documento.
A OCDE acredita que os impactos completos das recentes altas tarifárias ainda não foram sentidos porque as medidas foram implementadas gradualmente e as empresas inicialmente absorvem os aumentos nas margens. “Entretanto, sinais de desaceleração no crescimento da produção já são visíveis em países como Coreia do Sul, Alemanha e Brasil, além de uma queda no consumo em mercados como EUA, zona do euro e China”.
Para os formuladores de políticas, a OCDE recomenda promover transparência e previsibilidade nas políticas comerciais, cooperar para reduzir tensões comerciais, manter vigilância rigorosa na política monetária para garantir estabilidade de preços, e assegurar disciplina fiscal para sustentabilidade da dívida pública. “Além disso, enfatiza a importância de reformas estruturais robustas para fomentar o crescimento e aproveitar os avanços em tecnologias como inteligência artificial, especialmente em áreas como competição, barreiras à entrada e capacitação de mão de obra”, conclui o estudo.
