O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, justificou a decisão de cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual por conta da mudança no balanço de riscos da economia americana. “Riscos de baixa para o emprego aumentaram. Inflação permanece elevada. Crescimento econômico moderou”, disse. Segundo ele, a medida adotada pelo comitê pode ser entendida como um “corte para gestão de risco”.
Na coletiva de imprensa logo depois da decisão de política monetária, Powell destacou que o mercado de trabalho já não mostra a mesma resiliência observada meses atrás. “Crescimento mais lento do emprego reflete menor imigração. Demanda por trabalho também enfraqueceu. Pessoas mais na margem estão tendo dificuldade para encontrar empregos”, afirmou. Para o presidente do Fed, o quadro atual é de “um mercado de trabalho de baixa contratação e baixa demissão”, diferente do cenário de julho.
Sobre a inflação, Powell observou que a pressão maior vem dos bens. “Aumento nos preços dos bens explica a maior parte da alta da inflação. Desinflação parece continuar nos serviços. Nosso trabalho é garantir que a inflação dos impostos sobre tarifas não se enraíze”, declarou. Ele ressaltou ainda que “expectativas de inflação de longo prazo ainda ancoradas” dão confiança de que a taxa voltará a 2% de forma sustentada.
O dirigente frisou que a decisão foi equilibrada dentro do comitê. “Não houve apoio generalizado para corte de meio ponto hoje. Estivemos certos em esperar para ver como a economia evoluía”, explicou. Powell também comentou que “o Comitê do Fed mudou amplamente sua visão sobre o risco do mercado de trabalho” e que, diante disso, “não há caminho sem risco” para a política monetária.
Powell reafirmou a independência do banco central e o compromisso com o duplo mandato. “Independência é profundamente parte da nossa cultura. Estamos fazendo nosso trabalho exatamente como sempre fizemos”, disse. Ele lembrou que a instituição continuará analisando os dados de forma reunião a reunião: “Estamos em uma situação de reunião a reunião. Restauraremos a inflação a 2% de forma sustentada”.

