Porto Alegre, 12 de setembro de 2025 – As exportações totais brasileiras de café (verde mais industrializado) chegaram a 3,144 milhões de sacas de 60 quilos em agosto de 2025, apresentando queda de 17,5% na comparação com as 3,813 milhões de sacas do mesmo mês do ano passado. No entanto, a receita cambial atingiu US$ 1,101 bilhão, com incremento de 12,7% no comparativo com agosto de 2024. Os dados constaram no relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores Café do Brasil (Cecafé).
A queda no montante embarcado já era aguardada, conforme avalia o presidente da entidade, Márcio Ferreira, devido ao país vir de exportações recordes em 2024 e possuir menor disponibilidade de café em função de uma safra que ficou aquém de seu potencial máximo produtivo. Ele comenta, ainda, que o tarifaço de 50% imposto pelo governo de Donald Trump sobre os cafés do Brasil a serem exportados para os Estados Unidos potencializou essa redução.
“Os EUA deixaram de ser os maiores compradores de nosso café em agosto, descendo para o segundo lugar, com 301 mil sacas importadas de negócios realizados antes da vigência do tarifaço , o que implicou queda de 46% ante o mesmo mês de 2024 e de 26% contra julho deste ano. Assim, os americanos ficaram atrás da Alemanha, que importou 414 mil sacas no mês passado”, revela.
Ferreira analisa que o tarifaço também afetou o mercado internacional do café, trazendo muita volatilidade aos preços e fazendo com que as cotações disparassem. “Os fundamentos já são favoráveis para a alta há algumas safras, com oferta e demanda muito ajustadas ou mesmo com déficit de oferta, devido a adversidades climáticas nos principais produtores, em especial no Brasil, mas o tarifaço desordenou o mercado e deu abertura para movimentos especulativos, explica.
Ele completa que, de 7 de agosto, quando entrou em vigência a taxação, até o fechamento do mês passado, o café arábica subiu 29,7% na bolsa de Nova York, saindo de US$ 2,978 por libra-peso para US$ 3,861. “Se o tarifaço persistir, além de as exportações de café do Brasil seguirem inviáveis aos EUA, os consumidores americanos também enfrentarão preços onerosos para degustar sua bebida favorita, uma vez que não há oferta de outros países para suprir a ausência brasileira no mercado dos Estados Unidos, criando-se, assim, um cenário inflacionário por lá”, projeta.
ANO CIVIL
Também de acordo com o relatório estatístico mensal do Cecafé, o Brasil embarcou 25,323 milhões de sacas no acumulado entre janeiro e o fim de agosto deste ano, apresentando uma queda de 20,9% na comparação com o volume remetido ao exterior nos mesmos oito meses de 2024. Já a receita cambial é recorde para esse intervalo, saltando para US$ 9,668 bilhões no acumulado de 2025.
“O cenário, tanto em agosto, quanto no acumulado do ano, não é tão distinto, com a queda no volume já esperada, pela menor oferta após os embarques recordes em 2024, bem como maiores ingressos de divisas ao caixa do Brasil devido a maiores cotações internacionais, impulsionados pelo equilíbrio entre oferta e demanda há anos e, agora, potencializados pelo tarifaço”, explica.
PRINCIPAIS DESTINOS
A despeito do declínio ao posto de segundo maior comprador dos cafés do Brasil em agosto, os Estados Unidos, no acumulado dos oito primeiros meses de 2025, permanecem como o principal importador do produto brasileiro, com a aquisição de 4,028 milhões de sacas, o que corresponde a 15,9% dos embarques totais e representa declínio de 20,8% na comparação com o intervalo de janeiro ao fim de agosto de 2024.
Completando a lista dos cinco principais destinos dos cafés do Brasil, nos oito primeiros meses deste ano, aparecem Alemanha, com a importação de 3,071 milhões de sacas e queda de 32,9% em relação ao mesmo intervalo de 2024; Itália, com 1,981 milhão de sacas (-23,6%); Japão, com 1,671 milhão de sacas (+15,6%); e Bélgica, com 1,517 milhão de sacas (-48,3%).
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência Safras News
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