A Fitch Ratings revisou para cima suas projeções de crescimento econômico global, após uma diminuição nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Segundo a consultoria, o PIB mundial agora deve crescer 2,2% em 2025 e 2,2% em 2026, embora os números estejam bem abaixo dos 2,9% registrados em 2024 e da média de longo prazo de 2,7%. “Mesmo com essa melhora, a economia global ainda enfrenta forte desaceleração decorrente da guerra comercial mais intensa desde a década de 1930”, afirma a empresa.
Para a Fitch, nos EUA, a previsão de crescimento para 2025 subiu de 1,2% para 1,5%, e os riscos de recessão recuaram, apesar de sinais de enfraquecimento da demanda doméstica. Já a China teve sua projeção elevada de 3,9% para 4,2%, apoiada em estímulos fiscais e ganhos de competitividade externa com a fraqueza do dólar. A zona do euro também deve apresentar leve melhora, passando de 0,6% para 0,8%. No entanto, o quadro geral ainda é de fragilidade na atividade global.
Sobre as tarifas, a Fitch afirma que elas continuam em patamar historicamente alto, em 14,1%, mesmo após ajustes em relação a previsões anteriores que indicavam até 27%. “A política tarifária dos EUA tem sido volátil, com a imposição de taxas diferenciadas sobre China, México e Canadá, além de tarifas ‘recíprocas’ contra diversos parceiros”, diz o relatório. Algumas medidas iniciais foram parcialmente neutralizadas pelas isenções do USMCA, mas ainda assim criaram impactos relevantes no comércio.
“O choque tarifário já é visível nos números: em abril, as tarifas alfandegárias mensais dos Estados Unidos saltaram para US$ 19 bilhões, mais que o triplo dos US$ 6,3 bilhões de 2024, passando a representar 7% de todas as importações”, continua a Fitch. Indicadores de confiança do consumidor, serviços e sondagens empresariais regionais caíram bruscamente, e o índice de incerteza da política econômica atingiu recordes históricos. As intenções de investimento industrial também recuaram fortemente.
A empresa continua afirmando que a política monetária americana, por sua vez, enfrenta dificuldades adicionais. O Federal Reserve deve adotar cautela, não cortando juros de forma acelerada mesmo diante da desaceleração econômica. “O cenário combina tarifas que pressionam a inflação, crescimento menor da força de trabalho e ainda riscos vindos do preço do petróleo”. A Fitch projeta apenas um corte na taxa básica no quarto trimestre de 2025.
Com relação ao petróleo, a volatilidade geopolítica levou a agência a revisar para cima sua projeção média anual do Brent em 2025, de US$ 65 para US$ 70 o barril. “A preocupação vai além da oferta iraniana, envolvendo possíveis bloqueios em importantes rotas de transporte. Caso os preços subam mais, haveria impulso adicional à inflação e desaceleração do crescimento, agravando a combinação de choques tarifários e riscos externos que pressionam a economia mundial”. acrescenta.

