São Paulo, 2 de setembro de 2025 – O presidente Luís Inácio Lula da Silva viajou de Brasília a São Paulo nesta terça-feira para comparecer ao velório do jornalista Mino Carta, que morreu na madrugada de hoje. Em entrevista a jornalistas, Lula disse que espera que seja feita justiça em relação à tentativa de golpe de Estado, minimizou uma possível reação dos Estados Unidos e disse que fez questão de ir ao velório do jornalista por que ele foi um grande companheiro.
“Fiz questão de vir aqui porque é a despedida de um grande companheiro. A gente não escolhe irmão, a gente não escolhe nem pai e nem mãe, agora, companheiro, a gente escolhe. E o Mino Carta foi um cara escolhido para ser meu companheiro”, disse Lula, a jornalistas.
Mais cedo, o presidente já havia prestado uma homenagem ao jornalista, em nota oficial, e decretou luto oficial de três dias.
Em relação ao julgamento que começou nesta terça-feira, do núcleo 1 da trama golpista, que tem o ex-presidente Jair Bolsonaro entre os réus, o presidente disse que “não tem expectativa” e que espera que “o tribunal julgue quem está julgando em função dos autos do processo”. “Ou seja, ninguém está julgando ninguém pessoalmente. Têm os autos do processo, têm delações, provas, e que a pessoa que está sendo acusada tenha direito à presunção da inocência, ele pode se defender, como eu não pude me defender. E não reclamei, não fiquei chorando. Eu fui à luta. Se é inocente, prove que é inocente. Prove que não tem nada a ver com isso que está de bom tamanho”, comentou o presidente.
“O que eu espero é isso, é que seja feita justiça, respeitando o direito da presunção de inocência de quem está sendo julgado. É só isso que eu desejo, para mim e para qualquer inimigo meu. Apenas o direito da presunção de inocência, para que o Brasil fique sabendo da verdade, apenas a verdade”, concluiu sua fala sobre o assunto.
Em relação a possíveis reações dos Estados Unidos ao resultado do julgamento, Lula minimizou. “Não tem por que ficar temendo acusação americana. O que está acontecendo com os Estados Unidos é que ele exacerbou, sabe, qualquer coisa que a gente tinha conhecimento na história da humanidade, de um governo se meter a julgar o comportamento da Justiça de outro país. É um negócio inacreditável. Eu acho que é preciso aprender a respeitar, cada um toma conta do seu terreiro”, respondeu o presidente.
O presidente criticou a a postura do presidente Donald Trump e o acusou de desrespeitar regras. “E eu vou repetir aqui: o Trump não foi eleito para ser imperador do mundo. Ele foi eleito para ser presidente dos Estados Unidos da América do Norte. Ele tem direito a criar as taxas, mas agora, tem regra. Nós temos a OMC [Organização Mundial do Comércio]. Por isso, tem que ser respeitado.”
Lula disse que o Brasil vai recorrer a todos os meios legais para rever as tarifas impostas aos produtos brasileiros pelos EUA e reiterou que continuará a insistir na negociação. “Por isso que o Brasil recorreu à OMC, à Seção 301, a gente vai utilizar todos os mecanismos legais. Eu tenho o Alckmin, o Haddad, e se o Trump estiver disposto a negociar, o Lulinha paz e amor está de volta, por que eu nasci na minha vida política negociando, perdi negociando, ganhei negociando, mas a forma mais responsável e mais justa possível é você sentar em volta de uma mesa e tirar suas divergências e que vença aquele que tiver mais razão e mais argumentos.”
O presidente disse que não tem nenhum interesse em brigar com os Estados Unidos. “Eu tenho interesse em fazer com que essa amizade de 201 anos possa conviver democraticamente mais 201 anos. E eu espero que em algum momento aconteça algo na cabeça do Trump e ele reconheça que tem que negociar com o Brasil, com a China, com a India e com a Venezuela, com todo mundo. Por que o mundo de paz só depende de nós”, finalizou.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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