São Paulo, 25 de agosto de 2025 – A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informa que o saldo total da carteira de crédito deve crescer 0,4% em julho, mantendo o ritmo de expansão anual estável em 10,7%.
A estabilidade em 12 meses deve ser sustentada pela aceleração da carteira PJ, cujo crescimento anual deve passar de 8,8% para 9,8%, com ganho de ritmo tanto nas operações com recursos livres quanto direcionados. A carteira PJ Livre deve retrair 0,3% no mês, queda bem menos intensa que a de julho de 2024 (-1,2%), reflexo das alterações recentes no IOF. Embora julho apresente sazonalidade negativa, o efeito parece ter sido atenuado pelo retorno da demanda pela operação de risco sacado pelas empresas, após a derrubada da medida no Congresso. Lembrando que a medida levou as empresas a anteciparem o uso da linha em maio e reduziu consideravelmente seu uso em junho, quando a nova tributação entrou em vigor. A elevação do IOF, porém, manteve-se válida para as demais modalidades, mantendo fragilizado, por exemplo, o capital de giro, principal componente da carteira.
Já a carteira PJ Direcionada (+1,3%) deve seguir impulsionada pelos programas governamentais e recursos via BNDES, acelerando o ritmo de expansão anual de 13,3% para 14,3%.
No crédito às famílias, o movimento é de perda de fôlego, com o ritmo de expansão anual desacelerando de 11,9% para 11,3%. A carteira Livre deve avançar 0,8% em julho, reduzindo o ritmo anual de 12,4% para 11,8%, ainda em nível elevado. Já a carteira PF Direcionada deve crescer 0,3%, sustentada pelos financiamentos imobiliários, mas com sinais de fraqueza no crédito rural. Com isso, o ritmo de expansão anual deve seguir em acomodação, recuando de 11,3% para 10,7%, segundo a Febraban.
As concessões de crédito devem apresentar alta mensal de 5,5% em julho. Ajustando pelo número de dias úteis, o resultado representa uma retração de 8,2% na margem. A queda no mês (com ajuste de dias úteis) reflete o menor volume destinado tanto às famílias (-6,2%) quanto às empresas (-10,7%).
Na comparação com julho de 2024, que elimina efeitos sazonais, o resultado indica uma alta de 8,5%, voltando a ficar abaixo do patamar de dois dígitos observado nos primeiros meses do ano. No acumulado em 12 meses, o ritmo de crescimento deve desacelerar de 13,9% para 12,7%, reforçando os sinais de acomodação do crédito no período.
“No geral, a estabilidade no ritmo de expansão do saldo de crédito em julho reflete, em boa parte, as alterações das alíquotas do IOF, que alterou o comportamento das empresas. Quando analisados em conjunto com as concessões, no entanto, os dados apontam para uma desaceleração mais ampla do crédito. A carteira PJ Livre deve retomar a trajetória anterior de moderação, após o distúrbio gerado pelas mudanças no IOF. A manutenção da elevação da alíquota para todas as modalidades, com exceção do risco sacado, deve, inclusive, contribuir para amplificar tal movimento. O crédito às famílias apresenta sinais mais claros de acomodação, especialmente em segmentos mais sensíveis à política monetária. A exceção é o crédito direcionado às empresas, que continua sendo impulsionado pelos programas públicos, mas que não deve ser suficiente para impedir a perda de fôlego da carteira total ao longo do 2º semestre”, aponta a Febraban.
Os dados da Pesquisa Especial de Crédito relativos ao mês de julho de 2025 partem de valores consolidados de uma amostra relevante de instituições financeiras, que representam, a depender da carteira de crédito, de 46% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional. Os valores reportados são ajustados por modelos econométricos.Os resultados da Pesquisa Especial de Crédito são divulgados com antecedência de alguns dias à nota para a imprensa do Banco Central (BC). A divulgação das Estatísticas Monetárias e de Crédito pelo Banco Central está programada para o dia 27 de agosto.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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