São Paulo -A Bolsa fechou em forte alta, em uma semana difícil no cenário político interno, conseguiu subir mais de 3 mil pontos sob influência do exterior com a sinalização do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que o corte de juros pode vir na reunião de setembro, dias 16 e 17.
Somado a isso, uma trégua no ambiente doméstico e ações do índice baratas ajudaram no bom humor. Na semana, o Ibovespa avançou 1,19%.
Todas as 87 ações da carteira teórica do Ibovespa subiram. O presidente do Fed disse que com a política em território restritivo, o cenário-base e o balanço de riscos em mudança podem justificar o ajuste de nossa postura de política.
O principal índice da B3 subiu 2,57%, aos 137.968,15 pontos. Às 17h13 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro com vencimento em outubro tinha ganho de 2,62%, aos 140.740 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.
Felipe SantAnna, especialista em mercado financeiro do grupo Axia Investing, disse que falas de Powell, melhora do cenário interno e preço das ações ajudaram nesse bom humor.
“O dia é de descompressão. Tudo estava muito comprimido e não era possível mais achar caminho positivo em meio à Lei Magnitsky, crise nos bancos e STF, mas deu uma esfriada no cenário interno nessas 24 horas. Praticamente todas as ações da cesta do Ibovespa sobem. A alta vem na esteira das falas do Powell deixando a porta aberta para corte na reunião de setembro. O dinheiro vai sair de lá e pode vir para o Brasil já que a Selic está em 15% e ações baratas. Vamos ver como o mercado vai se comportar na segunda. Tudo depende de uma “paz” entre os poderes”.
Para SantAnna, a decisão de corte de juros nos Estados Unidos não tem relação direta com a do Banco Central.
“Para que o BC corte juros, são muitas variáveis. É necessário que a inflação caía aqui, e na semana que vem tem IGP-M, IPCA-15, e o mercado está de olho no emprego para ver se manterá forte. É positivo o corte lá fora porque o fluxo vem pra cá”.
Patrick Buss, operador de renda da Manchester Investimentos, disse quer o mercado responde positivamente às sinalizações de Powell sobre corte de juros em setembro.
“A sinalização de que pode ter corte de juros em setembro veio, principalmente, por questões envolvendo desaceleração considerável do PIB e expectativa de redução do emprego. Após o início das falas de Powell, houve aumento das apostas em 75% para corte de juros de 0,25pp. Com o corte nos EUA, a bre porta para a redução da Selic. Os bancos derreteram essa semana por conta da Lei Magnitsky, hoje estão retomando todos os preços e vão surfar essa alta do Ibovespa”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,95%, cotado a R$ 5,4253. A moeda refletiu, ao longo da sessão, as falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, na parte da manhã, durante o simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos. Na semana, a divisa estadunidense avançou 0,49%.
O banqueiro central disse que a “política monetária deve olhar para a frente e ponderar os efeitos atrasados na economia” e que as “mudanças nos riscos podem sugerir mudanças na política monetária”.
Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “o mercado de trabalho norte-americano começa a dar sinais de desaquecimento. Neste cenário, eles vão começar a cortar juros. A dúvida é se serão dois ou três cortes”.
Komura acredita que o dólar estacione no patamar de R$ 5,40, impulsionado pela Selic (taxa básica de juros) generosa: “Deve ter uma ajuste de expectativa em relação à taxa Selic terminal abaixo dos 12%”, projeta.
Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, falas de Powell abrem as portas para que os cortes comecem na reunião na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em setembro: “A grande dúvida é quando começa. Depende muito do próximo payroll. Não está claro se será em setembro, mas irá acontecer [este ano]”.
Borsoi explica que o Fed está divido entre a ala dovish e a hawkish. Na opinião do economista, o banqueiro central pende a ser dovish, tendo atualmente mais preocupação com o mercado de trabalho do que com a inflação, o que aumenta as expectativas sobre o próximo payroll, no dia 5 de setembro.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. A sexta foi marcada pela fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, que abriu espaço para corte de juros em setembro nos Estados Unidos.
Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,900% de 14,905% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,970%, de 14,080%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,300%, de 13,430%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,280% de 13,410% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, depois que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou que o banco central pode começar a afrouxar a política monetária já no próximo mês.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,89%, 45.631,74 pontos
Nasdaq 100: +1,88%, 21.496,53 pontos
S&P 500: +1,52%, 6.466,91 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo /Safras News

