São Paulo -A Bolsa fechou em tímida queda, praticamente estável, atingindo a mínima de 133.874,43 e máxima de 134.836,72 pontos, com os agentes financeiros mantendo uma postura cautelosa em meio às incertezas no cenário político doméstico e com o setor financeiro registrando mais uma sessão em baixa. A Vale conseguiu encerrar no positivo. O mercado fica à espera do simpósio de Jackson Hole.
Em relação às ações, Bradesco (ON, -0,29% e PN, -0,31%); Itaú (PN, +0,11%) e BTGPactual (BPAC11, -0,95%). Banco do Brasil (ON, -0,85%).
Na ponta positiva, Embraer (ON, +1,15%); Vale (ON, +0,84%) e Petrobras (ON, -0,09%; PN, +0,23%)
O principal índice da B3 caiu 0,11%, aos 134.510,85 pontos. Às 17h21 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuava 0,05%, aos 137.025 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no negativo.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que o mercado fechou perto da estabilidade.
“O dia foi de digerir as notícias sobre o posicionamento do Dino em relação aos bancos, com o mercado absorvendo a pesquisa Quaest com Lula abrindo um pouco de vantagem [frente aos possíveis candidatos] e os investidores tentando prever os próximos momentos. Os bancos tentaram reagir, mas não conseguiram. O setor de commodities melhorou. Mas o mercado segue cético com o imbróglio Brasil e EUA. O que acabou pesando também foi sobre quando vai começar a cair juros nos EUA. As expectativas de corte de juros em setembro tiveram redução, mercado espera falas do Powell amanhã”.
Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital, disse que “o Ibovespa demonstra sinal de fraqueza com baixíssimo fluxo. O investidor estrangeiro segue cauteloso, e sem esse suporte o mercado local fica mais frágil. Vemos mais um dia difícil para o setor financeiro por conta do ambiente geral de incerteza, com receio de sanções e multas que podem vir de fora e o embate com o STF”.
O head de renda variável e sócio da GT Capital ressaltou que o cenário político “deixa cada vez mais os investidores de cabelos em pé. A decisão recente do ministro Flávio Dino ainda gera desconforto sobre a segurança jurídica. O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro adiciona ruído e eleva a tensão institucional, especialmente depois da revelação de que teria preparado um pedido de asilo. E a pesquisa Quaest, mostrando Lula à frente e vencendo em cenários de segundo turno, também está no radar porque o mercado lê isso como sinal de continuidade da agenda atual, com todos os desafios fiscais conhecidos”.
Mais cedo, foram divulgados dados de atividade nos estados Unidos mistos. O PMI composto, que agrega dados sobre a atividade dos setores industrial e de serviços, subiu para 55,4 pontos em agosto em leitura preliminar, ante 55,1 pontos em julho. “Isso mostra que a economia americana segue em expansão, e Isso reforça a visão de que os EUA ainda têm crescimento para entregar”, disse
Para Régis Chinchila, analista de research da Terra Investimentos, o Ibovespa cai refletindo a cautela do investidor com o cenário doméstico e externo.
“O investidor digere a pesquisa Genial/Quaest de intenção de voto para presidente em 2026 em que reforçou a liderança de Lula, mas apontou Tarcísio como nome mais competitivo da direita em eventual segundo turno, ainda que com perda de fôlego. O mercado fica de olho na agenda do Congresso inclui o PL [Projeto de Lei], que prevê isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil. E, os bancos recuam com Bradesco, BTG e Banco do Brasil entre as principais quedas, após notícias envolvendo possíveis impactos da Lei Magnitsky sobre instituições financeiras. Petrobras também contribui negativamente, em meio à especulação sobre ampliar participação na Braskem”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,10%, cotado a R$ 5,4774. A sessão foi marcada pela expectativa com o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), amanhã, no simpósio de Jackson Hole.
Além disso, observa o economista da Valor Investimentos Ian Lopes, o mercado também aguarda pelo desfecho da situação envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, assim como a Lei Magnitsky, que atinge diretamente os bancos.
Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o movimento de câmbio doméstico está “enrolado” há três dias, refletindo as indefinições tanto locais quanto globais, em especial a expectativa por um corte de juros nos Estados Unidos já em setembro.
Borsoi explica que o dólar ganha força globalmente, com indícios de que a economia estadunidense acelerada: “Só do dólar estar de lado já é uma boa notícia”, observa.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta. A sessão foi marcada pela expectativa com o simpósio de Jackson Hole, que ocorre entre hoje e quinta nos Estados Unidos, e que amanhã, durante o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, pode dar indícios sobre os próximos passos da política monetária norte-americana.
Por volta das 16h29 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,910% de 14,905% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,085%, de 14,035%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,435%, de 13,375%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,420% de 13,340% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, enquanto os investidores aguardam o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, amanhã.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,34%, 44.785,50 pontos
Nasdaq 100: -0,34%, 21.100,31 pontos
S&P 500: -0,40%, 6.370,17 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News

