São Paulo, 13 de agosto de 2025 – Ao discursar na cerimônia de assinatura da Medida Provisória (MP) Brasil Soberano, que propõe medidas para apoiar o setor produtivo afetado pelo tarifaço imposto por Donald Trump, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, disse aos representantes da Câmara e do Senado, “agora a bola está com vocês”. “Quanto mais rápido vocês assinarem essa MP, melhor será para o País e para os setores afetados”, disse Lula.
O presidente disse que não irá admitir a acusação feita pelo governo dos EUA de que o Brasil não respeita os direitos humanos. “O que está sendo jogado fora é uma relação de 200 anos entre Brasil e EUA”, discursou Lula.
O presidente destacou o trabalho de abertura de mercados feito pelo Ministério da Agricultura e Pecuária na gestão do ministro Carlos Fávaro. “O Fávaro me disse que estamos fazendo 400 acordos em 2,5 anos”, comemorou Lula. “Nós não estamos anunciando reciprocidade, estamos procurando aproximar a relação com EUA”, disse.
Lula ressaltou a soberania nacional e a busca por negociação pelo seu governo. “Precisamos exigir que a nossa soberania é intocável. Vamos olhar o que está acontecendo no país que acusa o Brasil”, disse o presidente brasileiro.
“Faremos o que estiver ao nosso alcance em relação à injustiça que estamos sofrendo, mas se os EUA não quiserem comprar, vamos vender para outros países”, disse Lula.
“Temos muito o que aprender com a India”, disse Lula, que chamou atenção ao fato de que a India é considerada “pró-EUA” mas foi penalizada com tarifa de 50%. “O mundo é grande está ávido para fazer negociações com o Brasil”, cravou Lula. “Vamos discutir dentro dos Brics como melhorar a relação entre os países afetados pelas tarifas”, anunciou Lula, que disse que fará uma teleconferência com os países em breve.
Lula lembrou que o motivo do tarifaço imposto pelos EUA ao Brasil não é comercial, e que o debate que está em andamento “não é econômico, é ideológico”. “O Brasil está julgando alguém que mais bagunçou as eleições brasileiras.”
“A aposta que o governo dos EUA está fazendo pode não dar certo para eles”, disse Lula, que citou aumento do preço da carne nos EUA.
Lula também citou aumento do PIB industrial e a intenção de vender produtos que seriam exportados aos EUA no mercado interno. “Vamos continuar melhorando a nossa produção. E se não conseguirmos exportar, vamos vender para o mercado interno”, afirmou.
Haddad: ‘Brasil está sendo sancionados pelos Estados Unidos por ser um país democrático’
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil está sendo sancionados pelos Estados Unidos por ser um país democrático, ao discursar na cerimônia de assinatura, pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, da Medida Provisória (MP) Brasil Soberano, que propõe medidas para apoiar o setor produtivo afetado pelo tarifaço imposto por Donald Trump. O ministro disse que a medida vai atender setores mais afetados pelo tarifaço.
Haddad disse que a principal medida de apoio ao setor exportador será a Reforma Tributária, que entrará em vigor a partir de 2027 e que as medidas anunciadas hoje vão apoiar, principalmente, as pequenas e médias empresas.
Em relação ao drawback, já comentado pelo presidente Lula, Haddad disse que a medida estende o prazo para que o exportador não perca o crédito tributário. A MP também propõe que União, estados e municípios possam comprar produtos perecíveis para a merenda escolar.
Haddad disse que o governo também está atento para apoiar setores que não estão no radar. “Setores que não estão no radar, mas que podem vir a entar, como algodão e soja, podem acarretar problemas externos. Mas o setor produtivo poderá continuar contando com o governo”, acrescentou Haddad.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, disse que está trabalhando muito próximo ao ministro Alckmin e comemorou as medidas anunciadas hoje, que avaliou como “paliativas”. O executivo disse que a entidade também trabalha com um escritório da advocacia para medidas judiciais contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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