São Paulo, 29 de julho de 2025 – Em entrevista coletiva, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, comentou sobre a reunião que teve nesta terça-feira com o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT-CE), com os representantes das big techs e sobre a declaração do secretário do comércio americano, Howard Lutnick.
“O maior exportador para o Estados Unidos é São Paulo. O segundo é o Rio de Janeiro. Mas, proporcionalmente, o Estado que proporcionalmente mais exporta [para os EUA] é o Ceará”, disse Alckmin, no início da sua fala aos jornalistas. “45% das exportações do Estado do Ceará são dirigidas aos Estados Unidos, das quais de aço, pescado, camarão, caju, enfim, um conjunto de máquinas, pás eólicas.”
Participaram da reunião a Federação das Indústrias do Ceará e os representantes das principais empresas exportadoras. O vice também se reuniu com a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), que é o segundo estado brasileiro em volume de exportação, e empresas de tecnologia.
“Nós já tínhamos tido um encontro com as empresas de tecnologia e eles ficaram de fazer uma pauta. E hoje nós tivemos, então, uma segunda reunião”, explicou.
Alckmin comentou sobre os temas da carta enviada pelo presidente Donald Trump ao presidente Lula. “Vejam que na naquele documento que o presidente Trump publicou nas redes sociais, ele referia a três coisas: ao julgamento do ex-presidente, às big techs e à questão tarifária, que teriam déficit, uma dificuldade com o Brasil.”
“A primeira questão da Suprema Corte, o Executivo não tem nenhuma interferência no poder judiciário que é um outro poder. A separação dos poderes é pedra basilar do estado de direito.”
“A segunda [big techs], eu disse ao Secretário de Comércio, Howard Lutnick, que nós estaríamos à inteira disposição para conversar. Então, marquei a reunião, vieram aqui as empresas e hoje nós reunimos pela segunda vez, Meta, Google, Amazon, Apple, Visa, Expedia e eles trouxeram uma pauta: segurança jurídica, inovação tecnológica, ambiente regulatório, enfim, foi uma boa reunião. Participaram também outros órgãos de governo, porque essa é uma pauta que envolve não só o Poder Executivo, mas também o Legislativo e o Judiciário”, explicou o vice.
Alckmin disse que ontem (28), na conversa com o secretário Lutnick, disse que teria um segundo encontro com as empresas de tecnologia americana e ele pediu para que um representante dos Estados Unidos participasse. Segundo Alckmin, o representante da Secretaria de Comércio, Secretaria do Estado, participou também da da reunião por vídeoconferência. “Foi uma uma reunião bastante proveitosa. Tiramos até uma mesa de trabalho para discutir em seguida uma série de questões voltadas à questão das big techs.
“E sobre a questão tarifária, estamos empenhados em evitar que tenhamos uma tarifa totalmente injustificável, de 50%”, reiterou o vice-presidente.
Ao ser questionado sobre as declarações do secretário do comércio americano, Howard Lutnick, à CNBC, dizendo que existe a possibilidade de apresentar alguns produtos como o café e empresas como a Embraer, possam ficar isentos de tarifas, Alckmin disse que o governo está trabalhando para que a diminuição da alíquota seja para todos.
“Não tem justificativa você ter uma alíquota de 50% para um país que é um grande comprador de você. Você tem uma balança comercial superavitária. E continua: de janeiro a junho, a nossa exportação para os Estados Unidos cresceu 4,8%. A dos Estados Unidos para nós cresceu quase 12%, 11,7%. Então nós queremos uma redução tarifária para todos, evitar, né, que isso seja implementado.”
Ao ser questionado se houve alguma sinalização ou tendência dos representantes dos EUA para rever a questão tarifária até sexta-feira, Alckmin disse: “Nós queremos e avançar em todas as convergências. Nós temos muito mais convergência do que divergência”, frisou. “Não há razão para ter essa questão tarifária. Nos parece totalmente equivocada e nós podemos sair de um perde perde, que também não é bom para os Estados Unidos. Você vai encarecer os produtos americanos. Vai encarecer, levar a inflação que é ruim e também prejudicar as nossas vendas.”
Em relação às big techs, Alckmin disse que é um tema que precisa de regulamentação e que isso está em discussão no mundo inteiro. Para o vice, não há por que ter pressa nessa discussão e comparou com a regulamentação do Código de Defesa do Consumidor.
“Nós não devemos ter muita pressa nisso. Eu acho que a gente deve verificar a legislação comparada e ouvir, ouvir e dialogar. E dá para mudar alguma coisa do Supremo Tribunal nessa regulamentação? Dá para alterar alguma coisa?”, disse.
Alckmin disse que o governo está propondo uma mesa de trabalho, que vai verificar as seguintes pautas propostas pelas empresas: ambiente regulatório, inovação tecnológica, oportunidade econômica e segurança jurídica.
Por fim, o vice disse que o plano de contingência que está sendo trabalhado pelo governo só deve ser discutido se as negociações para evitar a tarifa de 50%. “E nós não vamos esmorecer, vamos trabalhar permanentemente para evitar que isso ocorra”, concluiu.
Quem participou das reuniões
De acordo com a agenda informada pelo MDIC, os agentes privados participantes da reunião das big techs nesta terça-feira foram: Igor Luna, representando Consultor Jurídico da Câmara Brasileira da Economia Digital; Gustavo Lage Noman, representando Vice-presidente de Assuntos Governamentais da Visa; Márcia Miya, representando Government Affairs Manager na Apple; João Barroso, representando Head de Políticas Públicas Amazon Brasil; Gustavo Dias, representando Head Jurídico e de Relações Institucionais América Latina da Expedia; Marcelo Lacerda, representando Diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas do Google no Brasil; Yana Dumaresq, representando Diretora de Políticas Públicas; Juliana Moura Bueno representando Gerente de Políticas Públicas do Google Brasil; e Wanderley Mariz, representando Head de relacionamento com Poder Executivo da Meta.
Na reunião com o governo do Estado do Ceará, participaram: José Ricardo Montenegro Cavalcante representando Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará FAEC – José Gonçalves Feitosa representando OAB/CE – José Amílcar de Araújo Silveira representando Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC) – Carlos Rubens Araújo Alencar representando , Presidente do Sindicato das Indústrias de Mármores e Granitos do Estado do Ceará (SIMAGRAN) – José Gonçalves Feitosa representando Vice-Presidente da FAEC – Darlan Moreira Maciel Filho representando Coordenador Legislativo da FIEC – Rita Luiza Marinho Grangeiro representando Empresária Industrial do Setor de Água de Coco – André Luiz Pinto representando Representante da Grendene – Erick Torres Bispo dos Santos representando Representante da ArcelorMittal – Felipe Soares Gurgel representando Representante da Durametal (Autopeças) – Jorge Luiz Oliveira representando Representante da ArcelorMittal – Luiz Eduardo Mattos Mendes representando Representante da Bermas – Marcelo Alexandre Rodrigues de Matos representando Representante da Aeris – Paulo de Tarso Theophilo Gonçalves Neto representando , Representante da COMPEX Indústria de Pesca e Exportação Ltda.
Os agentes privados participantes da Firjan foram Luiz Césio Caetano Alves, representando o presidente da federação; Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira representando Presidente do Conselho Superior da Firjan e Patrícia Nepomuceno representando Gerente de Relações Institucionais da Firjan.
O nome do representante da Secretaria de Comércio dos Estados Unidos que participou por videoconferência não foi divulgado.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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