São Paulo, 29 de julho de 2025 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne hoje e amanhã para discutir o futuro da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, para os próximos 45 dias. A decisão será anunciado no final da quarta, a partir das 18h30.
Na avaliação da maior parte do mercado, a Selic deverá ser mantida em 15% ao ano. O mercado vai voltar as suas atenções para o comunicado, esperando algum sinal do Comitê sobre os próximos passos a serem tomados.
Ontem, o boletim Focus do Banco Central, que compila as projeções do mercado, manteve a sua estimativa para a Selic no final do ano em 15% ao ano. Diante dos sinais de desaceleração da economia, a dúvida neste momento é saber se o ciclo de cortes terá início ainda neste ano ou será adiado para 2026.
A expectativa da Warren é de que o Copom mantenha a taxa Selic no atual patamar de 15%, reforçando o compromisso com a convergência da inflação para o centro da meta. Segundo o documento, a ata da reunião anterior já havia deixado claro que o Comitê considera o nível atual suficientemente contracionista e que os efeitos do aperto monetárioainda estão em curso.
Como a manutenção da taxa já é amplamente precificada, o foco estará no conteúdo e no tom da mensagem. “É natural que o mercado discuta quando o BC estará em condições de cortar juros e, nesse contexto, alguma forma de forward guidance, ainda que leve, pode ser útil. Acreditamos que o Copom deve manter o discurso prudente, reiterando a necessidade de observar os efeitos defasados da política monetária e a importância de manter a taxa em nível restritivo por tempo suficientemente prolongado”.
No cenário da Warren, o Banco Central só estará em condições de cortar juros após o primeiro trimestre de 2026. Para a empresa, a conjuntura internacional e o cenário fiscal também devem seguir no radar. “O Copom pode abordar em seu balanço os riscos relacionados às novas tarifas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos, inclusive contra o Brasil, destacando incertezas sobre seus efeitos em inflação, atividade e câmbio. No campo fiscal, espera-se a manutenção do diagnóstico da última ata, com ênfase nos desafios estruturais do orçamento e na importância da redução de gastos tributários para a sustentabilidade da dívida”, conclui.
O Bank of America (BofA) também trabalha com manutenção da Selic. Em relatório, o banco lembra que o BC sinalizou na última reunião que pretendia manter os juros em nível elevado por um período prolongado. “No entanto, isso foi antes de o presidente Trump anunciar a imposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os EUA, com início em 1º de agosto”, ressalva.
As expectativas de inflação para 2025 e 2026 foram revisadas para baixo desde a reunião de junho. Dado o novo horizonte relevante da política monetária (que agora inclui o 1T27), a projeção de inflação do BCB pode recuar para 3,4%. “Mantemos nossa expectativa de início do ciclo de flexibilização em dezembro”.
Os dados desde a última reunião do Copom foram majoritariamente benignos para as perspectivas de inflação. Leituras do IPCA vieram em linha ou abaixo das expectativas, com uma abertura favorável. A deflação no atacado indica alívio adicional adiante. A atividade doméstica continua sólida, mas há sinais de desaceleração. A avaliação é da XP.
A XP trabalha com cenário que prevê cortes de juros a partir de janeiro, até 12,50% ao final de 2026. “Para que a taxa básica se aproxime do seu nível neutro – que estimamos em 5,5% em termos reais , será necessário maior progresso no reequilíbrio do hiato do produto e (principalmente) nas perspectivas de reformas fiscais a partir de 2027”, conclui.
O Copom deve manter a Selic até o início de 2026, com possibilidade de cortes apenas a partir do 1T26, caso o quadro inflacionário demonstre desaceleração consistente. A avaliação é de Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
“Nos próximos meses, a nossa expectativa é de que haja uma tendência de queda da atividade, refletindo de forma mais relevante o impacto dos juros, a redução do crédito e a própria perda de dinamismo da economia. Em nossa visão, o hiato do produto voltará ao patamar negativo no 4T25,
sendo um fator essencial para o início da discussão de cortes de juros em 2026″, complementa o economista.
O Copom deve manter a Selic em 15% ao ano na reunião de julho, conforme amplamente sinalizado. Desde a decisão de junho, a comunicação foi clara ao condicionar a interrupção do ciclo de aperto à confirmação do cenário prospectivo, ao mesmo tempo em que reiterou o compromisso com uma política monetária significativamente contracionista por um período bastante prolongado. A avaliação faz parte de relatório do BTG.
Na avaliação do BTG, a comunicação deve reforçar que eventuais ajustes na taxa de juros seguirão condicionados à evidência de convergência sustentada da inflação para a meta, enfatizando que, em um ambiente de expectativas desancoradas, esse processo requer a manutenção da política monetária em território significativamente contracionista por um período prolongado.”Ademais, deve reconhecer o choque tarifário imposto pelos EUA como um vetor adicional de incerteza, com potenciais impactos sobre preços relativos, taxa de câmbio e confiança, a depender dos desdobramentos à frente”, completou.
Dylan Della Pasqua / Safras News
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