São Paulo, SP – Os índices futuros americano abriram em instabilidade e as bolsas europeias em queda. O mercado fica de olho, nesta terça-feira, ao discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, durante evento em Washington. As críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Powell têm se intensificado nos últimos dias. O presidente pressionou o chair do Fed a reduzir os juros e, recentemente, atacou os custos da reforma da sede da instituição em Washington – um projeto de US$ 2,5 bilhões que ultrapassou o
orçamento. Trump sugeriu haver fraude no processo e indicou que isso poderia justificar a remoção de Powell do cargo.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou ontem que o Fed precisa ser examinado como instituição e avaliado quanto à sua eficácia. Ele evitou comentar uma reportagem que sugeria que ele teria aconselhado Trump a não demitir Powell, afirmando que essa seria uma decisão exclusiva do presidente. No entanto, destacou a necessidade de revisar o papel e o desempenho da autoridade monetária. “Acredito que o que precisamos fazer é examinar toda a instituição do Federal Reserve e se ela teve sucesso”, disse. Segundo o secretário, há exagero
nas preocupações sobre os impactos das tarifas sobre a inflação. “Há muito alarmismo sobre tarifas, mas vimos pouco ou nenhum efeito inflacionário até agora”, afirmou. Bessent deve abordar o tema nesta noite, em um discurso no Fed, durante uma conferência regulatória.
Para o presidente do Fed Chicago, Austan Goolsbee, os juros do banco poderão ser reduzidos a partir do ano que vem. Em entrevista ao podcast diário do Daily Wire, Goolsbee afirmou estar “um pouco cauteloso” diante dos sinais de que as tarifas têm elevado a inflação de bens, de acordo com o índice de preços ao consumidor de junho. Apesar dessa preocupação, o dirigente avaliou que o quadro econômico geral segue positivo. Segundo Goolsbee, as mudanças recentes nas políticas econômicas têm gerado incertezas, mas não o suficiente para afastar o Fed do objetivo de trazer a inflação de volta à meta de 2%. “Ainda vejo cenário para eventuais cortes de juros daqui a cerca
de um ano, caso as tendências atuais se mantenham”, declarou o presidente do Fed regional.
Ainda nos EUA, os investidores ficam atento à temporada de balanços com os resultados do segundo trimestre. Nesta semana saem os números da LVMH, Equinor, Anglo American, Roche, Nestlé, TotalEnergies, Volkswagen, Verizon, Lockheed Martin, Coca-Cola, General Motors, Alphabet, Tesla, GE Vernova, AT&T, IBM, Intel e DOW.
Por aqui, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a guerra tarifária entre o Brasil e os Estados Unidos vai começar quando ele responder o presidente norte-americano, Donald Trump. Ele afirmou que, além dos ministros que trabalham pela resolução da questão, “os empresários precisam conversar com as suas contrapartes nos Estados Unidos, por que quem vai sofrer com isso são os próprio empresários”.
O presidente também mencionou a falta de conhecimento de Trump em relação ao superávit comercial. “Ou seja, o Brasil tem um déficit de US$ 400 bilhões em 15 anos. Ele tem que levar isso em conta. E tem que levar em conta que a nossa relação é muito forte, muito diplomática.” Lula também rebateu as críticas de que é ‘radical’ e disse que teve boas relações com os ex-presidentes anteriores a Donald Trump, Bill Clinton, George W. Bush e Joe Biden. “Se ele quiser, a nossa relação será a melhor possível. Acontece que dois chefes de Estado precisam conversar. Não acho errado ele defender os interesses dos Estados Unidos, mas eu também defendo os interesses do Brasil.”
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou retaliações automáticas aos EUA, mas disse que o governo está se preparando para diferentes cenários. “Temos planos de contingência para qualquer decisão que venha a ser tomada pelo presidente Lula. Planos de contingência somos obrigados a fazer, é uma situação emergencial que não se imaginava há 15 dias.” Segundo ele, as ações não visam retaliação, mas sim coerência: “Nosso objetivo não é retaliar, e sim chamar a atenção porque essas ações são contraproducentes”.
Haddad ressaltou que os planos de contingência de auxílio a setores não irão impactar a meta fiscal de 2026. “Não prevemos revisão de meta fiscal para 2026, vamos entregar o melhor resultado fiscal do Brasil dos últimos 12 anos. Vamos perseguir as metas de emprego, renda, crescimento até o final do mandato”, afirmou.
Por fim, hoje, os Ministérios da Fazenda e do do Planejamento devem apresentar o segundo Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias de 2025. O governo não informou que horas divulgará as informações. Este era para ser o terceiro relatório do ano, mas com o atraso na aprovação do Orçamento e sanção da peça apenas em abril, a primeira publicação só ocorreu em maio.
No setor corporativo, a Sabesp informou que seu Conselho de Administração aprovou a
realização da 35 emissão de debêntures simples, em série única, no valor total de R$ 1
bilhão. A oferta será destinada exclusivamente a investidores profissionais. O processo de
estruturação da oferta e distribuição das debêntures será conduzido por instituição
financeira integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários. A Emissão é realizada
no âmbito do “Programa Eco Invest Brasil”, que visa a promoção de investimentos em projetos que
promovam a transição para uma economia sustentável
A Embraer registrou uma carteira de pedidos de US$29,7 bilhões no segundo trimestre de 2025 (2T25)
o maior nível já registrado pela empresa e um aumento de 40% na comparação com o mesmo período
de 2024. A fabricante entregou um total de 61 aeronaves no período, considerando todas as suas
unidades de negócios. O resultado representa um aumento de 30% em relação ao 2T24, quando foram
entregues 47 aviões, e mais que o dobro do número registrado no 1T25, com 30 aeronaves.
A Copel informa o desempenho da companhia no mercado de energia no segundo trimestre de 2025. O
consumo de energia elétrica no mercado fio da Copel Distribuição caiu 0,7% em comparação com o
mesmo período do ano passado, principalmente, devido ao clima mais ameno observado nesse ano, que
reduziu a demanda nos segmentos residencial e comercial. Por outro lado, o segmento industrial teve
um desempenho melhor, ajudando a compensar parte dessa redução e mostrando a força e resiliência
da economia na área atendida pela Copel.
O consumo consolidado de energia elétrica, cativo e livre, incluindo a receita não faturada (3.330
GWh) do Grupo Energisa cresceu 7,0% em relação ao mesmo mês do ano anterior, impactado,
principalmente, pelas classes residencial e a industrial. Já o crescimento do consumo,
desconsiderando a receita não-faturada, apresentou evolução de 1,6% e totalizou 3.355 GWh. A
maioria dos dias com temperaturas acima média, sobretudo no Mato Grosso e Rondônia contribuiu, bem
como bom desempenho das indústrias de alimentos, minerais e óleo &gás, impulsionadas por novas
cargas, ampliações e aumento da produção.
O primeiro semestre de 2025 no Porto de Santos foi marcado pela manutenção do recorde de
movimentação de contêineres. O aumento em relação a 2024 é de 7,8% com a passagem de 2,8
milhões de TEU (twenty foot equivalent unit, medida padrão internacional), contra 2,6 milhões na
primeira metade de 2024.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) obteve liminar na Justiça do Trabalho de Marau contra a
BRF S.A., que obriga a empresa a adequar as condições de trabalho relacionadas à movimentação
manual de cargas em Marau (RS). A decisão do juiz Bruno Luis Bressiani Martins estabelece prazos
para o cumprimento das obrigações, sob pena de multa.
A Genial prevê que a Suzano reporte um lucro contábil de R$ 4,8 bilhões no segundo trimestre de
2025, queda de 23,8% em relação ao 1T25 e reversão de prejuízo contábil na comparação anual,
influenciado pela redução do efeito positivo da variação cambial sobre a dívida em dólares
(USD) e outros dispositivos de hedge, diante da desaceleração da taxa de câmbio USD/BRL EoP.
Apesar da compressão sequencial, vale mencionar que os efeitos financeiros são não-caixa.
Portanto, a redução de lucro sequencial não deve causar impressão negativa aos investidores,
avalia a Genial.
O Itaú BBA divulgou um relatório com as perspectivas para o setor de vestuário, que se mostrou
positivamente resiliente durante a primeira metade de 2025. Segundo o banco de investimentos, a
combinação de um clima favorável (tanto para receita, quanto para margem bruta) e competição
cross- border (com varejistas internacionais) mais suave abriu espaço para revisões de lucro ao
longo do primeiro semestre, razão pela qual as estimativas de lucro para 2026 da Lojas Renner foram
elevadas para 10,8 vezes o preço em relação ao lucro (P/L), C&A para 8,9 vezes e Guararapes para
7,9 vezes, ajustado pela subvenção de ICMS e créditos fiscais.
Emerson Lopes / Safras News
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