Porto Alegre, 18 de julho de 2025 – O Brasil encerrou a temporada 2024/25 ao final de junho com embarques de 45,6 milhões de sacas de 60 quilos de café, com queda de 3,9% no comparativo com o ano safra 2023/24. Esse foi o terceiro melhor desempenho na história, ficando atrás apenas da safra anterior e de 2020/21. Os dados partiram do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)
Segundo o Cecafé, o país obteve o maior valor da história com os embarques do produto nos 12 meses do ano safra 2024/25. As remessas ao exterior renderam US$ 14,728 bilhões, com aumento de 49,5% na comparação com os US$ 9,849 bilhões do recorde anterior, alcançado entre julho de 2023 e o final de junho de 2024.
“Os preços, principalmente no segundo semestre de 2024, foram bastante impulsionados por menores potenciais produtivos nos principais produtores mundiais, fato que se observou ao longo de praticamente os últimos cinco anos, quando extremos climáticos afetaram cafezais de Brasil, Vietnã, Colômbia e Indonésia. Isso proporcionou uma elevação significativa no valor do café e potencializou a receita cambial recorde de nossas exportações”, analisa o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
“A terceira marca na história das exportações brasileiras de café é significativa, uma vez que foi alcançada diante de conflitos geopolíticos, que geram ainda mais desafios na logística comercial em todo o mundo, e de um cenário de infraestrutura defasada nos portos do Brasil, que geram sucessivos atrasos e alterações de escala, resultando em não consolidação de embarques e enormes prejuízos aos exportadores brasileiros devido a taxas imprevistas de sobre-estadia e armazenagem extra”, aponta.
“Além disso – completa Ferreira –, temos visto a chegada de regulamentos socioambientais no comércio global, principalmente na Europa, para onde mantivemos exportações superiores a 23 milhões de sacas, ou mais da metade do total, o que evidencia o caráter sustentável dos cafés do Brasil”.
Os Estados Unidos lideraram o ranking dos principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil na safra 2024/25, adquirindo 7,468 milhões de sacas. Esse volume representa alta de 5,65% na comparação com os 12 meses da temporada anterior e corresponde a 16,4% das exportações totais de café do país.
O Cecafé vem trabalhando intensamente com as autoridades brasileiras, com o governo e setor privado, e com a indústria do café dos Estados Unidos, na busca de negociações diante da tarifa de 50% imposta pelo governo Donald Trump nas importações de todos os produtos brasileiros. Um dos principais produtos impactos é o café. Os EUA são o maior destino individual das exportações brasileiras de café e o Brasil, por sua vez, o principal fornecedor para os EUA.
Os EUA são os maiores consumidores de café do mundo, passando de 25 milhões de sacas ao ano.
Em entrevista na divulgação do balanço das exportações brasileiras de café na temporada 2024/25, o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, destacou que ainda é prematuro falar nos efeitos para os embarques do país com essa tarifa, que entra em vigor em 01 de agosto. “Assim como o café é muito importante para o Brasil, é de extrema importância para os Estados Unidos. Ainda não trabalhamos com a hipótese de ruptura nas exportações para os Estados Unidos”, apontou.
Ele ponderou que há respeito dos importadores americanos pelo café brasileiro, destacadamente pela qualidade. “Não vislumbramos isso (paralisação de embarques) na mesa das negociações”, avaliou Ferreira. Comentou ainda que as incertezas geram cautela entre os agentes, o que é normal, mas não há o pensamento entre os exportadores de paralisação de embarques. Admite que há tensão, é claro, com essas notícias.
Sobre uma possível busca de outros mercados para embarcar o café que eventualmente não vá para os Estados Unidos, Ferreira ratificou que não espera um travamento completo nos embarques. “Queremos que o Brasil produza mais e por isso sempre pensamos em outras opções”, complementou. “Teremos sucesso nas negociações”, indicou.
O diretor geral do Cecafé, Marcos Matos, afirmou que as negociações são positivas para ambos, Brasil e EUA. “Os dois países dependem que se mantenha o fluxo”, apontou. Destacou o trabalho do setor torrefador nos EUA da Associação Nacional dos Estados Unidos (NCA na sigla em inglês), inclusive numa busca para excluir o café dessa regra tarifária.
Matos salientou que muitos países conseguiram ou estão negociando redução de tarifas, com sucesso, e que é importante o Brasil seguir nas tratativas.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência Safras News
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