São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em queda e as bolsas europeias em alta. O mercado ainda tenta projetar quais serão os reflexos das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas no fim da tarde de ontem pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A nova taxa está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. No início da noite, o governo brasileiro divulgou nota em resposta à carta pública de Trump sobre as tarifas, afirmando que “qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”.
Na nota, o governo brasileiro afirmou que é “falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de US$ 410 bilhões ao longo dos últimos 15 anos”.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a prioridade deve ser intensificar a negociação com o governo Trump para preservar a relação comercial histórica e complementar entre os países. “Não existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto. Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia. Por isso, para o setor produtivo, o mais importante agora é intensificar as negociações e o diálogo para reverter essa decisão, avaliou Ricardo Alban,
presidente da CNI.
A CNI apontou ainda que a entrada de produtos norte-americanos no Brasil estava sujeita a uma tarifa real de importação de 2,7% em 2023, o que diverge da declaração da Casa Branca. A tarifa efetiva aplicada pelo Brasil aos Estados Unidos foi quatro vezes menor do que a tarifa nominal de 11,2% assumida no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). “A tarifa afeta a economia americana. O relacionamento bilateral é marcado por complementariedade, isto é, o comércio bilateral é composto por fluxos intensos de insumos produtivos. Na última década, esses bens representaram, em média, 61,4% das exportações e 56,5% das importações brasileiras”, destacou a CNI.
O banco de investimentos Goldman Sachs afirmou que as tarifas anunciadas, somadas à expectativa de novas tarifas setoriais, devem elevar a tarifa efetiva média de importação dos EUA sobre exportações brasileiras em 35,5 pontos percentuais, o que pode reduzir o PIB do Brasil entre 0,3 e 0,4 ponto percentual (dos quais 0,1 p.p. já estava incluído no cenário base), sem considerar retaliações significativas.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reforçou sua posição de que a demanda global por petróleo continuará crescendo até meados do século e que não há indícios de um pico à vista. Em seu relatório anual sobre tendências de energia de longo prazo, o cartel revisou para cima suas projeções, estimando que a demanda por petróleo chegará a 113,3 milhões de barris por dia em 2030 e quase 123 milhões em 2050, acima dos 103,7 milhões registrados no ano passado. Para atender à demanda futura, a Opep estima que o setor de petróleo precisará atrair
US$ 18,2 trilhões em investimentos nos próximos 25 anos, a maior parte destinada ao segmento de upstream, que abrange exploração, perfuração e extração.
Por aqui, a expectativa é para a divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, que deve subir 0,19% ante maio. No acumulado de 12 meses, até junho, a alta projetada é de 5,31%. As estimativas foram calculadas pelo Termômetro Safras. As previsões de seis instituições financeiras consultadas para o resultado mensal variam entre 0,16% e 0,23%, com a média das projeções em 0,19%. No acumulado de 12 meses, as previsões de seis “casas” consultadas variam entre 5,24% e 5,34% (média em 5,30%).
O Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,26% em junho na comparação com maio, 0,10 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa registrada no quinto mês do ano (0,36%). O acumulado no ano ficou em 3,06%, enquanto o acumulado em 12 meses foi de 5,27%. Em junho de 2024, o IPCA-15 havia registrado alta de 0,39%.
Em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou ontem (9) que tem conversado com os líderes para buscar uma solução para as contas públicas de 2025 e 2026 sem que haja aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Ele comentou as negociações com o governo sobre o decreto de reajuste do IOF, que foi derrubado pelo Congresso. O Supremo Tribunal Federal agendou uma audiência de conciliação para a próxima terça-feira (15). Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, reuniram-se ontem pela primeira vez com ministros desde que o governo recorreu ao STF contra a derrubada do decreto.
Motta também afirmou que a Câmara e o Senado discutirão com responsabilidade os novos modelos de taxação da MP 1303/25, editada pelo governo para compensar a revogação do decreto do IOF. “Temos sempre o interesse de promover justiça tributária, como vamos fazer na questão de Imposto de Renda até R$ 5 mil”, destacou.
No setor corporativo, a Azul informou que o Tribunal dos Estados Unidos responsável pela supervisão do seu processo de reestruturação financeira concedeu aprovação final a todas as petições da companhia apresentadas durante a audiência de Segundo Dia (Second Day Hearing), para as quais não houve qualquer objeção. A aprovação dos pedidos, que já havia sido concedida interinamente na audiência de “Primeiro Dia”, garante a continuidade do processo, como planejado pela Companhia, na trajetória rumo a uma reestruturação bem-sucedida.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) manifesta preocupação com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, comunicada por meio de carta oficial enviada ao governo brasileiro, representa um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas entre os dois países.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) criticou a decisão do presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo carne bovina, a partir de 1º de agosto. A entidade alerta que a medida ameaça a segurança alimentar global, prejudica o setor produtivo do Brasil e encarece o consumo nos EUA. As informações são da CNN.
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quarta-feira, que não vê razão para que os Estados Unidos aumentem tarifas em relação ao Brasil. A declaração foi em resposta a jornalistas sobre o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que deve divulgar novas tarifas ao Brasil em breve. A entrevista ocorreu antes do anúncio dos Estados Unidos de taxar os produtos exportados pelos Brasil em 50%.
A Conexis Brasil Digital, entidade que representa empresas de telecomunicações e de conectividade do País, divulgou posicionamento sobre a aprovação do projeto de lei 4872/24, que aumenta a pena pelo furto ou roubo de cabos, fios e equipamentos relacionados à geração de energia elétrica e telecomunicações, ontem (8) na Câmara dos Deputados. O texto será enviado à sanção presidencial. A entidade disse que a aprovação do PL 4872/2024 é uma importante vitória para os usuários de telecomunicações. “A Conexis Brasil Digital parabeniza o Congresso Nacional pela aprovação do projeto e espera uma célere sanção pela Presidência da República. Quando convertido em lei, o projeto aumentará e tipificará o roubo, o furto e a receptação de cabos e equipamentos de telecomunicações e energia. O tratamento legal adequado a ser promovido pela futura lei é essencial para o combate a essas ações criminosas que prejudicam milhões de brasileiros.”
A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) divulgou um comunicado em defesa da renovação de 30 produtos químicos no âmbito da Lista de Elevações Tarifárias por Razões de Desequilíbrios Comerciais Derivados da Conjuntura Econômica Internacional (DCC). O pleito foi encaminhado formalmente à Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e representa uma medida imprescindível para a preservação da competitividade da indústria química nacional frente ao avanço das importações em condições desleais.
Emerson Lopes / Safras News
Copyright 2024 – Grupo CMA

