São Paulo, 7 de julho de 2025 – O presidente Luís Inácio Lula da Silva fez um balanço positivo da Cúpula dos Brics e defendeu a atuação do bloco de países no atual contexto geopolítico, em entrevista coletiva no Rio de Janeiro no encerramento do evento.
“Os Brics estão se tornando campões mundiais da transição energética, do debate sobre a Inteligência Artificial e de outras questões”, disse Lula, em breve discurso antes da entrevista coletiva.
O presidente disse que “o Brics não nasceu para afrontar ninguém” e que o bloco tem um papel mais solidário em relação às questões ambientais, de desenvolvimento econômico e políticas públicas. “O mundo pode passar por uma catástrofe, vejam o que está acontecendo no Texas”, disse.
Na sua avaliação, “o Brics é conjunto de países com um outro jeito de querer organizar o mundo, o Brics é conjunto de países com um outra proposta de organizar o mundo”.
Além da questão ambiental, Lula disse que o grupo de países tem uma outra visão sobre como discutir o papel da Inteligência Artificial (IA), que não pode ser uma questão controlada por algumas empresas. “O que vamos fazer em relação às guerras, ao clima, quem vai cumprir, quem vai cobrar? O Brics pode ser válvula de escape para uma nova forma de organização mundial. Mas todos sabem que não é, por isso o Brasil reivindica esse espaço.”
O presidente brasileiro também falou sobre a COP30. “A COP30 vai discutir um tema importante que é o compromisso com o futuro de planeta. Todos queriam punir a China e nós defendemos que países industrializados pagassem. Hoje a China é um modelo de transição energética.”
Em relação à possibilidade de ampliação do bloco, Lula respondeu: “O Brics é uma metamorfose ambulante, não é aquela coisa que já está pronta, é uma criança em crescimento. Estamos tentando fazer algo novo. Estou muito tranquilo com os Brics, é uma coisa nova que surgiu no mundo em que a geopolítica estava determinada por meia dúzia de países considerados ricos. Embora os Brics representem metade do PIB do mundo, o grupo só tem 18% no FMI [Fundo Monetário Internacional]. Eu lembro quando a gente estava disputando as Olimpíadas, a China tinha um delegado e a Suíça tinha cinco, a Itália tinha cinco. A verdade nua crua é que os países ricos tomaram conta das relações multilaterais e nós ficamos quase que na borda, vivendo de favores. O que nós queremos é construir um Brics em que a relação seja justa, em que todos participem da decisão e que a decisão seja sempre tomada da forma mais democrática possível”, defendeu o presidente.
Em relação à declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou que irá impor uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que se alinhar às “políticas antiamericanas” do grupo BRICS, o presidente brasileiro disse: “acho muito irresponsável um presidente ficar ameaçando outros países em redes digitais”.
Lula não quis comentar declarações de Trump envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em sua rede social, a Truth Social, nesta segunda-feira, o republicano afirmou que Bolsonaro está sofrendo um ataque político como aconteceu com ele e pediu para deixarem Bolsonaro “em paz”.
Ao ser questionado sobre a judicialização da derrubada do IOF pelo Congresso, Lula reiterou que é uma questão normal, que já ocorreu antes, e que o governo defenderá sua posição.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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