O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em uma rápida interação com os jornalistas em Buenos Aires, avaliou como muito produtivas as conversas que manteve com autoridades econômicas de países vizinhos. “Tive conversas ótimas com os ministros da Economia do Uruguai, Argentina e Paraguai. Todos se mostraram muito favoráveis à integração regional”, afirmou. Segundo ele, os parceiros sul-americanos demonstraram interesse em avançar em acordos. “Eles mencionaram a oportunidade de firmar acordo com a União Europeia. Há vários projetos em curso para melhorar o comércio na região.”
Haddad ressaltou o bom momento das trocas comerciais com o principal parceiro do Mercosul. “O comércio com a Argentina está passando por um bom momento. Foi uma conversa amigável e franca entre ministros da Economia”, disse. Ele também mencionou avanços no uso de moedas locais. “As moedas locais do Brasil e da Argentina podem funcionar melhor no comércio bilateral, ainda enfrentamos problemas burocráticos. Saio positivamente surpreso de ter encontrado um ambiente amigável e cooperativo.”
Sobre questões políticas internas, o ministro comentou o impasse envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e sobre a sua declaração que ele ainda não havia telefonado para o ministro. “Hugo Motta ainda não me ligou. Sempre sou otimista sobre essa ligação, tudo tem sua forma de resolver.” Ele minimizou o episódio. “Não posso reclamar do Congresso, nunca fiz isso. O Congresso tem o direito de alterar as proposições do Executivo.”
Haddad também rebateu críticas à Advocacia-Geral da União (AGU), que questionou no Supremo Tribunal Federal (STF) a legalidade de um decreto legislativo que suspendeu o aumento do IOF. “Está sendo feita uma leitura equivocada da ação da AGU no STF. Estamos discutindo uma questão jurídica sobre um decreto do presidente da República. Não é uma questão econômica nem política, e sim jurídica”, explicou.
O ministro negou que o Executivo tenha abandonado o diálogo. “Quem saiu da mesa de negociações não foi o Executivo. Fomos surpreendidos por não termos sido chamados de volta. Estamos pedindo para que seja dito se o presidente Lula cometeu alguma ilegalidade para justificar um Projeto de Decreto Legislativo [PDL]. A AGU pergunta ao STF se o presidente cometeu alguma ilegalidade. A pergunta não pode ofender quem quer que seja. Alimentar esse tipo de tensão interessa a quem?”
Por fim, Haddad reforçou a disposição em manter o diálogo institucional e criticou pressões do mercado. “Do ponto de vista da Fazenda, está tudo normal, é tudo parte da democracia. Não há nada que esteja ferindo o ritual democrático. Não estou discutindo interesse pessoal, e sim interesse público. Não vou ficar ‘dando mole’ para especulador, não é melhor fazer a coisa certa? Quem ganha com o desequilíbrio do Orçamento é quem especula. Não vou fazer o jogo da especulação. Esse tipo de movimento só o especulador ganha, ninguém mais. Queremos que a gente produza, isso é melhor para o Brasil. Estamos confiantes que essa busca de melhorar as contas públicas beneficia a todos, trabalhadores e empresários.”
