São Paulo – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, afirmou hoje que o BC dos Estados Unidos já teria adotado uma política monetária mais branda se não fosse pelo plano tarifário do presidente Donald Trump.
Quando questionado, durante um painel, se o Fed teria reduzido novamente as taxas de juros caso Trump não tivesse anunciado seu controverso plano de tarifas sobre diversos parceiros comerciais estrangeiros no início do ano, Powell disse “acho que sim”.
“Na prática, nós pausamos quando vimos o tamanho das tarifas, e todas as previsões de inflação para os Estados Unidos subiram consideravelmente como consequência,” disse Powell, durante o fórum do Banco Central Europeu em Sintra, Portugal.
Ao ser questionado se julho seria cedo demais para um corte, Powell respondeu que “realmente não pode dizer”, e que “vai depender dos dados”. Segundo o CME FedWatch, há mais de 76% de chance de o Fed manter os juros estáveis na próxima reunião.
“Estamos decidindo reunião por reunião,” disse Powell. “Não descartaria nenhuma nem confirmaria nenhuma. Vai depender de como os dados evoluírem.”
Segundo Powell, o Fed pretende “esperar e aprender mais” sobre os efeitos das tarifas comerciais na inflação antes de decidir por cortes na taxa de juros.
“Estamos apenas esperando,” disse Powell. “Enquanto a economia dos EUA estiver em boa forma, acreditamos que a atitude prudente é esperar e observar mais para entender quais serão os efeitos dessas tarifas.”
Tarifas e incertezas dominam debate
A política tarifária de Trump e os ataques a Powell dominaram os debates do evento de hoje. Powell participou de um painel ao lado de líderes de bancos centrais de outros países, que foram questionados sobre se agiriam da mesma forma em sua posição e sobre possíveis rupturas com a política econômica dos Estados Unidos.
“Tudo o que eu quero – e tudo o que qualquer um no Fed quer – é entregar uma economia com estabilidade de preços, máximo emprego e estabilidade financeira,” concluiu Powell.

