São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em alta. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou ontem um decreto que dobra as tarifas de importação sobre aço, alumínio e seus derivados. As novas alíquotas, que passam de 25% para 50%, entram em vigor hoje. A única exceção é o Reino Unido, que mantém as tarifas anteriores após firmar recentemente um acordo comercial com Washington.
Como maiores exportadores de aço e alumínio para os EUA, Canadá e México enfrentam riscos significativos. O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, afirmou que o país está em “negociações intensas” para suspender as tarifas, enquanto o ministro da Economia mexicano, Marcelo Ebrard, classificou as medidas como “insustentáveis e injustas”, destacando que o México importa mais aço dos EUA do que exporta. A dependência norte-americana do alumínio canadense, que representa metade das importações, agrava a disputa.
A medida é mais um balde de água fria nas negociações dos EUA com seus parceiros comerciais. Ontem, após um alto funcionário da Casa Branca afirmar à CNBC que Trump e o presidente chinês, Xi Jinping provavelmente se falariam esta semana deixou o mercado esperançoso de que um acordo poderia começar a ser costurado. Hoje pela manhã, em postagem na rede social Truth Social, Trump disse que gosta do líder chinês, mas que é difícil fazer
negócios com ele.
Na semana passada, a China reagiu às acusações do presidente dos Estados Unidos, que afirmou que os chineses teriam quebrado uma trégua comercial firmada semanas antes. Pequim afirmou estar agindo de forma responsável e cumprindo o consenso alcançado nas negociações econômicas e comerciais realizadas em Genebra. Washington e Pequim acertaram, em meados de maio, em reduzir temporariamente as tarifas retaliatórias, o que trouxe alívio aos mercados globais, afetados por temores de guerra comercial desde o início do governo Trump, que aumentou tarifas sobre produtos da China e de outros países.
Hoje saem os números do relatório publicado pela Automatic Data Processing (ADP) e pela Macroeconomic Advisers, com dados do mercado de trabalho do setor privado referente a maio. Em abril, o relatório mostrou que os EUA criaram 62 mil vagas de trabalho, excluindo o setor rural. Analistas esperavam a criação de 120 mil vagas. O número de vagas criadas em março caiu para 147 mil após revisão.
Ontem, o relatório de emprego e vagas (Jolts, na sigla em inglês) mostrou que o país registrou 7,391 milhões de postos de trabalho abertos no último dia útil de abril, uma alta em relação aos 7,200 milhões registrados um mês antes (dado revisado) O relatório Jolts foi citado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte americano) como uma das medidas favoritas sobre a saúde do mercado de trabalho dos Estados Unidos. Amanhã saem os números de novos pedidos de seguro-desemprego e, na sexta-feira, o relatório de emprego (payroll).
Ainda nos EUA, hoje será divulgado o Livro Bege, do Fed, que reúne informações dos 12 distritos que compõe a autoridade monetária. Na último edição do Livro, no fim de abril, os membros do Fed afirmaram que a economia do país, de modo geral, permaneceu estável em comparação ao levantamento anterior, mas enfrenta novas incertezas no cenário internacional e pressões inflacionárias moderadas. Embora metade dos distritos mantenha perspectivas estáveis, em alguns distritos a perspectiva piorou consideravelmente. Hoje também serão conhecidos os dados do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de Serviço.
Por aqui, as negociações sobre o IOF continuam mantendo mercado e investidores em atenção. Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, em entrevista concedida após o almoço que reuniu líderes do Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes do Executivo, que as propostas alternativas ao decreto de elevação do IOF serão apresentadas até o início da próxima semana. “Houve um alinhamento muito grande sobre as propostas. Há um compromisso de não anunciar nada antes da reunião dos presidentes do Congresso com os líderes”, ponderou.
O ministro disse estar seguro que as medidas apresentadas são justas e sustentáveis. Antes de rever o decreto do IOF, no entanto, Haddad disse que precisa de parte dessas medidas aprovadas. “Preciso garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal para este ano. Há medidas que não precisam ser aprovadas imediatamente, porque o orçamento de 2026 será encaminhado ao Congresso em julho”, completou.
Ontem, um levantamento feito por uma missão do FMI, liderado por Daniel Leigh, sobre a economia brasileira, trouxe uma revisão para cima no crescimento do PIB do Brasil em 2025. No documento essa estimativa é de alta de 2,3% ante a de 2% divulgado no último World Economic Outlook (WEO, publicado em abril). Segundo a instituição, isso se deve “a condições monetárias restritivas, redução do apoio fiscal e incertezas globais”. Leigh prevê que a inflação deve atingir 5,2% no final de 2025, convergindo gradualmente para a meta de 3% até 2027. O déficit em conta corrente ficou em 2,8% do PIB em 2024, impulsionado por exportações robustas e aumento de importações
No setor corporativo, a ANP divulgou ontem o Boletim Mensal da Produção de Petróleo e Gás Natural de abril de 2025, que traz os dados consolidados da produção nacional. O mês registrou novo recorde na produção de petróleo e gás no pré-sal, com 3,734 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d). Trata-se de um aumento de 0,5% em relação ao mês anterior e de 18,3% se comparada a abril de 2024. A produção do pré-sal, que ocorreu por meio de 164 poços, correspondeu, no mês, a 79,7% do total nacional. Separadamente, a produção de petróleo foi de 2,896 milhões de barris por dia (bbl/d) e a de gás natural, de 133,33 milhões de metros cúbicos por dia (m/d).
A agência Moody’s atribuiu classificação Baa2 às notas sêniores sem garantia (BSD) com prazo de 10 anos, propostas para emissão pela Gerdau Trade Inc., com perspectiva estável. A classificação de emissor Baa2 da Gerdau, as notas seniores sem garantia (BSD) com lastro Baa2 da GTL Trade Finance Inc. (garantidas pela Gerdau S.A. e suas subsidiárias operacionais no Brasil), bem como os títulos de receita de descarte de resíduos sólidos (BSD) com lastro Baa2 emitidos pela St. Paul Port Authority, MN (garantidos pela Gerdau S.A.), com perspectiva estável, permanecem inalteradas.
A agência de classificação Moody’s rebaixou o rating corporativo (CFR) da Azul S.A. de Caa2 para Ca. Além disso, também foi rebaixado de Caa3 para Ca o rating da dívida sênior com garantia de primeiro grau lastreada com vencimento em 2028 e o rating das dívidas seniores com garantia lastreada com vencimento em 2029 e 2030 da Azul Secured Finance LLP (Delaware), bem como os ratings da dívida sênior sem garantia lastreada da Azul Investments LLP. Também foram rebaixados de Caa1 para Ca as notas superprioritárias da Azul Secured Finance LLP com vencimento em 2030 e as notas com garantia de primeiro grau trocadas com vencimento em 2028. A perspectiva para os emissores permanece negativa.
A Rede D’Or informou que seu Conselho de Administração aprovou uma nova emissão de debêntures simples no valor de R$ 1 bilhão, em série única. Os recursos obtidos serão destinados a propósitos corporativos diversos, incluindo, mas não se limitando, ao alongamento do perfil de endividamento da companhia, no âmbito da gestão ordinária de seus negócios.
Emerson Lopes / Safras News
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