A Eletrobras obteve prejuízo líquido de R$ 354 milhões no primeiro trimestre de 2025, ante lucro líquido de R$ 331 milhões no mesmo trimestre do ano anterior. Em base ajustada, o prejuízo líquido societário foi negativo em R$ 81 milhões (queda de 115,7% vs. 4T24), impactado negativamente pela reversão de R$ 952 milhões na Chesf de parte do valor reconhecido como remensuração regulatória em 2024 após os processos de Revisão Tarifária Periódica dos contratos de transmissão.
A receita operacional líquida atingiu R$ 10,4 bilhões no período, 19,5% superior ao mesmo trimestre do ano anterior. A receita operacional líquida regulatória registrou alta de 0,1% e somou R$ 9,7 bilhões na mesma base de comparação.
O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no 1o trimestre somou R$ 4,3 bilhões, queda de 6,5% ante igual período do ano anterior. O ebtida ajustado, que exclui custos e provisões de ativos e planos, caiu 2,5%, para R$ 4,4 bilhões.
A energia vendida ACR totalizou 10,1 terawatts-hora (TWh), alta de 3,0% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo intervalo do ano anterior. O preço médio ACR foi de R$ 214,34 por MWh (-2,5%).
A energia elétrica venida no ACL totalizou 23,2 TWh, alta de 67,9% no 1T25, na mesma base comparativa. O preço médio ACL foi de R$ 141,14 por MWh (-29,4%).
A energia vendida Cotas somou 5,7 TWh, queda de 34,0%.
A capacidade instalada de geração ficou praticamente estável na comparação com o 1T24, em 44.359 megawatts (MW). A garantia física caiu 0,5%, para 21.915 MW no 1T25, enquanto a geração líquida teve alta anual de 1,1%, para 45,5 TWh.
As linhas de transmissão da Eletrobras totalizaram 74.097 quilômetros no 1T25, 0,4% acima do 1T24.
Ao final do trimestre, a dívida líquida ajustada da Eletrobras era de R$ 39,3 bilhões, 3,8% menor que o visto no mesmo intervalo do ano anterior. A alavancagem, medida pela relação dívida líquida por ebitda ajustado, alcançou 1,5 vez no trimestre, queda de 30,7% na base anual.
Os investimentos totalizaram R$912 milhões no 1T25, queda de 25,3% vs.1T24, devido principalmente à conclusão da implantação do projeto do Parque Eólico Coxilha Negra em abril de 2025.
COMENTÁRIOS DA ELETROBRAS
A Eletrobras divulgou ontem (14/05) o balanço financeiro do primeiro trimestre de 2025 mostrando avanços na gestão de custos e ampliação dos investimentos.
As despesas com pessoal, material, serviços e outros, conhecida como PMSO, e que representa uma aproximação os gastos gerenciáveis pela atuação direta da companhia, tiveram uma redução de 28% em relação ao último trimestre de 2024 e de 8% na comparação com o mesmo período de 2024. Este resultado mostra a consolidação de uma tendência que já vinha sendo observada em trimestres anteriores e reflete as iniciativas de adequação do quadro de pessoal, além de ajustes em processos e na estrutura organizacional.
Os acordos para renegociação de empréstimos compulsórios seguiram na trajetória decrescente desde a capitalização. O estoque da dívida diminuiu R$ 2,9 bilhões ante igual período do ano passado, com recuo de R$ 447 milhões na comparação com o último trimestre de 2024. No segundo trimestre de 2022, o estoque totalizava R$ 26,1 bilhões e hoje está em R$ 13,1 bilhões. Este passivo tem origem em cobranças debitadas nas contas dos consumidores finais que financiaram a expansão do sistema elétrico brasileiro e deram origem a disputas judiciais, que agora estão sendo solucionadas.
Estamos cada vez mais focados no crescimento da companhia e reforço de investimentos. É um novo momento, explica o presidente da Eletrobras, Ivan Monteiro. A queda do PMSO e a redução de provisão de compulsórios são resultados da estratégia de tornar a companhia mais eficiente sem nunca deixar de lado a prioridade da segurança dos ativos, pessoas e meio ambiente, completa.
Ainda no primeiro trimestre, a Eletrobras somou investimentos de R$ 912 milhões. A queda de 25% em relação ao desembolso do mesmo trimestre de 2024 é explicada pela conclusão de uma das maiores obras da companhia, o parque eólico de Coxilha Negra, em Santana do Livramento (RS). Em operação desde abril, o parque tem capacidade de geração de 302,4 MW e representou investimentos de mais de R$ 2,4 bilhões.
Entre os projetos que merecem destaque neste primeiro trimestre estão o avanço das obras do Linhão Manaus-Boa Vista, que já tem 87% das obras concluídas e previsão de conclusão no segundo semestre. Com esta obra, que esteve paralisada por mais de 10 anos, todos os estados do Brasil estarão conectados ao sistema integrado nacional. O Investimento total no Linhão chega a R$ 3,3 bilhões.
Resultado da participação no leilão de transmissão realizado em junho de 2023, a Eletrobras também já iniciou a mobilização para as obras do lote 4 (Nova Era Janapu), em Minas Gerais, com cerca de 300km de linhas de transmissão. De acordo com o cronograma proposto no leilão, esses investimentos, que somam R$ 787 milhões, estarão concluídos até setembro de 2028, segundo edital da Aneel.
No primeiro trimestre, a Eletrobras registrou prejuízo de R$ 81 milhões. O resultado reflete a revisão feita pela Aneel na base regulatória de ativos da Chesf, uma das principais subsidiárias da Eletrobras. O impacto desta revisão totalizou R$ 952 milhões, o que afetou o resultado contábil.
O ebitda aumentou 5,5% em relação ao quarto trimestre do ano passado, para R$ 5,37 bilhões, um ganho impulsionado pela maior receita de geração, a já citada redução do PMSO e queda das provisões.
A receita de geração atingiu R$ 7 bilhões no primeiro trimestre, com aumento de 9,4%, equivalente a R$ 658 milhões, em relação ao primeiro trimestre de 2024. A expansão foi impulsionada pelas maiores receitas no ambiente de comercialização livre (ACL) de R$ 753 milhões e no ambiente de comercialização regulado (ACR) de R$ 263 milhões.
Na transmissão, a receita totalizou R$ 4,4 bilhões, uma queda de 13% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Este desempenho reflete os efeitos do adiamento de 2023 para 2024 do processo de revisão tarifária pela Aneel.
Com o resultado do primeiro trimestre, a Eletrobras reafirma a estratégia de crescimento por meio de novos investimentos, bem como em reforços e melhorias de seus ativos, aumentando a resiliência de suas operações. A participação em novos leilões e os ganhos operacionais e de eficiência continuarão sendo alavancas importantes para geração de valor.

