São Paulo – A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) cortou sua projeção para o crescimento da economia global em 2024, de 3% para 2,9%, refletindo os impactos das incertezas comerciais. Ainda assim, o cartel adotou um tom cautelosamente otimista, destacando sinais de progresso nas negociações entre grandes potências e mantendo inalterada sua estimativa de alta na demanda por petróleo neste e no próximo ano.
“As negociações comerciais dos últimos dois meses… mostraram um caminho potencial de redução da tensão”, afirmou a entidade sediada em Viena, sugerindo que as conversas entre Estados Unidos, União Europeia, Japão e Coreia do Sul podem resultar em cortes tarifários nas próximas semanas.
A Opep ainda projeta uma expansão global de 3,1% em 2025 e reduziu suas estimativas específicas para os EUA: o crescimento esperado caiu para 1,7% no próximo ano e 2,1% em 2026. Segundo o relatório, a confiança do consumidor e a inflação vêm sendo impactadas pela volatilidade no comércio internacional, com o crescimento do primeiro trimestre americano afetado por uma alta nas importações – movimento possivelmente relacionado à antecipação de novas tarifas.
Apesar do cenário mais desafiador para a atividade econômica, a Opep manteve sua previsão de crescimento da demanda global por petróleo em 1,3 milhão de barris por dia em 2024 e 1,28 milhão em 2025, apoiada pela forte demanda por viagens aéreas e mobilidade rodoviária. As estimativas do grupo permanecem bem acima das da Agência Internacional de Energia, que calcula uma expansão de apenas 726 mil barris diários neste ano.
Mesmo assim, a incerteza sobre a continuidade dos acordos pesa sobre os mercados e limita os ganhos das cotações. A Opep e seus aliados – grupo conhecido como Opep+ e responsável por mais da metade da produção mundial – decidiram elevar sua oferta em 411 mil barris por dia em junho, repetindo o aumento de maio e reacendendo preocupações sobre um possível excesso de oferta.
Em abril, a produção total da Opep recuou em 62 mil barris por dia, para 26,71 milhões de barris diários. Já os países signatários da Declaração de Cooperação (DoC), que inclui membros da Opep e aliados como a Rússia, reduziram sua produção em 106 mil barris, para 40,92 milhões por dia.
Entre os destaques, o Cazaquistão – que vinha desrespeitando as cotas internas do grupo – cortou sua produção em 41 mil barris no mês, chegando a 1,82 milhão por dia.
A Opep também ajustou suas projeções de crescimento da oferta entre países fora do pacto da DoC, agora estimada em 800 mil barris diários tanto para 2025 quanto para 2026. EUA, Brasil, Canadá e Argentina devem liderar essa expansão.
Larissa Bernardes / Safras News

