Porto Alegre, 26 de março de 2025 – A infraestrutura deficiente do Brasil é uma das maiores dificuldades para a logística do agronegócio. A afirmação é do diretor de agronegócio da nstech, Thiago Cardoso. Em entrevista exclusiva à Safras News, o especialista explicou que o investimento em novas rodovias e ferrovias ainda é insuficiente para suprir a demanda no transporte de grãos.
Cardoso apontou que a precariedade das estradas aumenta os custos com manutenção de veículos e as perdas operacionais. Esse é um fator que, como a relação entre oferta e demanda, afeta o valor dos transportes. Projeções da Esalq-Log, do Sistema de Informações de Fretes (Sifreca), indicam um aumento de 15% a 20% no preço de frete do escoamento desta primeira safra se comparadas às do primeiro ciclo do ano passado
Para o diretor da nstech, a primeira variável a se considerar é o recorde de produção, seguido pelo aumento na quantidade de grãos a serem transportados sem um crescimento proporcional da frota de caminhões. Outro ponto de atenção é o calendário da safra, pois normalmente há um aumento na procura por fretes cerca de 15 dias antes ou depois do pico da colheita. Neste ano, fatores climáticos na região Sul e no Mato Grosso causaram um atraso, também influenciando na logística.
“Embora os preços do frete estejam elevados, um comparativo dos últimos cinco anos indica que a variação está dentro da média histórica para o período de safra. Além disso, um problema estrutural no Brasil impacta diretamente os custos: a baixa capacidade de armazenamento”, disse.
Cardoso citou como exemplo o Mato Grosso, onde apenas 15% dos produtores possuem silos, o que obriga muitos a estocar a produção nos caminhões, reduzindo ainda mais a oferta de transporte e elevando os preços.
Em algumas regiões, filas extensas geram prejuízos e aumentam os custos operacionais, diminuindo a disponibilidade de caminhões para novas viagens e impulsionando os preços. O atraso para o início do plantio de soja devido ao clima e a colheita até 15% superior à safra anterior geraram, na semana passada, uma fila de até 1.200 caminhões por dia em Porto Velho, utilizado para o escoamento da produção até o Pará.
Para mitigar esses problemas, Cardoso apontou a necessidade de soluções tecnológicas. “Uma delas é o cadastro e background check de motoristas, que reduz riscos operacionais, como sinistros e roubos de carga, os quais geram prejuízos de quase R$ 2 bilhões por ano. Empresas que adotam essas tecnologias conseguem reduzir em até 70% os custos com estadia de caminhões, otimizando a operação e aumentando a rentabilidade”, explicou.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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