Porto Alegre, 7 de março de 2025 – O mercado interno de algodão teve uma semana calma de negócios por conta do feriado de Carnaval. Porém, nos dias pós-folia houve alguma demanda, com o comprador aparecendo timidamente, conforme necessidade, enquanto o vendedor seguiu retraído e, puxadas também pelas altas na Bolsa de Nova York, as cotações internas subiram, de acordo com informações da Consultoria Safras & Mercado.
Para o algodão colocado na indústria de São Paulo, a ideia girou em torno de R$ 4,19/libra-peso, alta de 0,96% em relação ao preço de R$ 4,15/libra-peso da semana anterior. O valor da pluma pago ao produtor em Rondonópolis (MT) subiu para R$ 4,03 por libra/peso, o que corresponde a R$ 131,15 por arroba. Já, na comparação com a quinta-feira (27) da semana passada, quando a pluma trocava de mãos a R$ 3,96 por libra-peso (ou R$ 130,84 por arroba), houve ganhos de 1,77%.
Tarifa chinesa para os EUA deve beneficiar Brasil
A recente decisão da China de impor uma tarifa de 15% sobre as importações de algodão produzido pelos Estados Unidos tem provocado impactos imediatos no mercado internacional, especialmente na Bolsa de Nova York, onde os preços já apresentam recuo. Segundo o analista e consultor da Safras & Mercado, Gil Barabach, essa movimentação reflete a dificuldade que os Estados Unidos enfrentarão para vender seu produto a China, principal consumidor mundial da fibra natural. “Se a China coloca uma tarifa de 15% sobre o algodão americano, fica mais difícil para os Estados Unidos venderem para ela”, diz Barabach. Com isso, o mercado reage com a queda dos preços da commodity na Bolsa norte-americana.
Para o Brasil, no entanto, essa medida tende a ser benéfica. Como principal exportador mundial de algodão, o país ganha ainda mais competitividade frente ao produto norte-americano. “Nós somos o maior exportador de algodão do mundo e, com essa tarifa, ampliamos ainda mais nossa presença no mercado internacional”, afirma o analista.
O impacto esperado para o Brasil é um aumento na demanda chinesa pelo algodão nacional, já que o produto brasileiro se torna mais atrativo do que o americano, que agora está encarecido pela tarifa de 15%. “Isso tende a ampliar nossa participação no mercado, ocupando um espaço ainda maior dos Estados Unidos”, destaca Barabach.
Outro reflexo desse movimento é a possibilidade de valorização do prêmio do algodão brasileiro nos portos, especialmente no Porto de Santos, principal ponto de escoamento da fibra nacional. “Com essa maior procura do comprador chinês, a tendência é de que o prêmio pago pelo algodão brasileiro suba”, avalia o especialista. Ainda que os impactos dessa tarifa sejam imediatos na Bolsa de Nova York, no Brasil, a reabertura do mercado e o período de entressafra podem fazer com que o efeito se intensifique nos próximos meses. A expectativa é de que a demanda chinesa pelo algodão brasileiro cresça significativamente, consolidando ainda mais o Brasil como principal fornecedor global da fibra.
Fabio Rubenich e Sara Lane – fabio@safras.com.br / sara.silva@safras.com.br (Safras News)
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