Porto Alegre, 28 de fevereiro de 2025 – O mercado internacional de café voltou a apresentar intensa volatilidade em fevereiro, comandado pelos altos e baixos do arábica na Bolsa de Nova York. Em NY, as cotações atingiram níveis históricos de alta novamente, com o preço chegando a US$ 4,30 a libra-peso para maio no dia 11 de fevereiro. Mas, houve correções e NY vai fechando o mês com poucas mudanças em relação ao fechamento de janeiro, mostrando a busca de acomodação. O robusta em Londres caiu no balanço mensal, e no Brasil tanto o arábica quanto o conilon recuaram significativamente.
Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, o café fecha fevereiro ensaiando uma tímida acomodação em NY, ainda em meio ao movimento corretivo de baixa. Nesta correção, NY para maio chegou a cair a 366,30 centavos no dia 26, o que representa uma queda de 15% em apenas 10 dias. “A sinalização de sobrecompra alimentava o movimento corretivo, enquanto a indicação de um mercado excessivamente esticado forçava um ajuste mais expressivo. O mercado busca agora sustentar a linha de 370 centavos, enquanto aguarda novidades do lado fundamental”, avalia Barabach. No balanço mensal do contrato maio, entre o fechamento do último pregão de janeiro (371,35 centavos de dólar por libra-peso) e o encerramento desta quinta-feira (27), em 373,60 centavos, NY teve alta de 0,6%.
O robusta negociado em Londres seguiu as perdas do arábica, recuando quase 8% desde o pico recente, observa o consultor. Avalia que, mesmo com as perdas das últimas semanas, tanto o café arábica quanto do robusta continuam muito valorizados no mercado mundial. Se comparado ao início de 2024, o arábica ainda acumula ganhos de 96%, enquanto o robusta em Londres sustenta uma alta de 108% no mesmo período. “A baixa disponibilidade física e os temores em relação ao abastecimento continuam a oferecer sustentação às cotações da bebida”. No balanço mensal até o fechamento desta quinta-feira, 27, Londres acumulou para maio perda de 5,6%.
“Feito o ajuste técnico, esperado, o mercado volta a olhar com mais atenção aos fundamentos. Os principais marcadores fundamentais do mercado de café são as floradas no Vietnã, a chegada da safra no Brasil e na Indonésia, e, mais à frente, o inverno brasileiro. A próxima safra e o clima no Brasil entram mais fortes no radar”, analisa o consultor.
Ele indica que, depois de um início de ano com clima favorável para as lavouras de café do Brasil, com chuvas regulares e temperaturas mais amenas, as últimas semanas voltaram a gerar preocupação em relação à produção. “O bolsão de calor, com a redução das chuvas e temperaturas muito elevadas, pode estressar as plantas, o que teria consequências para o desenvolvimento da safra, que começa a ser colhida em breve. É claro que o quadro ainda está muito aberto, e as lavouras e as regiões podem responder de formas diferentes a esse momento climático. Contudo, acende-se um sinal de alerta”, comenta.
Assim, a volatilidade no mercado internacional variou em fevereiro de acordo com as preocupações com a oferta e sobretudo com a safra brasileira de 2025. Quando houve maior otimismo com alguma recuperação produtiva, o mercado recuou. Mas seguem as dúvidas sobre o tamanho da safra e o calor e tempo seco voltam a trazer temores.
O mercado brasileiro acompanhou as recentes perdas externas. Barabach coloca que o produtor segue na defensiva, diante da baixa disponibilidade física. “A demanda também diminuiu, com os exportadores cobrindo posições em aberto e a indústria doméstica buscando alongar os estoques até a chegada da safra nova. O fato é que, mesmo com a queda atual, o café arábica ainda sustenta ganhos de 148% em comparação ao início de 2024”, aponta.
No balanço de fevereiro, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, com 15% de catação, caiu 3,5%, passando de R$ 2.560,00 para R$ 2.470,00 a saca na base de compra.
Já o conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, em fevereiro, caiu 5,3%, passando de R$ 2.085,00 para R$ 1.975,00 a saca. Barabach lembra que, mesmo com essa queda, ainda sustenta uma valorização de 159% em comparação ao início do ano de 2024, quando era negociado a R$ 760 a saca. “Apesar disso, o conilon ainda está R$ 500 a saca mais barato que o arábica, o que justifica a mudança no blend e a inclinação da indústria de torrado e moído doméstica em direção ao canéfora (conilon + robusta)”, conclui.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência Safras News
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