Porto Alegre, 21 de fevereiro de 2025 – O mercado do feijão carioca teve uma semana de baixa liquidez, demanda seletiva e preços firmes para lotes de melhor qualidade. Conforme o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a oferta de feijão extra (nota 9,5) foi escassa, sem lotes disponíveis para embarque, enquanto o feijão extra (nota 9) foi negociado a R$ 245,00/sc.
Já o feijão nota 8,5 encontrou dificuldades de escoamento, com tentativas de venda a R$ 220,00/sc, mas sem negócios fechados. O maior interesse concentrou-se no feijão padrão 8, vendido a R$ 170,00/sc, especialmente da variedade Sabiá.
“A concorrência entre corretores e agentes de outros estados aumentou a pressão sobre os preços, dificultando negociações para lotes de qualidade inferior. Estoques limitados de feijão extra mantiveram a demanda firme e sustentaram os preços. No pós-pregão, houve redução nas sobras da madrugada seguinte, enquanto parte dos corretores buscou transações fora da Bolsa do Brás, reduzindo a oferta no pregão”, relatou Oliveira.
O analista também apontou que a colheita da primeira safra 2024/25 está quase concluída no Paraná, restando apenas áreas pontuais. Nacionalmente, mais de 50% da área já foi colhida, o que pode fragmentar a oferta e favorecer um avanço gradual nas cotações.
Os preços permaneceram firmes nas regiões produtoras: Minas Gerais registrou valores entre R$ 210 e R$ 220/sc FOB, enquanto em São Paulo, lotes acima de nota 9 foram cotados entre R$ 230 e R$ 235/sc FOB. No varejo, feijões comerciais seguem próximos de R$ 6,00/kg, enquanto marcas premium operam acima de R$ 7,00/kg. Para março, a expectativa é de estabilidade, com ajustes graduais até abril conforme a reposição do varejo e a dinâmica da oferta.
Feijão preto
Já o mercado do feijão preto segue travado, com ampla oferta de produto comercial e escassez de feijão nobre. Apesar dos preços atrativos no varejo sustentarem a demanda, o desalinhamento ao longo da cadeia pressiona as margens da indústria e dificulta ajustes.
De acordo com Oliveira, produtores pedem acima de R$ 200,00/sc FOB Paraná, enquanto compradores ofertam até R$ 180,00/sc, gerando impasse. Lotes preparados em sacaria de 30 kg a granel têm pedidos de R$ 230,00/sc, mas vendas são limitadas na Zona Cerealista de São Paulo. O feijão preto extra maquinado mantém indicações nominais de R$ 230,00/sc CIF São Paulo, sem grandes variações.
“No varejo, atacadistas seguem recebendo feijões comerciais de empacotadores nacionais, mantendo preços entre R$ 5,00 e R$ 6,00/kg e favorecendo o consumo, mas sem recuperação consistente na origem”, afirmou.
A desvalorização do câmbio ainda não impactou as importações, favorecendo o mercado interno frente à concorrência argentina. Feijões nobres seguem entre R$ 190,00 e R$ 210,00/sc FOB Paraná e até R$ 220,00/sc FOB São Paulo, enquanto os comerciais permanecem abaixo de R$ 180,00/sc. Em Santa Catarina, os preços variam entre R$ 180 e R$ 190/sc FOB.
No campo, a colheita da segunda safra 2024/25 cobre menos de 1% da área prevista, enquanto o plantio atinge 71% (ante 51% na semana anterior). Com 96% das lavouras em boas condições e 74% na fase vegetativa, a expectativa é de alta nos preços nas próximas semanas, especialmente para o grão nobre.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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