Porto Alegre, 22 de novembro de 2024 – Os preços do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) voltaram a atingir patamares históricos de alta na semana. As cotações bateram nos níveis mais altos em 13 anos e se aproximaram da importante linha técnica e psicológica de US$ 3,00 a libra-peso.
O consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, destaca que a referência de preço já ultrapassou amplamente o patamar alcançado com a geada de 2021 no Brasil. Essa alta, segundo Barabach, é impulsionada por um cenário técnico favorável e fundamentos positivos, o que acabou recolocando a bebida próximo do nível histórico de 300 centavos, registrado pela última vez durante o “boom das commodities”, quando a economia global se recuperava da crise de 2008.
“Outra alta desta magnitude aconteceu após a forte geada de 1994 no Brasil. No entanto, ao contrário de outros períodos de forte valorização, por conta da redução na produção, a alta de 2024 ocorre em meio a um fluxo internacional intenso, com embarques recordes no Brasil e crescimento nas exportações mundiais”, pondera o consultor. Observa que esse movimento é sustentado pela expectativa de escassez e pela necessidade de recomposição dos estoques da indústria global.
A próxima safra de café do Brasil continua no radar do mercado, avalia Barabach. “O fato é que, mesmo após o retorno das chuvas e das floradas vistosas no Brasil, o preço do café continua muito valorizado. Os operadores parecem não acreditar que as floradas vão se desenvolver (vingar) plenamente, mantendo uma postura cautelosa e adotando um tom pessimista quanto ao potencial da próxima safra brasileira”, indica. Há indicações, inclusive, que a produção de café arábica no Brasil poderá ser menor que a atual em 2025, o que reforça esse comportamento, ajudando a sustentar as cotações.
Além disso, coloca o consultor de Safras, o mercado enfrenta uma dose considerável de incerteza financeira, motivado em parte por temores geopolíticos, o que acaba se refletindo especialmente no alto volume de posições compradas mantidas pelos fundos no mercado de futuros de café na bolsa de NY. “A falta de clareza em relação à próxima safra brasileira, somada à incerteza financeira ligada ao potencial agravamento das tensões comerciais com a China e a Europa, adiciona mais uma variável ao cenário, justificando a manutenção da proteção”, afirma.
Para Barabach, o mercado ainda tem fôlego para mais ganhos, mas começa a dar sinais de que perdeu um pouco a conexão com os fundamentos, mantendo o embalo de alta sustentado muito mais pelo desafio técnico, o que o torna mais vulnerável a correções.
Um dos destaques da semana foi a revisão do adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) da safra brasileira de café 2024/25. O adido do USDA reduziu sua estimativa para a safra 2024/25 para 66,4 milhões de sacas de 60 quilos, queda de 5,8% em relação à previsão anterior, de seis meses atrás (69,9 milhões de sacas). Com o ajuste, a estimativa do USDA se aproxima mais da previsão de Safras & Mercado, que aponta para uma produção de 66,04 milhões de sacas.
A revisão baseia-se em padrões climáticos irregulares que afetaram negativamente o desenvolvimento especialmente das árvores de café arábica. Mesmo assim, a produção de café do ano 2024/25 do Brasil ainda está projetada para ficar um pouco acima das 66,3 milhões de sacas estimadas para o ano 2023/24.
Para 2024/25, a produção de café arábica deverá atingir 45,4 milhões de sacas, um aumento de 1,1% em relação à temporada anterior, estimada em 44,9 milhões de sacas. A produção de Robusta/conilon está projetada em 21 milhões de sacas, quase 2% inferior as 21,4 milhões de sacas projetados para a safra 2023/24. Essa diminuição se deve às condições climáticas adversas durante o desenvolvimento das flores e frutos.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Safras News
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