8ª Safras Agri Week: Resumo do que marcou o 1º dia

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No último dia 2 de outubro de 2024, teve início o 8º Safras Agri Week de Safras & Mercado, um dos eventos mais relevantes do agronegócio brasileiro. A edição de 2024 destacou a interatividade, com o público participando ativamente via YouTube, enviando perguntas e comentários durante os painéis.


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Cenário Macroeconômico e Impactos no Agro

O primeiro painel do 8º Safras Agri Week trouxe um panorama do cenário macroeconômico, com foco nos impactos para o agronegócio. Participaram do debate o gestor Raphael Juan, e o analista político e econômico do Canal Rural, Miguel Daoud. Raphael iniciou destacando o cenário desafiador de juros e câmbio no Brasil, citando a elevação recente das taxas e a preocupação com a política fiscal. Ele explicou:

“Após a ata do Banco Central, tivemos que revisar nossas projeções. Agora, esperamos um aumento de meio ponto percentual nos juros em novembro e outro em dezembro, encerrando o ano com a taxa Selic a 11,75%” – ressaltou Raphael Juan, frisando que, se o cenário fiscal não for endereçado, o impacto no câmbio será ainda maior.

Miguel Daoud complementou, destacando as incertezas políticas e fiscais que afetam diretamente o agronegócio:

“O problema não é a dívida em si, mas os juros altos que o Brasil precisa pagar. Estamos comprometendo 47% da arrecadação com rolagem e pagamento de juros, o que deixa o orçamento para investimentos extremamente limitado” – afirmou Daoud. Esse contexto trouxe à tona um debate profundo sobre os desafios que o setor enfrentará nos próximos meses, com destaque para a crescente preocupação com os juros globais e seus efeitos no câmbio e na atividade econômica brasileira.

Mercados de Grãos e Fertilizantes

O segundo painel do dia abordou o mercado de grãos e fertilizantes, com análises dos especialistas Evandro Oliveira, Élcio Bento e Maísa Romanello, de Safras & Mercado.

Evandro Oliveira, especialista do mercado de arroz, foi o primeiro a falar sobre o mercado de arroz, comentando a lentidão nas negociações, especialmente no Sul do Brasil, onde os preços oscilam entre R$120 e R$122 por saca. Ele destacou:

“O mercado de arroz está lateralizado, com dificuldades de alinhamento entre produtores e indústrias, e uma forte resistência dos varejistas em repassar os custos ao consumidor” – afirmou Evandro.

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Na sequência, Élcio Bento, especialista do mercado de trigo, destacando a recuperação dos preços no cenário internacional, mas apontando para incertezas na produção interna. Ele comentou:

“O Brasil enfrenta um cenário desafiador, com quebras significativas na safra de trigo, especialmente no Paraná, devido a geadas e condições climáticas adversas, o que pode pressionar ainda mais os preços no curto prazo.”

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Maísa Romanello, especialista em fertilizantes, trouxe uma visão detalhada sobre o cenário global e os impactos da demanda indiana e das restrições chinesas na oferta de produtos como ureia e fosfato. Ela destacou:

“A Índia tem sido um player essencial para a precificação dos fertilizantes, especialmente para a ureia e os fosfatados, enquanto a China está limitando suas exportações de MAP, o que mantém os preços altos e gera dificuldades para o Brasil” – explicou Maísa, alertando para o impacto dessa restrição nas importações brasileiras.

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Soja e Derivados

Ainda no primeiro dia do 8º Safras Agri Week, o evento trouxe discussões sobre o mercado de soja e derivados, com participações de Luiz Fernando Gutierrez, Gabriel Viana e Rafael Silveira, especialistas de Safras & Mercado. Os especialistas destacaram o atraso no plantio da soja devido à seca em importantes estados produtores como Mato Grosso e Goiás.

Luiz Fernando Gutierrez chamou a atenção para o impacto desse atraso no mercado, embora tenha minimizado as chances de redução imediata na produção:

“O atraso no plantio não significa, de imediato, que teremos perdas na produção. O Brasil ainda tem uma janela favorável, mas se as chuvas não regularizarem, isso poderá sim afetar a safra e pressionar os preços” – explicou.

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Já sobre os derivados, Gabriel Viana abordou o cenário do óleo e farelo de soja, destacando as dificuldades enfrentadas pelas indústrias esmagadoras: “A demanda por óleo de soja continua alta, principalmente por parte do setor de biodiesel, o que tem pressionado os preços e limitado a oferta no mercado interno” – disse Gabriel, ressaltando que a escassez pode continuar até o início de 2025.

Mercado de Biodiesel

O painel final do primeiro dia foi dedicado ao mercado de biodiesel, onde os especialistas discutiram as novas regulamentações e o impacto do aumento do mandato de mistura para o B15, que entrará em vigor em 2025. A mudança poderá aumentar significativamente a demanda por óleo de soja, mas também trará desafios logísticos e de oferta:

“Com a elevação para B15, estamos falando de um aumento considerável na demanda interna por óleo de soja. Isso requer uma coordenação eficiente entre a produção agrícola e a capacidade das indústrias de biodiesel” – apontaram os analistas, ressaltando a importância de ajustes na cadeia produtiva.

Assim, o primeiro dia do 8º Safras Agri Week trouxe uma série de análises aprofundadas sobre os desafios macroeconômicos e as tendências do agronegócio, com um olhar atento sobre o mercado de grãos, fertilizantes, soja e biodiesel, além dos impactos das variáveis econômicas globais e climáticas.

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