Porto Alegre, 8 de novembro de 2024 – O mercado brasileiro de feijão iniciou a semana com movimentação dentro da normalidade e boa aceitação dos grãos de alta qualidade. Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, os feijões extra, nota de cor 9, foram facilmente vendidos a R$ 270,00 por saca, enquanto os lotes nota 9,5, com escurecimento lento, alcançaram R$ 290,00, destacando a demanda por produtos superiores.
“O mercado de feijões de qualidade comercial permaneceu fraco, com poucas transações e compradores cautelosos focados em produtos de maior qualidade”, afirmou.
De acordo com Oliveira, a expectativa de chuvas em São Paulo influenciou as negociações devido ao temor de impactos negativos nas colheitas, como manchas e brotamento dos grãos. Mais de 10% da área estimada em São Paulo já foi colhida, mas o produto ainda não chegou de forma significativa ao mercado, limitando a liquidez. Minas Gerais e Goiás registraram leve alta na demanda, com compradores buscando alternativas devido à indisponibilidade momentânea em São Paulo.
Na metade da semana, conforme o analista, o interesse por feijões de escurecimento lento seguiu forte, com preços estáveis. O mercado enfrentou desafios logísticos, especialmente no beneficiamento de feijões com baixa umidade, que tendem a se quebrar durante o processamento, causando perdas para produtores e empacotadores e dificultando a reposição de estoques de qualidade adequada. No fim da semana, a demanda continuou lenta, com compradores mantendo postura cautelosa e focada em feijões de alta qualidade.
“O mercado segue bem abastecido com produtos de padrão superior, mas a baixa oferta de feijões comerciais limitou novas aquisições. A previsão de melhora climática em São Paulo nas próximas semanas deve facilitar a retomada das colheitas, embora as lavouras já afetadas pelas chuvas possam apresentar risco de perda de qualidade, impactando o mercado a curto prazo”, relatou.
Feijão preto
Já o mercado do feijão preto iniciou a semana mais travado, com os compradores fazendo ofertas entre R$ 240,00 e R$ 260,00, mas as pedidas seguiam em torno de R$ 290,00 por saca para o produto nacional. O feijão importado da Argentina está acima de R$ 300,00 por saca, mas as vendas estão paralisadas devido aos preços altos. A demanda está fraca, e a nova safra do Sul pressiona os preços. As cotações variam entre R$ 320,00 e R$ 330,00 para feijão de boa qualidade e entre R$ 240,00 e R$ 270,00 para o de qualidade inferior. Em São Paulo, a diferença entre oferta e demanda dificulta as negociações.
Nos estados do Paraná e Mato Grosso, os preços estão estáveis entre R$ 250,00 e R$ 270,00. A queda nos preços do feijão preto tem ajustado a diferença em relação ao feijão carioca, e espera-se uma recuperação nas vendas no final do ano.
Exportações
As exportações brasileiras totais de feijão na temporada comercial 2024/25 alcançaram aproximadamente 216,16 mil toneladas entre janeiro e agosto. Este volume representa mais que o dobro das 92,74 mil toneladas exportadas no mesmo período da temporada anterior, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC)
O crescimento das exportações de feijão aconteceu em um cenário em que o mercado interno segue enfraquecido, com o consumo doméstico em queda. Segundo o analista, para os produtores brasileiros, as vendas externas têm se mostrado uma alternativa estratégica, assegurando liquidez e ampliando as possibilidades de comercialização, especialmente em um contexto de demanda interna restrita.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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