Queda do otimismo e prostração do mercado de feijão muda atenção dos agentes de volta para o campo

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Porto Alegre, 11 de outubro de 2024 – Poucas transações de feijão carioca foram registradas no início da semana no mercado devido à baixa demanda e à qualidade ruim dos grãos. Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado, a escassez de grãos com boa umidade, causada por seca e queimadas, resultou em lotes com produtos ressecados e defeituosos, o que pressiona os preços.

“As negociações, quando ocorrem, são de lotes comerciais fracos, com algumas transações envolvendo feijões de padrão inferior. Em Minas Gerais, negócios pontuais com feijão de melhor qualidade foram registrados em torno de R$ 230,00 por saca, mas de modo geral, as vendas são restritas”, explicou.

De acordo com Oliveira, as vendas no varejo estão em forte retração, com um aumento de 0,59% no preço médio entre agosto e setembro de 2024 e de 4,89% no acumulado de 12 meses. A primeira safra de 2024/25, prevista para dezembro, deverá aumentar a pressão sobre o mercado. O Paraná, por exemplo, já plantou 74% da área, com previsão de alta de 66% na produção, enquanto a demanda continua fraca.

“Corretores, em um esforço para evitar custos de armazenamento, vêm concedendo descontos significativos, na faixa de R$ 5,00 a R$ 10,00 por saca, sem grande resposta dos compradores, que continuam cautelosos e adiando compras. Outro fator agravante é o comportamento das redes varejistas e atacadistas, que relataram uma retração sem precedentes nas vendas, indicando que o consumo no varejo segue extremamente fraco”, relatou.

Feijão preto

Já o feijão preto, conforme Oliveira, começou a semana com pouca movimentação devido à baixa demanda. Os preços estão estáveis: R$ 370,00/saca para o nacional e R$ 390,00/saca para o importado da Argentina.

“As negociações são esporádicas, com compradores adquirindo apenas o necessário e sem comprometimento em novas compras”, afirmou.

De acordo com o analista, no Rio Grande do Sul, o clima tem favorecido o plantio, mas há preocupação com doenças nas lavouras devido à umidade excessiva e baixas temperaturas. No Paraná, maior produtor, o plantio da primeira safra de 2024/25 já atingiu 60% da área, com lavouras em boas condições. A produção nacional de feijão preto pode superar 220 mil toneladas, o que, aliado à demanda fraca, deve pressionar os preços no início de 2025.

“O cenário macroeconômico afeta a liquidez, com vendas lentas mesmo na Zona Cerealista de São Paulo, onde a oferta é limitada. Espera-se que esse quadro continue, com compradores adiando decisões e poucos negócios sendo fechados”, concluiu.

Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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