Com cotações pressionadas, reação do consumo será decisiva para o mercado de feijão

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Imagem de Ariel Núñez Guzmán por Pixabay

Porto Alegre, 4 de outubro de 2024 – O mercado de feijão carioca teve uma semana lenta, com baixa demanda no varejo, apesar do abastecimento contínuo das regiões produtoras. Segundo o analista e consulto de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, o movimento aumentou a competitividade entre os vendedores e manteve as cotações estáveis.

“Na segunda-feira, houve uma leve redução nas ofertas devido a vendas pontuais, mas a qualidade dos lotes foi um problema, com baixa umidade gerando dificuldades de comercialização. Feijões comerciais (nota 8) foram vendidos a R$ 205,00 por saca, enquanto o padrão extra chegou a R$ 275,00”, relatou.

Já nas regiões produtoras, conforme o analista, os agricultores mais capitalizados têm retido lotes menores, esperando uma recuperação nos preços. Na terça-feira, houve uma correção nos preços do feijão nota 9,5, com quedas de R$ 5,00 a R$ 10,00 por saca, sinalizando que o mercado permanece em espera.

“A expectativa é que a alta nos preços do grão preto possa favorecer o carioca, com consumidores migrando para essa alternativa, sustentando preços mais elevados nas próximas semanas”, estimou.

Feijão preto

De acordo com Oliveira, o mercado de feijão preto teve novamente pressão negativa, com compradores mais otimistas devido aos preços favoráveis. Na Zona Cerealista de São Paulo, os preços caíram abaixo de R$ 400,00 por saca, refletindo o aumento nas ofertas.

“Corretores do Paraná começaram a sondar o mercado, mas as cotações nas regiões produtoras permanecem relativamente estáveis, com produtores mantendo preços elevados apesar da queda na demanda”, afirmou.

Segundo o analista, a demanda enfraquecida foi o principal fator de pressão sobre os preços. O feijão preto nacional de melhor qualidade foi vendido a R$ 390,00 por saca, enquanto o importado da Argentina ficou em torno de R$ 400,00. Lotes comerciais variaram entre R$ 350,00 e R$ 360,00 por saca. Mesmo com o aumento das ofertas, a baixa demanda forçou os vendedores a ajustarem os preços.

Apesar da escassez de produto, os preços tiveram que ser ajustados para manter o fluxo de vendas. No comércio exterior, o Brasil exportou 179,6 mil toneladas de feijão preto, gerando US$ 167,1 milhões, enquanto importou apenas 27,1 mil toneladas. O preço médio de exportação foi de US$ 832,18 por tonelada, e o de importação atingiu US$ 890,66 por tonelada.

No Paraná, o plantio da primeira safra 2024/25 avançou, com 55% da área semeada e 94% das lavouras em boas condições. “As expectativas para o último trimestre de 2024 indicam uma leve recuperação do mercado, impulsionada pela retomada das compras dos consumidores, o que pode melhorar o fluxo no varejo e elevar gradualmente os preços”, completou Oliveira.

Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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