Petróleo cai quase 5% com sinalização de acordo em disputa na Líbia

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    São Paulo, 3 de setembro de 2024 – Os preços dos contratos futuros do petróleo fecharam em queda de quase 5% na terça-feira, atingindo seus níveis mais baixos em quase nove meses, devido a sinais de um acordo para resolver uma disputa que paralisou a produção e exportação da Líbia.

    Os órgãos legislativos da Líbia concordaram em nomear um novo governador do banco central dentro de 30 dias após conversas patrocinadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), segundo um comunicado assinado por representantes desses órgãos na terça-feira.

    As exportações de petróleo da Líbia em portos importantes foram interrompidas na segunda-feira e a produção foi reduzida em todo o país, disseram seis engenheiros à agência Reuters, continuando um impasse entre facções políticas rivais sobre o controle do banco central e a receita do petróleo.

    A especulação sobre um acordo está desencadeando quedas por impulso”, disse Ole Hansen, analista do Saxo Bank.

    A produção total caiu para pouco mais de 591.000 barris por dia (bpd) em 28 de agosto, de quase 959.000 bpd em 26 de agosto, disse a NOC (estatal de petróleo da Líbia). A produção era de cerca de 1,28 milhão de bpd em 20 de julho, segundo a empresa.

    Antes da notícia de que mais oferta líbia poderia retornar ao mercado, os preços haviam caído pela crença de que a demanda estava sendo prejudicada devido ao crescimento econômico lento na China, o maior importador de petróleo bruto do mundo.

    “O PMI do setor industrial da China mais fraco do que o esperado provavelmente exacerbou as preocupações sobre o desempenho da economia chinesa”, disse Charalampos Pissouros, analista sênior de investimentos da corretora XM.

    A China relatou na segunda-feira que novos pedidos de exportação caíram pela primeira vez em oito meses em julho e que os preços das novas casas subiram em agosto no ritmo mais fraco deste ano.

    As esperanças de que os Estados Unidos impulsionassem os preços para novas máximas em 2024 neste verão também não se concretizaram, disse Fawad Razaqzada, analista de mercado da Forex.

    “O fato de que dados recentes não mostram sinais de qualquer aceleração na demanda de importação na China, Europa ou América do Norte aponta para uma situação em que o mercado de petróleo não será tão apertado quanto se esperava há alguns meses”, disse Razaqzada.

    Parte da oferta deve retornar ao mercado, pois oito membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus Aliados (Opep+), estão programados para aumentar a produção em 180.000 bpd em outubro. O plano provavelmente seguirá adiante, independentemente das preocupações com a demanda, disseram fontes da indústria à agência Reuters.

    As interrupções no fluxo de suprimentos do Oriente Médio após dois petroleiros terem sido atacados na segunda-feira no Mar Vermelho não foram suficientes para sustentar os preços. Os petroleiros não sofreram danos significativos.

    O preço do contrato do petróleo WTI negociado na Nymex com entrega para outubro caiu 4,41%, cotado a US$ 70,34 o barril. Já o preço do contrato do Brent negociado na plataforma ICE, com entrega para novembro caiu 4,88%, cotado a US$ 73,75 o barril.

Erika Kamikava / Safras News

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