Agosto foi de pouca atividade no mercado de trigo; Safras corta produção brasileira

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Porto Alegre 30 de agosto de 2024 – O mercado brasileiro de trigo seguiu pouco ativo nesta semana, como observado ao longo de todo o mês de agosto. Segundo o analista de Safras & Mercado, os agentes absorvem os impactos que um recuo expressivo da produção paranaense terá sobre o abastecimento.

No Paraná, os últimos negócios reportados ficam entre R$ 1.380 e R$ 1.400 a tonelada. No Rio Grande do Sul, as indicações de safra velha seguem ao redor de R$ 1.300/tonelada. Para a safra nova (trigo com PH 78) indicado a R$ 1.280 a tonelada sobre rodas em Rio Grande/RS, com entrega entre novembro e dezembro de 2024 e pagamento no final de janeiro/2025. No FOB interior as indicações ficam entre R$ 1.150 e R$ 1.200 a tonelada (dependendo do local de embarque), com embarque em outubro/2024 e pagamento em 40 dias.

Estimativa de Safras & Mercado

O Brasil deve colher 8,133 milhões de toneladas de trigo em 2024. A estimativa de Safras & Mercado divulgada ontem é inferior às 8,855 milhões de toneladas esperadas anteriormente para a temporada 24/25 e fica 4,3% abaixo das 8,5 milhões de toneladas do ano passado.

A queda na produção é puxada pela quebra na safra do Paraná, que deve somar 2,688 milhões de toneladas, contra 3,6 milhões esperadas anteriormente, e 3,65 milhões em 2023. A produtividade no estado deve ficar em 2.337 quilos por hectare, uma queda de 10,4% em relação ao ano anterior. A área semeada foi de 1,15 milhão de hectares.

O Rio Grande do Sul deve ser o principal produtor na temporada, com 4 milhões de toneladas ao longo de 1,28 milhão de hectares. Assim, a produtividade é estimada em 3.125 quilos por hectare, 43,8% acima do ano passado, quando o estado teve uma quebra expressiva.

Análise do especialista

Segundo o analista Elcio Bento, as adversidades climáticas levarão a uma quebra de safra no Brasil pelo terceiro ano consecutivo. “Após duas safras em que o excesso de chuva na colheita resultou em perdas, principalmente na qualidade, a safra atual está sendo prejudicada pela escassez hídrica e por geadas”, disse.

Até o momento, menos de 10% das lavouras brasileiras foram colhidas. “Com grande parte dos grãos ainda no campo, novas perdas não podem ser descartadas”, alertou.

Paraná

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Paraná, a estimativa de safra de trigo aponta para uma produção de 3,143 milhões de toneladas, uma redução de 14% ao obtido em 2023 (3,6 milhões) e de 17% em relação ao potencial nesta safra (3,8 milhões). A seca tem sido o maior problema no Norte do Paraná, onde se concentram as lavouras colhidas até o momento.

A área somou 1,155 milhão de hectares, 18% abaixo dos 1,416 milhão do ano passado.

A produtividade média obtida nos pouco mais de 70 mil hectares já colhidos no estado é menor que 2.000 kg/ha e muitas lavouras ainda devem ser colhidas em situação semelhante nas próximas semanas, visto que mais de um quarto das lavouras restantes está em situação ruim.

Apesar da seca ser o principal problema, as geadas também impactaram o número, mas estes danos ainda geram maior dúvida quanto a sua extensão, especialmente os do início desta semana quando a geada foi concomitante ao levantamento de safra. Na atualização de setembro estes números serão mais precisos, dada a evolução da colheita nas áreas afetadas. Por enquanto, o rendimento médio é projetado em 2.765 kg/ha, contra 2.583 kg/há em 2023.

Rio Grande do Sul

As chuvas, ocorridas nos dias 22 e 23 no Rio Grande do Sul proporcionaram a reposição de umidade no solo e beneficiaram o desenvolvimento do trigo. Além disso, a ocorrência viabilizou a aplicação de adubação nitrogenada em cobertura. No entanto, a massa de ar frio subsequente, especialmente a partir do dia 25, causou a formação de geadas de intensidade variável. A avaliação inicial indica que a maioria das lavouras não sofreu prejuízos, exceto em algumas áreas de baixada, onde a intensidade das geadas foi maior e as plantas estavam em estágios reprodutivos. Uma análise mais detalhada de possíveis perdas será realizada, durante a próxima semana, por meio de vistorias técnicas.

Apesar das geadas, o aspecto geral do trigo no estado é considerado satisfatório, e as perspectivas de produtividade permanecem favoráveis, desde que se mantenham os períodos de tempo firme alternados com chuvas regulares. A área cultivada, conforme dados da Emater/RS-Ascar, é de 1.312.488 hectares, e a produtividade prevista está em 3.100 kg/ha.

Argentina

O desenvolvimento das lavouras de trigo é mais lento na Argentina devido às baixas temperaturas. Apesar disso, as condições das lavouras são boas, especialmente nas que receberam precipitações nas últimas semanas. Há previsão de chuvas nos próximos dias, o que pode beneficiar as plantas.

A área é estimada em 6,3 milhões de hectares. No ano passado, foram plantados 5,9 milhões de hectares.

    As lavouras se dividem entre boas condições (44%), médias (40%) e ruins (16%). Na semana passada, eram 39% boas. Em igual momento do ano passado, 19% boas. Atualmente, 51% estão em déficit hídrico, contra 52% na semana passada e 36% um ano atrás.

Gabriel Nascimento / Safras News

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