Escalada nos preços do feijão preto pode reaquecer demanda pelo carioca

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Porto Alegre, 23 de agosto de 2024 – O mercado de feijão carioca teve uma semana de negociação travada, com a ponta vendedora mantendo uma postura firme. Segundo o analista e consultor da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, no início, o movimento dos compradores foi considerado normal, mas a pressão dos vendedores aumentou devido às margens negativas e à insatisfação com os preços oferecidos.

“Muitos produtores se afastaram das negociações, adotando uma estratégia de controle rigoroso da oferta para tentar sustentar os preços em um cenário de demanda fraca”, relatou.

Oliveira destacou que, apesar do otimismo cauteloso sobre um agosto mais favorável no varejo, após um julho enfraquecido, o mercado deve continuar lento. A expectativa é de que a demanda reprimida possa trazer algum alívio, mas o comportamento cauteloso dos compradores e o controle da oferta pelos vendedores sugerem poucas mudanças significativas no curto prazo.

Na metade da semana, surgiram rumores sobre a comercialização de feijão extra 9,5 da cultivar Dama no mercado atacadista de São Paulo, com preços variando entre R$ 255,00 e R$ 260,00 por saca. No entanto, perto do final da semana, apenas dois tipos de feijão estavam disponíveis, ambos sem negociações concluídas. As regiões produtoras permanecem pressionadas por reajustes, mas o mercado já mostrava sinais de esgotamento antes da sexta-feira, com negócios escassos e preços nominais.

De acordo com o analista, a demanda por grãos classificados com notas 8 e 8,5 aumentou, com compradores oferecendo entre R$ 210,00 e R$ 220,00 por saca posto em São Paulo. No entanto, esses preços têm se mostrado pouco atrativos para os corretores, dificultando a conciliação das negociações entre as lavouras e o atacado paulista. Muitos compradores, sem necessidade imediata de novas aquisições, preferem aguardar possíveis ajustes.

Durante a semana, as ofertas de feijão carioca vieram principalmente dos estados de Minas Gerais, Goiás e Paraná, refletindo a diversidade regional, mas também os desafios enfrentados por produtores em todo o país.

Feijão preto

Já o mercado de feijão preto teve uma semana marcada por firmeza nas cotações e um ambiente de negociações cauteloso, conforme relatado por Oliveira. O grão preto importado da Argentina estava sendo oferecido por cerca de R$ 350,00 por saca, mas não houve vendas, pois os compradores resistiram a pagar mais de R$ 340,00. No mercado interno, negócios foram fechados com feijão preto comercial em torno de R$ 300,00 por saca, enquanto um lote de boa qualidade foi negociado a aproximadamente R$ 325,00 por saca. Com os estoques relativamente bem abastecidos, os empacotadores mostraram menos disposição em pressionar por novas altas, mantendo o mercado em um estado de cautela.

Conforme a semana avançou, a firmeza nas cotações dos corretores continuou, com valores entre R$ 340,00 e R$ 350,00 por saca, resistindo a qualquer negociação por preços inferiores. A escassez de ofertas de feijão preto, tanto nacional quanto importado, levou os corretores a considerar cotações ainda mais altas, com indicações já chegando a R$ 370,00 por saca na metade da semana. A falta de oferta não se restringe apenas aos grãos de qualidade superior; mesmo feijões de qualidade inferior têm sido negociados por até R$ 330,00 por saca.

“As ofertas no mercado são predominantemente de produto nacional, uma vez que as condições de importação não são atrativas. Na fronteira argentina, as cotações giram em torno de US$ 1.100 por tonelada FOB, o que, quando transportado para São Paulo, eleva o preço para mais de R$ 350,00 por saca”, explicou o consultor.

Para Oliveira, os estoques reduzidos, a entressafra e o menor ingresso de produto importado têm sustentado a tendência de alta para o feijão preto. No entanto, a situação dos preços do feijão carioca, que estão abaixo dos custos de produção, pode impactar a demanda pelo feijão preto, limitando o ritmo de alta das cotações.

Perto do final da semana, algumas transações na capital paulista registraram preços de até R$ 350,00 por saca, enquanto as ofertas de feijão preto argentino no atacado paulista já alcançaram a faixa de R$ 360,00 por saca. No Sul, fontes indicam que os preços saltaram para mais de R$ 310,00 por saca, com dificuldades em acessar ofertas nessas regiões de produção.

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Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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