Porto Alegre, 16 de agosto de 2024 – A semana foi de extrema agitação e volatilidade para os preços do café nas bolsas de futuros pelo mundo e no mercado brasileiro. A palavra “geada” sempre causa furor para o café, e ela voltou a aparecer. No domingo (11/08), geadas de leve intensidade e frio intenso atingiram o cinturão cafeeiro do Brasil. Houve registros mais marcantes no cerro mineiro e na mogiana paulista, mas também no sul de Minas Gerais.
Assim, as bolsas inicialmente dispararam na segunda-feira, tanto para o arábica em Nova Yorque quanto para o robusta em Londres. Em NY, que baliza a comercialização global, o contrato dezembro bateu na segunda-feira (12) em 246,40 centavos de dólar por libra-peso, chegando no topo do dia a uma alta de 7%. Naturalmente, houve grande preocupação com uma quebra da safra brasileira de 2025 em função dessas geadas.
Porém, as informações foram chegando, ainda preliminares, mostrando que a geada foi branda e que provavelmente não teria maiores efeitos sobre a produção. E o mercado reduziu já bastante os ganhos na segunda, em NY. Na terça-feira, 13, a bolsa de NY despencou, com dezembro chegando a mínima no dia em 228,30 centavos, com correção da alta anterior e com esse sentimento de alívio em torno de perdas com geadas.
Importante destacar que os relatos mostram, sim, preocupações com a safra de 2025. Não é apenas a geada, o frio intenso pode prejudicar a safra futura. Mas isso só deve ser melhor observado após as floradas. E a maior preocupação, unânime, em áreas como o sul de Minas Gerais, é com a falta de chuvas muito prolongada, com déficit hídrico podendo afetar o potencial produtivo em 2025. Isso está forte no radar das bolsas.
Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, além dessas questões climáticas, as flutuações no preço do petróleo e as variações no dólar, especialmente frente ao real, também influenciam o sobe e desce do café na bolsa, tanto em NY como para o robusta em Londres, colaborando com volatilidade no mercado.
Nesta quinta-feira (15/08), NY voltou a subir e fechou para dezembro em 238,05 centavos. Em Londres, o robusta esteve na mesma linha de NY, e avançou até mais nesta quinta-feira, 2%, fechando a US$ 4.378 a tonelada para novembro. Barabach comenta que, atualmente, a cotação do café mostra sinais de exaustão de alta e sugere correção de baixa, especialmente para o arábica no terminal de NY, após a bebida ter sido negociada acima de 250 centavos recentemente. “A consolidação de fundamentos de alta, como a menor oferta de robusta globalmente e uma safra brasileira abaixo do esperado, justifica essa acomodação na curva dos preços”, comenta.
Para o consultor, o mercado permanece firme, mas sujeito a ajustes, enquanto aguarda novos dados fundamentais para direcionar os preços. “A expectativa pelo próximo ciclo produtivo no Brasil ganha importância, com o registro das primeiras floradas de conilon no Espírito Santo e a espera do retorno das chuvas em Minas Gerais e as floradas do arábica em setembro e outubro”, destaca.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Safras News
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