Após julho de preços baixos e demanda enfraquecida, mercado de feijão esboça sinais de recuperação

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Porto Alegre, 2 de agosto de 2024 – O mercado brasileiro de feijão carioca iniciou a semana com ofertas predominantemente compostas por sobras da semana anterior. Conforme destaca o analista e consultor da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a demanda por feijões comerciais aumentou durante a madrugada, tornando-se escassos, enquanto a maior parte das ofertas consistia em feijões classificados como extra. Segundo o analista, a queda nos preços das lavouras na última semana impactou o mercado, com o preço máximo das sacas de feijão carioca da cultivar Dama (nota 9,5) sendo de R$ 245,00, e poucos negócios concretizados nesses níveis. Para a cultivar Dama (nota 9), o preço máximo foi de R$ 225,00 por saca, com vendas pontuais.

“A retração na demanda é atribuída a vários fatores. A corrida aos supermercados em maio e junho, impulsionada por uma polêmica em torno do arroz, resultou em estoques elevados de feijão e arroz. Consequentemente, julho registrou vendas fracas. As expectativas agora se voltam para agosto, com a esperança de uma recuperação gradual na demanda”, explica.

De acordo com Oliveira, a terceira safra de feijão, caracterizada por uma oferta de alta qualidade com escurecimento lento, está entrando no mercado, principalmente de regiões como Minas Gerais, Goiás e Bahia. No entanto, o escoamento lento do produto da segunda safra, ainda disponível em grandes quantidades, continua a desafiar o equilíbrio entre oferta e demanda.

O também consultor relata que na metade desta semana, observou-se um movimento inicial de elevação nas pedidas por parte dos corretores durante a madrugada. Porém, os compradores optaram por aguardar diante dos preços mais altos, resultando em negociações não concretizadas. “Os corretores, tentando recuperar prejuízos recentes, adotaram uma postura cautelosa, evitando operar com grandes volumes físicos e limitando suas ofertas. Ofertas destacadas incluíram uma carga de feijão extra da cultivar Dama, com pedida de R$ 260,00 por saca, feijões nota 7,5 com pedida de R$ 185,00 por saca, e feijões nota 8 com pedidas alcançando até R$ 205,00 por saca”, afirma. Nas regiões produtoras, o mercado manteve-se estável e com pouca movimentação.

Após a quarta-feira, o mercado já demonstrava sinais de estagnação, com ofertas consistindo exclusivamente de feijão carioca extra, nota 9,5 EL, com pedida de R$ 10,00 a mais por saca, porém sem concretização de negócios. “Corretores possuíam amostras para embarque oriundas de Minas Gerais, Goiás e Paraná, todas com pedida de R$ 10,00 a mais por saca. Observou-se uma retração dos produtores nas lavouras devido aos valores mais baixos praticados, resultando em um mercado arrastado. Apesar das pedidas elevadas, a ausência de uma reação significativa na demanda colocou os corretores em um cenário desafiador, com falta de contrapropostas por parte dos compradores”, justifica.

Segundo Oliveira, essa estagnação foi perceptível especialmente quando os vendedores começaram a elevar suas pedidas. Compradores relataram dificuldades em fechar negócios por menos de R$ 180,00 por saca para feijões padrão 7,5, enquanto os grãos nota 8, anteriormente ofertados a R$ 190,00 por saca, agora apresentavam pedidas que poderiam chegar a R$ 210,00 por saca, especialmente para a cultivar Dama. A retração dos feijocultores manteve os preços firmes, e corretores ofertaram feijão extra com preços entre R$ 255,00 e R$ 260,00 por saca.

Feijão preto

Já o mercado de feijão preto, Evandro explica que a semana teve rumores sobre uma carga de feijão preto extra sendo negociada na faixa de R$ 280,00 por saca, possivelmente concretizada ao longo do dia. Lotes mais comerciais variaram entre R$ 250,00 e R$ 270,00 por saca, refletindo um mercado em espera, com ajustes de preços devido à falta de liquidez e negociações substanciais.

“Na sequência, apenas uma carga de feijão preto de padrão comercial foi exposta, com preço pedido de R$ 250,00 por saca durante as madrugadas. A ausência de transações significativas destacou a falta de interesse imediato dos compradores, mantendo o mercado estático. Corretores podem escoar ofertas de feijões extra se surgirem demandas específicas, mas a falta de demanda concreta impede a fluidez do mercado”, afirma.

Os preços se mantiveram firmes, variando entre R$ 295,00 e R$ 305,00 por saca. Para grãos comerciais, os valores ficaram entre R$ 230,00 e R$ 250,00 por saca. Embora os compradores saibam onde encontrar essas ofertas, a demanda retraída é um obstáculo. O analista estima que com isso, o mercado começou a mostrar sinais de encerramento da semana, mantendo preços nominais, mas sem maior fluidez nas vendas. A oferta limitada e a falta de interesse dos compradores criam um ambiente de espera, sem movimentações significativas. Corretores e produtores estão cautelosos, esperando uma possível reação na demanda para ajustar estratégias de venda e preços.

No pós-pregão da quinta-feira, apenas lotes pontuais de feijões extra foram comercializados a R$ 295,00 por saca. No Sul do Brasil, ofertas variaram entre R$ 260,00 e R$ 270,00 por saca. “Produtores de feijão preto mostram pouco interesse em vender nesses níveis, preferindo aguardar melhores oportunidades de mercado. Esse comportamento é mais evidente agora, onde surgem sinais de recuperação. A retração dos produtores mantém os preços firmes, indicando uma possível elevação futura, conforme a demanda gradualmente se fortaleça”, completa.

Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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